𝐏𝐄𝐑𝐅𝐄𝐈𝐓𝐎𝐒

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O garoto havia encontrado você chorando na arquibancada da quadra de basquete.

━━━━━━ S/N ━━━━━━

— Você não pode simplesmente desmarcar assim! — diz ríspida fechando o seu armário brutalmente.

— Eu sei... — respondo e dou uma breve pausa — Eu... Eu me sinto cansada; eu quero apenas um tempo e...

— Conta outra S/n, você não quer ir porquê é egoísta! — interrompe-me — Não pode ir por querer um tempo, tempo de quê...? Dos seus pais perfeitos? Da sua vida perfeita? Para de drama S/n — encaro a menina incrédula.

— Minha vida não é perfeita! — corrijo a menina que olha-me prendendo o riso, depois puxa-me para andarmos em direção a sala.

— Ah, claro! Eu tenho apenas pais que me dão tudo que quero, além de ter amigos que te apoiam. S/n, se isso não é vida perfeita, eu não sei o que é! — um sorriso aparece em seus lábios enquanto caminhamos.

Retiros suas mãos do meu braço e paro no meio do caminho olhando a garota que observa-me desentendida. Não havia ninguém nos corredores, eu poderia bater nela e sair como se nada tivesse acontecido, mas... O que isso iria adiantar...? Muita coisa, mas não vale a pena, isso seria apenas uma perca de tempo minha, e eu nem deveria estar pensando nisso.

Dou meia volta e ouço a mesma me chamar diversas vezes. Não estou sendo dramática, não isso com toda a certeza não! Eu apenas quero um tempo para mim, quero reservar um momento para organizar meus pensamentos, como ela não pode entender isso? Ela é a minha melhor amiga! A pessoa que deveria me ajudar, me apoiar, dizer que eu estou certa e quando estiver fazendo alguma coisa burra, me aconselhar... Isso é o que amigas fazem.

Sento-me na última fileira da quadra vazia enquanto minha mente se bagunça pelos meus pensamentos. É engraçado pensar que sempre recorri a este espaço quando não sabia o que fazer, quer dizer, ainda não sei o que fazer. Apoio minha cabeça em minhas mãos e sinto aos poucos as lágrimas descerem pelo meu rosto.

Penso que a minha adolescência não era para ser algo difícil, mas por qual razão está sendo tão difícil? E o motivo dos filme não mostrarem a triste e cruel realidade da vida de um adolescente...? Eu sempre achei que a minha adolescência seria roupas, independência financeira, amigas, festas do pijama, família perfeita e escola perfeita. Contudo, essa está longe de ser assim, a única coisa que tenho é apenas problemas atrás de problemas, e nenhum deles tem uma solução... Isso é desesperador.

Ouço a porta abrir e dou-me o trabalho de olhar para ver quem era. Miguel aparece ao meu lado e encara-me estranho, volto a minha atenção para meus pensamentos, ao menos, o garoto não está neles.

— Quem fez isso com você? — escuto o garoto perguntar docemente, como se falasse com uma criança perdida, de fato, sinto-me perdida.

— Você se importa? —praguejo-me ao ouvir a minha voz falhar por causa do choro.

— ... Talvez — diz e encaro o mesmo, um pouco surpresa e isso é notado pelo moreno — Temos as nossas diferenças, mas eu ainda tenho um coração, sabia!? — fala e reviro meus olhos.

Miguel, ele é o menino mais popular da escola, de toda a escola. Ele já tinha fama antes por ser modelo e ser... Levemente atraente aos olhos; mas quando fez o filme O Telefone Preto, ele tornou-se a pessoa mais famosa dessa escola, e mais conhecida ainda fora dela.

Às vezes, vídeos dele feito por fãs aparece em minha timeline, bloqueio por não querer ver a cara do garoto que vem apenas um dia em toda a semana. Ele sim tinha uma vida perfeita, uma vida que eu invejo; eu odeio invejar a vida dele; odeio invejar ele!

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 ᵐⁱᵍᵘᵉˡ ᶜᵃᶻᵃʳᵉᶻ/ʳᵒᵇⁱⁿ ᵃʳᵉˡˡᵃⁿᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora