𝐑𝐎𝐁𝐈𝐍 𝐀𝐑𝐄𝐋𝐋𝐀𝐍𝐎

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Você é convidada pelo tio de Robin para ir a um piquenique, mas...

𝗔𝗹𝗲𝗿𝘁𝗮 𝗴𝗮𝘁𝗶𝗹𝗵𝗼: 𝘮𝘰𝘳𝘵𝘦

━━━━━━━ ROBIN ━━━━━━━

Sobrino, por que não chama sua namorada para ir com a gente? — meu tio aparece perguntando de repente.

— Os pais dela nunca irão deixar ela ir... Deve ser coisa de brasileiro — falo desinteressado e ouço o mais velho suspirar. O homem anda em direção ao telefone preto da casa.

O mais velho disca uns números e logo espera a outra linha atender, o que acontece depois de alguns minutos chamando. O homem cumprimenta a família e logo pergunta se S/n poderia ir com a gente em um piquenique que a minha família organizou, se não me engano, é para doar para uma instituição de crianças imigrantes.

— Jura? Ah, ele vai ficar muito feliz... Não... É, não precisa se preocupar! — fala animado e levanto-me colocando a louça na pia.

Enquanto o homem fala ao telefone, vou em direção ao sofá para colocar algum filme repetido, mas que motivo, nunca perde a graça. Por mais que eu tentasse fortemente ignorar o homem na sala, ele tem um tom de voz naturalmente alto, o que acaba tornando o processo um pouco mais difícil.

— Sua namorada vai com a gente! Não é demais!? — pergunta e apenas concordo com o homem — Ei, por que você está assim? Não deveria estar animado?

— É que... Eu não acho que irmos hoje vai ser uma boa, não podemos adiar? — sugiro para o mais velho que me olha confuso.

— Por quê? — ouço uma voz feminina vindo das escada e olho em direção a minha mãe, que desce com sua bolsa, aparentemente procurando suas chaves.

Suspiro pensando em encontrar as palavras certas para explicar o que sinto para a mais velha, mesmo que eu não tenha a menor ideia do que está se passando comigo e o motivo de me sentir tão... Apreensivo? Talvez, essa seja a palavra certa.

A mais velha finalmente encontra sua chave e solta um pequeno gritinho de felicidade, logo depois andando em direção a porta para destrancar a mesma.

— Esquece... Só não façam muitas perguntas — peço e eles concordam. Como ainda não deu o horário de sairmos, vou em direção ao meu quarto.

[...]

A menina saí do carro sorrindo e caminha em minha direção abraçando-me, retribuo seu gesto sentindo o cheiro do seu perfume agradavelmente doce que lembra-me a mais bela primavera florida.

Enquanto estou hipnotizado pela fragrância da mesma, sinto uma estranha sensação no peito e não quero soltá-la por completo, por isso, deixo minhas mãos rodeando sua cintura e a garota olha-me confusa.

— Ei... O que foi? — perguntou a garota preocupada.

— Nada, apenas fique próxima a mim, tudo bem? — peço sorrindo e a menina concorda animada. 

A mesma me abraça mais uma vez, porém agora mais forte que antes e ouço sua voz dizendo que ficará tudo bem e que não era para eu me preocupar.

A menina sugere que eu vá com ela e seu motorista, claro, minha mãe adorou a ideia, já que poderíamos adiantar o caminho para o piquenique.

[...]

— S/n, coloca o cinto — pede o homem olhando pelo espelho do carro.

— Vamos chegar logo, logo... Não precisamos de cinto — argumenta de maneira engraçada e acabo rindo.

S/n começa a falar sobre seu dia na escola, analisando cada parte do seu dia, mas acabou parando na parte que me viu batendo em um garoto que tinha a maioria dos horários com ela e claro, enchia o saco da mesma por causa disso.

Enquanto riamos, ouço o freio ser pisado grosseiramente pelo motorista do carro, mas acaba não dando tempo e o veículo bate de trás do caminhão brutalmente... A última coisa que consegui ouvir foi o choro da garota ao meu lado e um pedaço de vidro cravado em seu pulso.

[...]

— Ele acordou! — minha mãe fala vindo em minha direção — Querido, querido... ¡Por favor, Disculpame! — a mulher pede em lágrimas.

Mamá, o que aconteceu? — pergunto.

As memórias ainda estão confusas em minha mente, fora a sensação de dor incomoda em minha cabeça, como se alguém tivesse pegado a furadeira e perfurado meu cérebro.

— O carro... Ele acabou batendo em u-um caminhão... E... E... — a mulher gaguejava por causa dos soluços, então meu tio toma a sua frente explicando o que aconteceu.

Agora entendo a sensação que estou sentindo. Acabei tendo que fazer uma cirurgia de emergência por causa do impacto da batida, mas... Isso não interessa-me agora, aonde está S/n?

— Mamãe, por favor se calma — peço a mulher desesperada a minha frente e que não parava de se desculpar comigo. Nada disso é culpa da mesma e dói vê-la sentindo-se desse jeito

Antes de conseguir perguntar a minha mãe se a minha namorada está bem — ou algo próximo a isso, os pais da garota entram no cômodo e a mãe da menina está em seu pior estado junto ao seu pai. Ambos estão com os olhos avermelhados e inchados, a mulher segurava um lenço e ainda é possível escutar os soluços de choro.

— Ei... Cadê a S/n? — pergunto aos pais da menina que tem um olhar vazio, sem brilho algum.

A mulher encara-me e aproxima-se, levando sua mão em direção a minha.

— Pequeno... E-Eu sinto muito — fala a mulher e sinto um enorme bolo se formar em minha garganta e meus lábios começarem a tremer sem minha permissão.

As lágrimas caem involuntariamente, por causa disso escondo meu rosto abraçando fortemente a minha mãe, não poderia mostrar fraqueza agora, não agora que minha mãe precisa de mim...

Ela não... Não ela... Minha garota não podia deixar-me, não podia deixar esse mundo, deixar o meu mundo.

É injusto, ela não podia morrer, eu deveria morrer! Por que ela não ficou viva? Por que eu tive que ser salvo e não ela!? Eu sou um completo de inútil para o mundo, não sirvo para nada e nem para ninguém, mas ela...

Ela era a pessoa mais genial que eu conheci e eu falhei em protegê-la, eu não consegui fazer nada para impedir sua morte... Eu matei a minha namorada, minha garota, eu matei a pessoa que eu mais amava...

•━━━━━━━ END ━━━━━━━•

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 ᵐⁱᵍᵘᵉˡ ᶜᵃᶻᵃʳᵉᶻ/ʳᵒᵇⁱⁿ ᵃʳᵉˡˡᵃⁿᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora