Capítulo 19

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Elisa


Os dias não eram bons e, a cada hora corrida, as chances de vida de papai diminuíam.

"Essa espera sufocava o meu peito e penava a minha alma."

De noite, na janela, com os olhos no céu, eu enxugava as lágrimas do meu rosto com o dorso de minha mão; foi neste momento que o telefone apitou pela chegada de uma mensagem. Eu falava com mamãe há pouco tempo e estava certa de que o anúncio não era para o mau; por isso, um estremecimento de uma boa notícia me encheu de esperança; pensei logo em ser um contato para realizar a esperada operação. Apressei meus pés para buscar o telefone que estava sobre a mesinha de centro na sala.

Deite-se comigo por uma noite. Em troca, dou-lhe o dinheiro de que precisa. (Número Desconhecido)

Li e reli as palavras ali escritas... perplexa e em cóleras. À primeira vista, quis saber como minha tribulação se tornou pública. Alícia e D. Rose eram as únicas que sabiam da enfermidade de papai e de que precisada estava eu, ou da caridade, ou do dinheiro para a cirurgia. Depois, refletindo melhor, me lembrei de que a confissão foi feita em sala de aula... alguém à espreita poderia ter ouvido e, agora, tripudiava da minha dor.

À princípio, considerei não responder, meu espírito era dócil; contudo, o insulto foi imenso... seja quem fosse que me mandou a mensagem, queria reduzir-me ao vexatório... então, digitei a resposta com as ventas pegando fogo.

Com que direito me ofendes desta maneira?

Larguei o telefone em cima da mesa com um pouco mais de força, como se o aparelho fosse o culpado pela injúria. Não tardou e o apito novamente ecoou.

Bem, a situação de seu pai não permite orgulho. O tempo corre. Tens até amanhã para me dizer se aceitas ou não. (Número Desconhecido)

Quem queria constranger-me a tal ponto? Que alma infeliz!

Resolvida, ignorei e voltei a olhar o céu; desta vez, para a lua, que já apontava em meio às estrelas.

As horas já se adiantavam e eu não dormia em um sono profundo; cochilos curtos e sucessivos foram o máximo que consegui.

"A preocupação não me permitia."

Antes da noite chamar o dia, o telefone tocou; desta vez, não foi a esperança que me tomou, e sim, o terror. Não fui com pressa atendê-lo, antes, olhava o aparelho e desejava, com toda minha força, que não fosse uma má notícia. Com as mãos trêmulas, atendi ao chamado.

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora