𝐑𝐎𝐁𝐈𝐍 𝐀𝐑𝐄𝐋𝐋𝐀𝐍𝐎

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Você tentava ajudar o mexicano sair do porão.

━━━━━━ ROBIN ━━━━━━

Ouço mais uma vez o toque do telefone desativado. Isso sempre despertou a minha curiosidade, como ele pode tocar sendo que não está funcionado? Essa dúvida sempre me cercou e sempre quis saber a sua resposta, saberia somente se o outro lado da linha falasse comigo, o que não acontecia.

Todas às vezes que ouvia o seu toque, ia atender a pessoa, mas sempre ficava mudo do outro lado da linha, acabei desistindo de tentar falar com a pessoa e apenas espero ela ou ele dizer alguma coisa.

— ... Não desliga — ouço uma voz feminina e largo o telefone imediatamente — Você tem que escapar daqui, Robin Arellano.

Levanto-me usando a parede de apoio, isso realmente deve ter me assustado, já que nem consigo movimentar as minhas pernas de tão bambas que estão. Caminho em direção ao telefone e coloco o mesmo em direção ao meu ouvido, esperando a garota dizer alguma coisa.

— Quem é você? — pergunto e ouço um silêncio imenso do outro lado da linha — Não se lembra...? — suponho.

É... Eu não me lembro... — a voz parecia diminuir ao final da frase — Lembro-me somente de uma rua deserta e uma janela, um dia forte de chuva... Skate, chuva, janela e cartas.

A garota repetia as últimas palavras como se tentasse lembrar do que havia acontecido nesse dia. Skate; chuva, janela e cartas... Chuva, janela e cartas...

— Era você! — falo lembrando-me da garota da janela; a garota em que fiquei intrigado em saber quando passei pela sua janela — Você era a garota da janela! Eu me lembro de você.

Sim, lembro-me muito bem...

Estava indo em direção a casa de Finney com um skate para a gente estudar, contudo, uma chuva forte acabou caindo no caminho, então tive que apressar um pouco mais.

A estrada estava deserta por ser um dia de chuva, aquilo não me incomodou, o que realmente me chamou a atenção foi um rosto na janela me observando intrigado, parei meu skate e olhei para ele, depois percebi que era uma garota.

Quando me aproximei dela, a mesma fechou a cortina na minha cara, aquilo foi engraçado; ela abriu depois e riu da minha cara. Fiz um desenho na janela para ela com as gotas que caíram, na verdade, tentei me comunicar com ela, mas eu não tinha papel nem caneta. Seus pais estavam discutindo na cozinha, por isso ela não falava comigo, isso eu me lembro.

A garota havia descido do segundo andar que tinha ido anteriormente com uma caneta e um caderno com folhas em branco. A janela tinha uma pequena fresta, aonde passávamos o papel que usávamos para nos comunicar sem que seus pais soubessem.

Nem tinha me lembrado do Finn nesse dia, quando me lembrei era um pouco tarde demais e acabei voltando para casa ensopado, depois de uma semana voltei para a escola, pois tinha pego um resfriado também. No caminho tinha um cartaz, de uma garota, dizia que a mesma estava desaparecida, seu rosto estava meio apagado por ser um cartaz antigo, então não dei muita importância.

Ei... Não precisa chorar — ouço a voz da mesma. Por algum motivo saber daquilo me deixou triste, emotivo e ao mesmo tempo receoso sobre o homem. Ele matou; matou mesmo os garotos e isso... Isso vai acontecer comigo também.

— Que merda, aquele hijo de puta não merece estar vivo! Ele... ¡Quiero matarlo en este mismo momento! — digo para a garota que sorrir — Sinto muito por não lembrar o seu nome... Deveria ter uma memória melhor.

Deveria se culpar menos e começar a me escutar para escapar daí — diz e acabo rindo — Já tentou a janela? — pergunta.

— Eu não alcanço — digo — Ela é muito alta — informo a mesma que diz que era para eu procurar algo que servisse de arma.

Havia duas coisas, a tampa da descarga, contudo, a mesma era muito pesada para eu ter alguma mobilidade, ainda mais quando você está preso sozinho, então, minha única opção seria o telefone que conversava com a mesma.

Uma sensação estranha passou por mim, eu não queria ter que quebrar o telefone, eu não queria parar de falar com a garota, por algum motivo, eu não que parar de ouvir a sua voz, a sua doce e chorosa voz. Essa voz é um calmante para minha mente que está o tempo todo em estado de alerta, chega a ser cansativo.

— Eu tenho apenas o telefone... O que eu estou falando com você — falo e a mesma parece suspirar.

Use-o — manda — Você vai deixar ele pesado, muito pesado e depois bata nele com toda a sua força... Mate esse desgraçado por todos nós! Nós vingue, Robin Arellano.

Essa vai ser a última ligação? — pergunto e a garota confirma — Então, nunca mais vamos nós falar, não é? Nem mesmo por cartas — brinco e sorrio.

Nem mesmo por cartas... — repete de maneira doce — Robin, você tem que garantir que mais crianças não serão sequestradas por aquele monstro. Vá e o mate... Estarei observando, não me decepcione — diz e ouço a ligação ser encerrada.

Sinto um arrepio em minha nuca e encaro o telefone. Arranco os fios do mesmo e encho ele com a terra que havia de um piso solto ali. Agora, tudo terá que dar certo, nada poderá dar errado.

•━━━━━━ END ━━━━━━•

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 ᵐⁱᵍᵘᵉˡ ᶜᵃᶻᵃʳᵉᶻ/ʳᵒᵇⁱⁿ ᵃʳᵉˡˡᵃⁿᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora