Capítulo Quinze

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NOAH URREA

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NOAH URREA

Oito semanas se passaram. Mas quem está contando? Eu, claro. Dois meses e alguns dias desde que comecei a trabalhar no Hel'as, e a vida está... razoável. Poderia ser melhor, não vou mentir, se esse desentendimento idiota com Any não tivesse se arrastado por exatas oito semanas.

Dois meses de "oi" ou "boa tarde" trocados com frieza, como se fôssemos dois estranhos. Segundo ela, a vida dela está corrida. Quanto a mim, transformei minha rotina em um ciclo monótono de trabalho-casa, casa-trabalho.

Na boate, a sexta-feira seguinte àquela apresentação inesquecível de Gaby, trouxe uma decepção. Ela não tentou mais nada, não tentou me beijar, não tentou sentar em mim, o que me deixou completamente frustrado. Decidi parar de tirar meus intervalos durante suas performances, me poupando das suas torturas.

Ainda assistia aos shows, mas de longe, mantendo uma distância segura. Alex e Lamar, obcecados pela ideia de descobrir quem ela é, sugeriram que eu invadisse o camarim. Resultado? Um olho roxo para Alex, uma bronca épica de Heyoon em mim e, no fim, quem se deu bem foi Lamar. Ele finalmente admitiu estar caidinho por minha chefe e começou a conversar com ela naquele mesmo dia.

Heyoon é durona, até no amor. Não deu muita confiança ao Morris no início, mas, talvez, só talvez, ela também tenha ficado intrigada por ele. Agora, ele só fala de "Heyoon pra cá, Heyoon pra lá". É quase irritante, mas, no fundo, achava graça.

Mais uma manhã, saí para minha corridinha matutina. Adotei o hábito há duas semanas, tentando melhorar minha saúde, mas confesso que nem sempre vou. No fundo, era também uma desculpa para, quem sabe, esbarrar com Any no corredor, no elevador ou em qualquer canto desse prédio. Patético, eu sei. E só talvez, quisesse estar em forma com meu corpo depois daquela fatídica apresentação da Gaby.

"Por que você ainda não falou com a Any, Noah?" — era o que Alex, Lamar e até as meninas viviam me perguntando. Minha resposta era sempre a mesma: "Não sei". E a conversa morria ali. Seguia o fluxo, trabalhando muito, fazendo horas extras que rendiam uma grana a mais.

Era está difícil manter esse apartamento. Havia ficado caro demais para minha renda atual, como falei, e comecei a considerar opções mais humildes, talvez um lugar menor. Ficar meses desempregado me quebrou, e não queria tocar nas minhas economias mais uma vez.

Com a cabeça cheia de pensamentos, passei no mercado, comprei ingredientes que faltavam para o almoço. Ao voltar, entrei no corredor, equilibrando as sacolas enquanto tentando pegar a chave no bolso, percebendo quando esbarrei nela — a cacheada que não via há uma semana.

— Oh. Desculpa, Elly... não te vi. — disse, sentindo o coração acelerar.

— Tudo bem... — ela respondeu visivelmente sem jeito, tambem acabei ficando. — É... oi...

— Oi...

Silêncio.

Ela estava linda em um shortinho jens curto, regata branca curtinha com abertura cabelo preso em um coque despojado, pés descalços. Só então noto a vassoura em sua mão. Ela ia varrer a porta do apartamento.

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