𝐄𝐒𝐓𝐑𝐀𝐍𝐇𝐎𝐒

599 35 24
                                    

Havia um mistério acontecendo na escola de excluídos que seus pais lhe mandaram e isso estava começando a te intrigar.

━━━━━━ S/N ━━━━━━


Minha máquina de escrever é o instrumento que utilizo para relatar todos os desenvolvimentos da história que escrevo. Não queria que meu livro tivesse um erro muito comum que escritores cometem; expor suas emoções pessoais nas palavras e transferir sua personalidade para seus personagens.

Contudo, meu livro acabou tornando-se uma autobiografia inconsciente e julgo-me por acabar dessa forma tão banal que sinto prazer em desgostar, e tanto gosto de criticar. Porém, ainda haverá mais páginas para escrever, por isso não devo-me me preocupar agora; é isso que espero.

Jasmim, preparava-se para um encontro e suas falas ansiosas acabam sempre distraindo a minha atenção do livro.

— Se ele não aparecer... Eu atiro na cabeça dele — tranquilizo a menina nervosa e consigo ouvir sua risada atrás, fora o pequeno agradecimento falado pela garota.

A mesma sai pela janela e volto a minha concentração no livro. Até agora, todas as minhas pistas levam-me ao aluno vampiro popular dessa escola, mas não faço ideia como provar meu ponto de vista para a diretora incessante, aquela mulher não consegue acreditar em nada que digo.

— Agora não — falo para a mãozinha que está pedindo ajuda em algo — Tenho coisas mais importantes para fazer — falo mas a mão acaba afastando os papéis perto de mim e o olho brava.

O mesmo começa a dizer que viu o metamorfo saindo escondido da escola, porém o mesmo foi capturado por um grupo encapuzado. Suspiro profundamente observando o desespero iminente da mãozinha.

— Diga-me, se eu for atrás dele você vai me deixar em paz? — pergunto ríspida e a mãozinha concorda.

Levanto-me da mesinha e caminho em direção a porta. Pela minha sorte ou azar disfarçado, não há ninguém nos corredores da academia. Sigo a mãozinha que leva-me em direção ao lado de fora do espaço escolar.

A noite é uma melancólia desprezível que tanto anseio em meus dias. Portanto, não poderei apreciar devidamente sua beleza, pois há um possível sequestro mal feito. Se eu fosse a sequestradora, eles nunca iriam achar pistas da localização do garoto e o mãozinha também nunca o teria visto; muito provável que ele fosse meu cúmplice.

— É aqui? — pergunto entediada e vejo um galpão abandonado no meio do nada. Mãozinha alerta-me dizendo que poderia ser perigoso entrar e que há risco de morte iminente — Não faça esse lugar parecer o paraíso mãozinha — respondo o mesmo e abro a porta do galpão.

Havia pouca luminosidade e por isso forçava meus olhos a enxergarem o que tinha naquele espaço. Velas foram acesas e logo o lugar fica extremamente iluminado.

Os meus colegas de academia saem dos lugares que estavam escondidos cantando a típica música de aniversário: parabéns para você. Em modéstia parte, a versão criada pela minha família, que é muito melhor.

Parabéns pra você, nesta data mortífera, lhe desejo a  morte e poucos anos de vida — ouço todos cantarem e olho surpresa para mãozinha, pois essa era a bela canção criada pela minha família. 

— Não é o que estamos acostumados, mas é melhor que nada — fala Jasmim  sorrindo — O mãozinha me disse que era o seu aniversário e sei que não iria querer comemorar com a gente se pedissermos.

— Acabamos criando um mistério para S/n Addams resolver — completa Miguel — E eu teria que fazer ela distrair-se das pistas, porquê garota, você é muito boa!

— Eu sou boa em tudo; porém... Irei admitir que a abordagem primitiva foi a melhor forma de me enganarem.

Madeleine suspira e olha para Mason que segura o riso, enquanto Miguel olha-me um pouco sem graça. Rebecca grita que deveríamos comemorar essa data tão importante e sugere que fizéssemos do modo em que celebramos em minha casa.

[...]

— Como é? — pergunta Madeleine surpresa e olha para a corda — Explica de novo esse jogo, que eu acho que ouvi errado — fala um tanto que assustada.

— Um dos participantes irá amarrar essa corda pelo tempo estimado em seu pescoço, se aguentar vence e se não acaba morto — explico em pé na cadeira amarrando a corda no teto.

Meus pais costumavam a brincar desse jogo comigo e meu irmão, já que tem apenas vantagens nele e é muito difícil de perder.

— Não, definitivamente não! — o loiro fala afastando-se — S/n, isso é loucura! — argumenta.

— Sua definição de loucura é apenas algo que não está familiarizado ou que demonstra ser diferente do seu ponto de vista...? Intrigante — falo após dar o último nó na corda — Quem vai ser o primeiro? — pergunto e olho para todos ao meu redor.

Ninguém quer provar o doce sabor da diversão ou a maravilhosa sensação de quando se é enforcado, eles realmente não sabem se divertir.

— Eu escolho? — pergunto e vejo eles concordarem relutantes — Miguel, vai ser você — falo e o mesmo tosse o refrigerante que bebia — Sufoca-me sempre que pode com seus pedidos convencionais e desprovidos de criatividade, então, é justo.

O menino engole seco e larga o copo, caminhando em direção a cadeira. O mesmo sobe e pega a corda trêmulo, parece que sussurra alguma coisa antes de colocar a corda em seu pescoço.

— S/A! PARA COM ISSO! — Jasmim grita ao ver o menino e até tenta chegar perto, mas acabo impedido a mesma.

— Não estrague a parte mais divertida, Jasmim! — falo para a menina que reluta em passar — Tente mais uma vez e esse será seu último passo.

A menina para e encara o garoto. O menino ia se jogar da cadeira e assim a brincadeira começaria, contudo, a diretora chegou aos berros depois de ouvir que alunos da sua academia estavam do lado de fora dos portões.

A mais velha manda todos para fora e deixa apenas eu junto ao moreno que regulava a sua respiração.

— Essa ia ser a coisa mais idiota que iria fazer — fala o garoto encarando a cena da diretora brincando com os outros alunos do lado de fora do galpão.

— Ou a melhor decisão que já tomou em sua vida patética — digo para o mesmo que olha-me desacreditado, mas sorri — Qual a graça? — pergunto seria ao garoto.

— Você... Sabe, você é... Uma tenebrosidade completa... Acho que posso dizer assim.

O menino que antes olhava para mim, agora encara a cena da diretora enquanto eu tento fortemente segurar o sorriso que apareceria em meu rosto.

Esse menino é peculiar ou um dos mais esquisitos de masoquista, não sei qual o certo, mas sei que ele é completamente... Desprezível.

•━━━━━━ END ━━━━━━•

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 ᵐⁱᵍᵘᵉˡ ᶜᵃᶻᵃʳᵉᶻ/ʳᵒᵇⁱⁿ ᵃʳᵉˡˡᵃⁿᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora