𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 ᵐⁱᵍᵘᵉˡ ᶜᵃᶻᵃʳᵉᶻ/ʳᵒᵇⁱⁿ ᵃʳᵉˡˡᵃⁿᵒ

𝐂𝐇𝐔𝐕𝐀

Vocês estava entediada em um dia de chuva e o garoto tem uma ideia para te animar.

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Observo o pingo de chuva descer pela janela de vidro que tinha no quarto do menino, enquanto ele tocava hipnotizado melodias em seu teclado — ele está viciado nesse instrumento, sinto que isso não é normal, mas se faz bem a ele, bastava para mim.

Estava fazendo uma competição entre as gotas d'água, mesmo sabendo que isso não mudaria nada em minha vida, queria apenas sair do tremendo tédio que me encontro. Suspiro fundo e isso chama a atenção do garoto, percebo isso apenas por causa que a melodia parou de ser tocada.

— O que aconteceu, meu amor? — pergunta encarando e apenas balanço a cabeça — Sei que está mentindo. Namorados não mentem uns para os outros, sabia? — fala e acabo rindo.

— É, mas você mentiu dizendo que não gostava de mim — retruco o menino e ele revira seus olhos, depois empurra a cadeira giratória que está sentado em minha direção — Me sinto entediada, não aguento mais ficar dentro do seu quarto observando o absoluto nada! — desabafo brevemente com o menino.

Miguel encara-me e depois apoia sua cabeça em suas mãos, inclinando sua cabeça para o lado e um bico se forma em seus lábios. Acabo rindo do menino e mando o mesmo parar com o seu deboche irritante, ele apenas acompanha-me nas risadas e logo depois para ao observar a chuva.

— Eu não como... Mas água caindo do céu é estranhamente belo — diz e concordo com o menino — Sabe... Minha mãe não está em casa, acho que podemos ir lá fora.

— Nessa chuva!? — pergunto assustada ao menino que concorda — Miguel! Vamos acabar resfriados! — alerto o moreno que dá de ombros.

— Resfriados e felizes.

— Mas ainda resfriados! — respondo de imediato o que tira um sorriso do rosto do menino — Miguel, não sei se isso será bom... Vamos ficar aqui — falo.

Eu estava com uma enorme vontade de acatar essa ideia ridícula e clichê do mesmo, contudo, não quero passar minha primeira semana de 2023 com uma febre e meu nariz entupido. O menino levanta e abraça-me por trás, fazendo seus cabelos caírem sob meu ombro.

— Amor, vamos — diz o garoto — Pensa, nunca mais vamos ter essa oportunidade e se tivermos que ficar doentes, ficamos! — olho para o garoto desconfiada. Não ser responsável não era algo do seu feitio, isso que dá andar demais com Hepner e Thames — Prometo, cuidarei de você como se você fosse minha segunda vida, porquê a primeira já é.

Sorri com a cantada idiota do garoto e acabo repensando sobre ficar em minha cama na primeira semana de 2023, contudo, eu ficaria na cama e assistiria filmes ao lado do garoto que mais amo em todo o mundo, então, pode valer a pena.

Concordo com o moreno que comemora, o mesmo pega seu moletom e entrega-me, pois ele também não queria que eu tomasse muita chuva. Eu não precisava me preocupar com roupas, pois tinha algumas no quarto de hóspedes, por isso está tudo bem caso me molhe.

Descemos as escadas e abrimos a porta da casa do menino. O cheiro de terra e grama molhada passa pelas minhas narinas e acabo sorrindo com o cheiro, ele por algum motivo, está relacionado a liberdade em minha cabeça, isso é confuso para mim; mas é um confuso bom. Corro para o lado de fora e sinto os pingos molharem meu cabelo, depois meu corpo por inteiro.

Encaro Miguel que parecia hesitar, mesmo sendo o próprio que insistiu que estivéssemos aqui. Caminho em direção ao moreno que sorri em minha direção e ofereço minha mão para ele pegar, o que tira mais risos do menino.

— O que está fazendo? — pergunta rindo e acompanho o mesmo.

— Apenas siga o roteiro, por favor — peço e ele concorda — Aceita essa dança com sua humilde admiradora, Lord Cazarez? — pergunto e faço reverência ao menino que acaba rindo mais um pouco.

— Devo agradecer a essa humilde serva, por perceber um humilde Lord como eu — fala e pega minha mão, depois leva a sua outra em minha cintura — Qual a música que vamos dançar? — pergunta.

Penso em milhares que seriam perfeitas para esse momento com o garoto, mas nenhuma tinha um ritmo de dança de valsa que pensávamos. Uma lâmpada parece acender em minha cabeça quando lembro-me de uma música francesa que ficou muito popular no Tiktok.

— Love Story? — sugiro e ele assenti. Pego o celular do garoto que estava no banco aonde não molhava, enxugo minhas mãos na toalha e começo a procurar a música no celular do garoto, depois coloco a mesma — Ok... Pronto.

A música começa e o garoto puxa-me para mais próximo a ele. Descanso minha cabeça em seu peitoral e sinto uma de suas mãos em minha cintura, enquanto a outra segurava a nossa mão, fazendo as famosas poses de valsas que víamos em filmes clichês.

Aquela música tinha uma linda história por trás, provavelmente triste, mas ainda sim linda. É louco pensar que pode se apaixonar por alguém, mas é mais louco pensar que essa pessoa também se apaixonou por você.

Miguel... Miguel era uma pessoa que desconhecia, alguém que falei por acaso, alguém que dei meu número por acaso, alguém que me apaixonei por acaso... Isso tudo é tão estranho... O amor, ele é um sentimento muito vicioso, mas ainda provoca esses pensamentos em você; essas pequenas reflexões que percebe somente quando está a gostar de alguém.

Quando a música termina, levanto minha cabeça e encaro o garoto sorrindo e ele retribuí o gesto. Não ficamos muito tempo assim, pois os irmãos do mesmo estavam aplaudindo pela janela e seus pais chegavam de carro. Fazendo ambos entrarem e secarem-se rapidamente.

•━━━━━━ END ━━━━━━•