Noah é calmo, trabalhador e talentoso na cozinha - seu maior sonho é ter um restaurante próprio. Embora pareça transparente, guarda um lado oculto que evita revelar. Any, jovem professora determinada, é admirada por sua força e beleza, mas à noite...
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NOAH URREA
Nada como mais um dia fazendo absolutamente nada. Tecnicamente, nada... mas eu estava na luta. Precisava encontrar outro emprego, com urgência. Enquanto preparava meus ovos mexidos, o jornal da manhã passava na TV. Nenhuma das notícias animava — como sempre — e logo entrava a garota do tempo, dizendo que o céu estaria limpo. Um ótimo dia para sair, certo?
Errado.
Eu saía apenas quando realmente necessário. Meu lema era gastar apenas com o que precisava, pois a rotina de saideiras, algumas festas, idas a bares, eram despendiosas, e, atualmente, acabariam com meu orçamento limitado. Me polia um pouco, era temporário, não achava nada demais ser cauteloso, digamos. E hoje, esperava sair com meu objetivo crucial de ultimamente: para uma entrevista de emprego.
Deixei os ovos no prato e resolvi descer à recepção do prédio para pegar o jornal. Sim, ainda tinha esse costume meio à moda antiga. Tinha uma pilha deles em casa. Procurava vagas nos classificados todos os dias. Até no site L.A. Jobs me cadastrei. Só esperava conseguir algo logo, voltar a trabalhar, pagar minhas contas com tranquilidade... e, quem sabe, retomar minha rotina.
Assim que saí do apartamento, a vi. A morena dos cachos soltos que hoje em dia era minha amiga. Mas nem sempre foi assim entre nós.
Ela estava fechando a porta do apartamento ao lado do meu enquanto as lembranças do nosso primeiro encontro vieram com força total.
[Flashback on]
Naquele dia, eu estava nas nuvens. Genuinamente feliz. Tinha acabado de ser promovido, salário maior, sabem como é. Então decidi finalmente me mudar para um condomínio em Santa Mônica. Queria um espaço maior, mais amplo para mim. E vamos ser honestos: Santa Mônica era perfeita. Perto da praia, com uma vibe tranquila, longe da correria de Hollywood, o que fazia mais meu estilo.
O sol brilhava como se tivesse sido contratado pra me dar boas-vindas. Chamei Alex e Lamar pra ajudarem na mudança. Vieram sorrindo — por cinco minutos, no máximo.
— Cara, você tem pouca coisa, mas parece que botou pedra nessas caixas! — resmungou enquanto eu e Lamar lutávamos com o sofá. — No final do dia, vou estar em cacos.
— Para de frescura, Alex! — Lamar revirou os olhos. — Você não é o atleta profissional aqui?
— Sou, mas não treino pra fazer isso aqui. — rebateu encarando as quatro caixas que ainda restavam como se fossem uma missão impossível.
— Alex, qual é? Ainda te perguntei se teria problema em me ajudar e você topou!
— Eu sei! Mas quando você falou, imaginei meia dúzia de coisas. Não um caminhão inteiro! — retrucou. — Está pior que mudança de mulher!
Eram 10h05 da manhã e ele já estava no modo drama. Mas a verdade era que a gente nunca percebia o quanto de coisas acumulava até precisar empacotar tudo.
