Helena.
Tava desesperada, era tiro que não parava mais. Era preocupação e pensamentos que não paravam mais. Ainda trancada no banheiro eu andava de um lado pro outro, querendo sair e ir pra minha casa mas eu não podia, não sabia o que estava acontecendo lá fora. Ouvi passos dentro do quarto e corri pra dentro do box, me encolhendo bem no cantinho. Tinha percebido só agora que os tiros tinham parado.
Ret: helena, abre aqui. - falou e eu fui devagar até a porta, com medo de abrir. - pode abrir, só tá eu aqui.
Abri a porta devagar dando de cara com o ret encostado no batente da porta, ele parecia cansado e preocupado. Nem deixei ele falar nada, só o abracei forte que retribuiu, do jeito dele mas retribuiu.
Ret: você tá bem? se machucou? - falou baixo e meio sem jeito, ele ficava meio sem graça quando mostrava que se importava.
Helena: eu tô bem, você tá bem? - me afastei dele analisando bem seu rosto, passei meus olhos pelo seu corpo, vendo que seu ombro estava com sangue.
Ret: foi de raspão, tá na paz de deus. - falou vendo que eu tinha percebido.
Helena: eu quero ver o thauan. - falei baixo.
Ret: thauan tá no posto, helena. - falou indo até o armário dele pegando um blusa qualquer, depois veio até mim me entregando. - veste.
Helena: então, você vai ver seu ombro e eu vou ver o thauan. - tentei achar uma forma enquanto vestia a blusa dele, que ficou enorme em mim.
Ret: posto tá uma loucura, nem eu e nem você vamos lá, amanhã o thauan volta pra casa. relaxa aí. - falou enquanto tirava o colete.
Helena: você tem que ver teu ombro. - ele pareceu cagar pro que eu tinha dito.
Ret: depois eu dou meu jeito, agora vou te levar pra tua goma, tá tarde e sandroca deve estar preocupada. - falou pegando meu celular em cima da cama e me entregou, peguei meu celular onde tinha mais de 50 chamadas perdidas da minha mãe e várias mensagens do lennon.
Helena: vamos. - falei e calcei o chinelo indo até ele.
Eu e ret saímos da casa dele as pressas, em frente estava a moto e ele me deu a mão ajudando a subir, assim que subi ele fez o mesmo acelerando. Segurei firme na cintura dele.
Ret: faz um favor aí, fecha o olho. - disse e eu fiquei sem entender. - acabou de ter invasão, quer ver gente morta?
Murmurei um "ah" e fechei os olhos. Não demorou muito e senti ret parar a moto, abri o olhos e vi minha casa. Me segurei nele e desci da moto com rapidez, empurrei o portão e corri pra dentro de casa vendo minha mãe sentada no sofá com cara de preocupação, mas assim que me viu fez uma cara de choro e eu senti meus olhos se encherem de lágrimas.
Helena: mãe. - falei e me joguei em cima dela, abraçando ela bem forte deitada em seu colo.
Sandra: minha filha, mãe te ligou tanto. - falou me abraçando firme.
Helena: o thauan mãe, tomou um tiro. - falei chorando lembrando do que tinha acontecido.
Ret: mas ele está bem, pode ficar tranquila. - falou e eu me assustei, nem sabia que esse bofe tava aqui. sai do colo da minha mãe limpando meu rosto e sentei do lado dela me coladinha.
Lennon saiu da cozinha com um copo de água em mãos e pude ver ele mais tranquilo assim que me viu, me entregou o copo de água e eu bebi, observando ele fazer toque com o ret.
Lennon: esse ombro aí mano. - falou e minha mãe fofoqueira olhou, vendo o sangue.
Ret: foi nada, vaso ruim não quebra. - riu fraco e minha mãe levantou indo até o banheiro, logo voltou com a caixinha de primeiro socorro. - pra que isso, sandroca?
Sandra: pra você, senta a bunda aí no sofá. - falou e ret obedeceu, sentando do meu lado. minha mãe começou a cuidar passando álcool 70 e ret fez cara de dor, por puro impulso segurei na mão dele, tentando passar conforto de alguma forma. Ret me olhou mas não falou nada, nem eu. Quanto mais minha mãe mexia no ombro dele, mais ele apertava minha mão.
Lennon: nem tá doendo, que drama é esse. - falou botando pilha.
Ret: vem pro meu lugar pra tu ver só. - falou brincando também.
Lennon: já aguentou coisa pior, isso não é nada pra tu. - falou e ret concordou ficando em silêncio, observando minha mãe mexer no ombro dele. dona sandra percebendo que eu estava de mãos dadas com ele olhou pra minha cara dando um sorrisinho enquanto negava com a cabeça.
Sandra: como ficou tua casa filho? vi eles subindo lá.
Ret: ih, não tem mais casa não. - riu fraco. - deram tiro em tudo lá, casa tá toda furada.
S
andra: dorme aqui, até arrumar uma casa nova pra tu demora. - falou finalizando o curativo. soltei a mão do ret de leve.
Lennon: que isso mãe, virou hotel agora? - gastou e eu ri.
Ret: eu nem ia aceitar, mas só por causa da tua gracinha eu fico. - falou olhando pro lennon que estalou boca.
Helena: pior que criança vocês.
Sandra: fica mesmo filho, vou fazer um lanche pra gente.
Ret: não não, precisa preocupar não. - falou levantando. - eu vou demorar, tenho que organizar umas coisas do morro, quando chegar você já vai estar dormindo. eu como pela rua mesmo.
Sandra: certeza?
Ret: absoluta. - deu um beijo na testa dela e veio até mim fazendo o mesmo, seguido de um empurrãozinho de leve.
Sandra: então tá bom, vocês se resolvam depois. - deu de ombros e sentou no sofá do meu lado.
Ret: mais tarde volto pra felicidade do mano lennin. - fez toque com ele e saiu dando boa noite.
Meus pensamentos estavam longe, tava preocupada com o thauan, ele é mais que importante mim, não queria que nada acontecesse com ele. Estava preocupada também com meus amigos, ia ligar pra eles depois. Senti alguém me observar, levantei a cabeça vendo que era Lennon, ele tinha um sorrisinho fraco no rosto. Abri meus braços pra ele que veio na hora me abraçar, ficando em cima de mim.
Helena: você tá bem? - falei fazendo carinho nas costas dele.
Lennon: eu tô, e você?
Helena: se você está bem eu tô também. - senti minha mãe fazer carinho na gente e lennon sentou na minha perna.
Sandra: fiquei preocupada, ainda mais quando me falaram que você estava na casa do ret, tu não atendia esse celular.
Helena: eu tava trancada no banheiro, não deu tempo de pegar o celular.
Sandra: trancada no banheiro? que isso helena. - falou botando a mão no peito.
Lennon: qual foi dessa história aí? pode contando tudo. - respirei fundo e comecei a contar tudo pra eles.
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Linguagem do Amor.
Teen FictionQue seja eterno enquanto dure, e que dure para sempre.