Era dezembro, eu começava a ficar mais alegre; procurava não pensar mais nos meus pais, uma vez que as minhas tentativas de reconciliação foram mal sucedidas; mamãe não atendeu a nenhum dos meus telefonemas e, ainda assim, decidi lhe escrever.
Foi uma carta cheia de lágrimas onde eu lhe suplicava o perdão. Não lhe expliquei o motivo pelo qual estive com um homem — meus pais eram pessoas de tradições rigorosas; ai de mim se papai soubesse que o preço da sua salvação fora a venda da minha honra.
Mas, na carta, relatei toda a minha infelicidade em não os ter mais comigo, sem perder de vista a minha alegria no bebê. Esperei por dias a resposta que nunca veio.
No fim das contas, não havia nada o que fazer. Foi depois dessa conclusão que parei de lamentar e já não pensava mais neles, nem em nada que me representasse uma grande e profunda tristeza. Concentrei toda minha atenção e força no meu filho, que chegaria a este mundo daqui a tão poucos dias.
— Elisa! Estava te procurando.
Disse-me a voz com imensa simpatia, enquanto eu chegava com pressa na lanchonete.
— Oh D. Rose, desculpe-me pelo atraso! Eu estava trocando de roupa. Custou um pouquinho vestir este uniforme.
Após ouvir as explicações que eu lhe dava, os olhos da mulher varreram o meu corpo e se prenderam na elevação do meu ventre, provavelmente achando o uniforme um pouco mais justo do que estava há dias atrás.
— Querida, como esta barriga cresce a galopes! Veja esses botões que estão a ponto de se arrebentarem!
Observou ela, referindo-se às duas partes do meu vestuário que estavam muito mal unidas.
— Depois do quinto mês ela resolveu se mostrar. Pareço estar grávida de nove meses em vez de sete.
— Deve ser um menino grande.
Ela comentou, deslizando a mão direita levemente sobre a minha volumosa barriga.
— Achas que é um menino?
— Não acho, Elisa, tenho certeza... vai tê-lo já e verás!
Eu sorri e ela sorriu também.
Mesmo com as constantes insistências de Alicia, que se mostrava tão curiosa que, por vezes, me aborrecia, decidi só saber o sexo do bebê no dia do seu nascimento. Para mim, o que verdadeiramente importava era que tivesse uma excelente saúde e um bondoso coração.
Não posso deixar de dizer que o segundo desejo muito me preocupava, mas, fosse como fosse, me esforçaria para contrariar os genes do pai e pôr o meu filho no melhor caminho, o do bem.
D. Rose deixou-se cair em uma cadeira que estava perto do balcão e me pediu para fazer o mesmo na outra à sua frente. Eu obedeci ao pedido dela.
— Ontem a minha sobrinha me confirmou que estará a caminho da capital para ficar no teu lugar. Ava chegará daqui a dois dias.
Disse-me ela, mudando bruscamente o rumo da conversa. Meus olhos se arregalaram e senti um aperto no peito; eu não tinha idéia do que estava acontecendo.
— Eu não entendo.
— Elisa, já não tens forças para desempenhar esta tarefa. Não posso permitir que fiques tanto tempo de pé. Vê como seus pés começam a ficar inchados pela gravidez que avança. Até o dia em que seu filho nascer, tu farás o trabalho administrativo da lanchonete e, após o puerpério, retornarás à sua função.
Explicava a sua intenção; no entanto, ela percebeu o meu olhar incomodado e apressou-se a dizer:
— Não precisas se inquietar, Lisa, minha sobrinha não vem para tomar o teu lugar. Eu lhe garanto, é apenas um favor que ela está me fazendo.
Suas palavras e seu sorriso bastaram para acalmar o meu coração.
Que senhora excepcional!
— É muita gentileza, D. Rose.
Eu lhe disse, declarando toda a minha gratidão.
Depois de refletir por um instante, ela se levantou energicamente, com um ar alarmado, como se tivesse lembrado de alguma coisa.
— Volto num minuto! Me espere aqui!
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Impossível Para Mim
RomanceDominic Metherral sabe que seu único destino é assumir o império de sua família e está preparado para isso, só não contava que seu futuro perfeito seria ameaçado ao colocar seus olhos em Elisa Collier, uma bolsista da faculdade em que estuda, e é o...