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Helena

Subi pro meu quarto na intenção de fazer algumas coisas, uma delas era desenhar..eu amava! Fechei a porta trás de mim e fui procurar meus materiais nos armários, assim que achei me sentei na mesinha e comecei a fazer o esboço, resolvi desenhar minha mãe.

Fiquei naquilo por uns 30 minutos, viajando e pensando em tudo. Eu sempre fui uma pessoa muito calma, sempre estive em paz mas depois daquele dia que eu resolvi dar corda pra vanessa eu não me sinto mais em paz, não me sinto mais tranquila.. tenho uma sensação ruim o tempo todo. Ultimamente a única coisa que me acalmava um pouco era minha família e as crianças da ong.

Meu celular vibrou e eu vi que era a lauane me ligando por chamada de vídeo, atendi e apoiei ele em algum lugar em cima da mesa.

Lauane: oi amor, tu podia me salvar né? - perguntou me olhando pela câmera e eu olhei pra ela de volta erguendo uma sobrancelha.

Helena: o que que tu quer ô lauane? - disse enquanto ainda desenhava.

Lauane: preciso que tu faça um desenho pra mim. - disse e na mesma hora eu olhei pra ela.

Helena: ah lauane..tu sabe que eu não faço mais desenho pra fora.

Lauane: se tu fazer ganha um dia de princesa comigo e eu ainda pago o desenho. - disse com um sorrisinho no rosto, chantagista. - vai amiga, por favor.. é muito importante.

Helena: que desenho é esse cara? - perguntei pegando meu celular e me deitando na cama.

Lauane: é um presente pro vh, o aniversário dele tá chegando, sabe? aí eu queria dar um presente pra ele. - se ajeitou na câmera. - queria dar um desenho dele com a mãe, ele só tem foto com a mãe na infância.. cê sabe que a mãe dele morreu quando ele era pequeno, né?

Helena: sei amiga. - concordei com a cabeça.

A falecida mãe do vh era um amor, Pâmela. Morreu em um confronto contra os policiais, ele tinha 7 anos. Tava pra nascer alguém nesse morro que exalava mais felicidade que ela, ajudava a todos, tinha sempre um sorrisão no rosto..mas um dia pra proteger o vh entrou na frente da bala por ele, morreu com um tiro na barriga que matou também o filho que ela gerava. Foi um dos dias mais tristes daqui do morro, horrível.

Lauane: então, queria que tu fizesse essa boa pra mim. faz um desenho dele já maior, a mãe e o irmão. pode ser?

Helena: claro amiga, posso sim.. é pra quando? - perguntei olhando pra ela pela câmera.

Lauane: semana que vem, consegue?

Helena: consigo sim.

Lauane: fica quanto? te faço pix.

Helena: nada, faço de presente por que sei que é especial.

Lauane: não amiga..- tentou argumentar.

Helena: tchau, lauane. - desliguei meu celular e me deitei de bruços na cama, relaxando.

{...}

Deveria de ser umas 3:00 horas da manhã e eu estava na sacada do meu quarto observando o movimento do morro enquanto ouvia uma música qualquer do baco exu do blues, descansava um pouco depois de ficar um bom tempo fazendo o desenho do vh. Cantarolava a música numa animação até ver uma cena que eu não imaginava e nem gostaria de ver. Ret saiu de um beco com amanda, ela tinha suas roupas todas desarrumadas e ficava toda hora se jogando em cima do ret, era visível sua raiva e desconforto.

Linguagem do Amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora