Capítulo 3

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Mais tarde, no fim do turno, pouco depois do meio dia, atravessávamos, Sam e eu, o campus, na direção do estacionamento.

— Sua tia deveria demitir o professor Vinci. Que sono!

Bocejou o amigo.

Tia Carolina Metherral — mãe de Thomas e esposa de Jeremias — era a reitora de nossa Universidade; gerenciava tudo e todos com mão de ferro. Ela não era bondosa como se mostrava ser, a caridade dela aparecia quando convinha; ajudava os pobres com bolsas de estudos e tudo o mais; fazia isto apenas para ser bem quista no meio da alta sociedade.

— Perda de tempo! Deste ela gosta. Muitas estrelas no currículo.

Expliquei.

Foi nesse momento, entre a sala de aula e o estacionamento dos carros, que meus olhos vasculharam, ansiosos, todo o recinto acadêmico.

— Procura por algo? Alguém?

Ouvi a voz de Sam perguntando-me, mas não lhe olhei.

— Ninguém.

Outra vez, involuntariamente, como uma força sobre humana, minha visão corria pelo campus à procura da desconhecida.

— Tem certeza? Por que me parece que procuras por algo, alguém. Diga de uma vez!

— Ninguém! Já disse! Não me escuta?!

— Claro que escutei, mas não acreditei.

Cansado, resolvi lhe falar. Sam Holmes não era o tipo de pessoa que te deixaria em paz.

— Uma garota.

— Uma garota?

— Foi o que eu disse! Se vê que a tempos não limpa as orelhas.

Sam riu.

— Não é isso, há de se compreender. Entenda o meu lado, é assombroso. Ninguém é suficiente para seus gostos: alta demais, ou baixa demais; sem simetria... você é sempre tão exigente. Diga-me: Quem é a sortuda que roubou a atenção de vossa majestade?

Nesse aspecto, o amigo estava certo; era de se entender: não que fosse eu indiferente às mulheres, mas, metódico por natureza, buscava nelas a perfeição.

— Que engraçado você é... Apenas uma moça sem importância. Bonita, muito bonita.

— Quem é? Eu a conheço?

Perguntou-me afobado.

— Acredito, cegamente, que não a conhece; assim como ninguém aqui deste campus; se trata de uma bolsista.

Por alguns instantes, Holmes pareceu surpreendido.

— Uma bolsista?! Teve o interesse por uma bolsista?!

Alterou a voz.

— Abaixe o tom da voz, eu te imploro! Não disse que me casaria com ela. Para que tal espanto? Disse, somente, que eu a achei bonita.

— De certo, agora, até eu quero achá-la. Diga- me como ela é! Deve ser um anjo do céu, de beleza nunca vista na terra, para tu a chamar de bonita.

Sam, com riso nos lábios, observava descaradamente as acadêmicas que passavam, como que procurando por alguém.

" O drama deu início ali."

Ainda dotado de conjecturas, e tirando com isso a pouca paciência que me sobrou, chegamos ao estacionamento onde nossos carros estavam. Holmes despediu-se e entrou em seu automóvel, rumando ao escritório do pai, um importante e conceituado advogado do país. Por espontaneidade, Sam seguia seus passos na advocacia; "estava no sangue", dizia ele.

Bem... me dirigi ao centro, onde se encontrava a sede da empresa. Os Metherral são, desde o século passado, os homens de negócio mais bem-sucedidos do país; riquezas líquidas incalculáveis. Não era por menos que, frequentemente, eram comparados à realeza.

O pensamento me absorvia, vez ou outra, na desconhecida de pele alva e cabelos castanhos; da qual a beleza me hipnotizou.

E, para o meu pouco sossego, a imagem daquele rosto bonito dormiu comigo e acordou comigo. 

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora