ret
limpei minha mão depois de ter socado a cara do major pela décima vez. quando nego fala que vaso ruim não quebra é papo reto, esse velho brocha é a prova viva disso. filho da puta tava sem os dedos do pé, cara toda fodida e mal comia, e quando davam alguma coisa era pão mofado. tentava tirar informações sobre tudo, ainda mais agora com essas ameaças..sabia que vinha do passado.
major: tu é burro, pô. muito burro! não perde por esperar, vai ver só. - riu enquanto cuspia sangue.
ret: se tu tem alguma coisa pra me falar tu fala agora, por que é teu último dia de vida, princesa. - sorriu empurrando o cano da arma na cabeça dele.
major: graças a deus! bom que eu faço companhia pra tua família. - riu e eu e dei porrada nele com a arma fazendo o mesmo apagar.
passei um radinho pro vh falando que ele podia lá terminar o trabalho dele, do major eu já não tirava mais nada. ele falava nada com nada e aquilo me tirava do sério já, o tempinho dele já foi. saí a milhão com a minha moto indo para o topo do morro, a vista de lá era linda e me trazia boas memórias com o jacaré, quando eu era menor ele me trazia aqui.
flashback on
jacaré: aí garoto, quando eu não estiver mais aqui, isso tudo aqui vai ser teu! tu tem futuro. - falou enquanto bebia cerveja e eu também.
ret: tá maluco, isso tudo é muita responsabilidade.. prefiro dividir com você.
jacaré: prefere nada pô! escuta, tu vai ser melhor que eu. vai tirar os moradores da miséria, vai dar tudo do bom e do melhor e eu vou ver tudo, de longe mas vou.
ret: papo feião o teu.
jacaré: papo feio é o teu, como fogo no cu de querer o comando do morro. - me empurrou e eu ri fraco.
ret: não é isso, é que se eu pegar o comando do morro tu não vai estar mais aqui, e eu não quero isso não pô. tu é meu parceiro, me ajudou pra caralho. - disse meio sem graça.
jacaré: ih bebel, relaxa. - me abraçou de lado pescoço. - vambora.
naquele dia o jacaré morreu, os cara da vintém invadiram pra tentar pegar o morro mas não conseguiram, depois veio os policiais que tentaram pacificar o morro. foi foda, quase ficamos encurralados mas eles recuaram no meio da invasão. quando fui procurar o jacaré vi ele em uma viela caído no chão com dois tiros, um na perna e outro no braço próximo ao coração. foi foda de segurar a barra, tentei tirar ele dali mas o desgraçado não deixou.
jacaré: mete o teu pé, felipe! - tentava me empurrar. - ainda pode ter cana por aqui.
ret: não porra, vou te deixar aqui não. - tentava estancar o sangue.
jacaré: faz o que eu tô mandando, eu ainda sou teu chefe! sai daqui. - segurei as lágrimas e levantei do chão olhando pra ele. - o morro é teu irmãzinho, já estão todos cientes, dá o teu nome que de longe eu tô vendo.
concordei com a cabeça e quando eu iria dar as costas para ir embora um cana apareceu apontando a arma pra mim.
ret: perdi, perdi pô. não atira! - levantei os braços.
- não atira o caralho, tu é vagabundo. - gritava na minha cara e enquanto isso eu só estava preocupado com o jacaré atrás de mim, ouvia a respiração dele falhando. o policial olhou pra trás de mim e depois me olhou de volta e respirou fundo. - mete teu pé, filho da puta.
não entendi mas saí correndo, quando eu me afastei um pouco ouvi um tiro que ecoou pelo morro todo. jacaré tinha morrido de vez.
flashback off
tinham se passado anos desde aquele dia e até hoje eu tinha minhas dúvidas, mas prefiro ignorar elas mermo. torço que o jacaré esteja vendo tudo que eu faço de algum lugar, nem que seja do inferno, mas eu torço. meti meu pé dali e resolvi dar um alô na ong, já que eu teria que levar um dinheiro lá. quando cheguei lá do portão já ouvia umas risadas gostosas de crianças, empurrei o portão e vi helena pintando o rosto de umas 5 criancinhas, era uma cena muito linda de se ver mermo.
- tio ret!!! - veio uma pequenininha me abraçar e eu peguei ela no colo fazendo cócegas em sua barriga. - tô bonita? - mostrou a borboleta que a helena tinha feito no rosto dela.
ret: você tá uma princesa! linda demais. - ela deu um sorrisão e me deu um beijo na bochecha, coloquei ela no chão e a mesma foi brincar com os amiguinhos.
caminhei até a helena e o garotinho que estava com ela e sorri fraco sentando ao lado deles.
ret: tá na relíquia. - brinquei com ele que sorriu tímido e fez o toque comigo. respirei fundo e olhei pra helena. - e aí.
helena: e aí. - me olhou e sorriu também. - minha mãe tava falando de você esses dias, que sonhou contigo.
ret: odeio que sonhe comigo, sempre tem alguma merda..mas ok, da sua mãe só vem coisas boas.
helena: de verdade, olha eu. - falou com naturalidade e finalizou o desenho do garoto com um beijinho no rosto e ele meteu o pé, logo depois olhando pra mim.
ret: você não se manca não? - impliquei.
helena: e você se manca? - fiquei quieto só olhando pra ela. - então pronto, bofe. quer se pintar?
ret: tá doidona?
helena: o braço só. - ficou falando na minha cabeça até eu aceitar. juntou um monte de criança ali enquanto ela desenhava, fez um ramo de flores colorido em cima da minha tatuagem preta e branco. - gostou?
ret: maneirin. - eu tinha até gostado, mas me diz de difícil.
ela ficou me olhando com aquela carinha dela e tudo que eu mais queria era puxar pra dar um beijão nela, mas estava respeitando o tempo dela e o meu. uma hora iria acontecer, e estava mais próximo que nunca!
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bom dia gnt!!🕊️🤍
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Linguagem do Amor.
Teen FictionQue seja eterno enquanto dure, e que dure para sempre.