— Não há perigo; Jacobes e Evelyn estão em um cruzeiro pelo Mediterrâneo. Soube ontem que Jeremias e Thomas estão no centro financeiro de Londres. Carolina... essa nunca vai para lá sem Jeremias. Bem, eu estaria louco se não tirasse vantagem disso.
Disse-lhe eu tranquilamente, sem me preocupar com o seu alarde.
— Isto não me soa bem, Dominic.
— Estou criando as oportunidades e farei tudo o que estiver em meu poder para ter Elisa.
— Dize-me, o que farás com os empregados da casa?
Perguntou-me ela com aflição na voz.
— Já resolvi isto; a casa estará vazia até o fim de semana. Agora, não penses mais nisso.
Eu me calei para que ela compreendesse que aquela conversa já não me interessava.
Minutos depois, eu saía pela porta que dava acesso a uma construção anexa, separada da casa por um pequeno caminho de pedra. Havia ali aparelhos instalados para minha atividade física.
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Por volta das nove horas da manhã, eu olhava para uma placa que indicava o caminho para Lington Island. Guiando o carro para esta direção, eu cruzei a ponte de seis quilômetros que atravessava o mar. Passamos pelo grande portão de bronze o qual sustentava sobre ele o nome Metherral. Embora houvesse outras formas mais rápidas e mais impressionantes de chegar à ilha, a situação não me permitia usar os outros recursos.
Pois bem, após passar pelo heliponto que servia a ilha, por algumas quadras de tênis, por um campo de golfe e por um curto trajeto que de um lado possuía um vastíssimo bosque formado de faias, e, do outro, um penhasco que era banhado pelo mar, levei a caminhonete para frente da mansão que reinava soberanamente no centro de alguns hectares de um belo jardim. A mansão possuía diante dela uma magnífica piscina marmorizada.
Olhei ao meu lado para Elisa que, com os olhos bem abertos, movimentava o rosto para todos os lados, como se não soubesse para onde olhar.
— Esperem aqui, eu não demorarei, preciso resolver algumas coisas.
Disse-lhes eu, tirando os óculos escuros e virando-me para trás, trocando um breve olhar com D. Charlote.
Fora do carro, imediatamente fui recebido por uma brisa salgada que soprava brandamente e pelo som das ondas que se quebravam na praia.
Ainda que eu estivesse — em certa medida — seguro de que a casa se encontrava vazia, eu era sempre bastante cauteloso em momentos arriscados; pus meus olhos e ouvidos em alerta e, meticulosamente, eu atravessei o gramado observando o meu entorno. Entrei na casa e, muito rapidamente, sondei alguns dos cômodos: nenhum movimento, nenhum ruído. Certamente, eu era o único lá dentro.
Naturalmente que, quando voltei, Elisa, com seu talento todo especial para me desafiar, já estava do lado de fora do carro segurando benjamim e olhando deslumbrada para a paisagem que a rodeava.
D. Charlote, que estava de pé junto a Elisa, ao me ver, caminhou até mim com um vinco de angustia na testa.
— Não há motivos para tanta aflição.
Disse-lhe despreocupado.
Depois de pegar o carrinho do bebê e as bagagens no carro, conduzi Elisa para dentro da casa.
Na sala de estar da suíte perguntei a Elisa se ela estava gostando.
— Tudo aqui é tão bonito, parece que estou em outro mundo.
Respondeu ela indo até a janela, e, depois, emendou:
— Quem mora aqui?
— Ninguém em específico; é propriedade da minha família. Podemos ir dar um mergulho no mar?
Sugeri.
Os olhos de Elisa brilharam indicando que eu estava no caminho certo.
— Benjamim...
— O bebê está dormindo; D. Charlote cuidará dele.
— Não vamos demorar muito, não é?
Perguntou, parecendo não saber bem se devia, ou não, ir.
— Depende do que chamas de muito; mas creio que não. Ponha uma roupa de banho, temos que aproveitar o sol.
— Oh, isso não! A única roupa de banho que possuo não me é decente, mas vestirei uma roupa mais fresca.
— Ah!...
Murmurei como se não me lembrasse de toda perturbação que senti quando a vi com ela.
Trocamos de roupas, e Elisa usava um tipo de saia curta que me transtornou tanto, a ponto de me desviar os olhos.
Poucos minutos depois, estávamos diante da entrada principal.
— Posso segurar-te na mão?
Não esperei resposta, peguei-a pela mão e nós dois saímos para o jardim. Descemos os degraus e caminhamos até chegar na extensão de areia deserta.
Entretanto, as pesadas e altas ondas, que se avolumavam e se quebravam violentamente na areia, mostraram-me logo que o mar não estava propício para o banho.
— Bem, teremos que mudar os planos.
Disse-lhe eu.
— E o que faremos?
Perguntou-me Elisa, lançando um olhar triste e distante para o mar. Depois, virou para me olhar.
— Há um lago, podemos ir até lá se quiseres.
O lugar do qual eu me referia ficava no princípio de uma pequena montanha.
Elisa aceitou e, de mãos dadas, andamos por quase quinze minutos pela praia.
O brilho puro do sol refletindo na superfície do oceano, e as gaivotas deslizando sobre o impulso do vento na imensidão do céu azul, tornava o cenário ainda mais estonteante. Não posso mesmo descrever o quanto eu estava feliz.A trilha estreita, com cascalho, terminava num vale. Havia um paredão de rochas negras e pontiagudas que, por cima dele, as águas jorravam, formando um lago cristalino.
— Sinto-me no paraíso.
Disse ela, subitamente.Tirei a camisa e, com as mãos atrás da cabeça, eu a observava: ela estava de costas para mim; levou a mão a nuca para prender os cabelos e, enquanto o fazia, sentou-se em uma grande rocha plana, pondo os pés na água e, fitando-os, os movia vagarosamente. Eu iria tocá-la, quando falou:
— O lago é profundo?— Não muito. Estive aqui duas ou três vezes, quando ainda garoto... acredito que a água chegue-me até os ombros.
— Eu não sei nadar.
Elisa emitiu um suspiro triste, pois sua cabeça alcançava-me pouco abaixo dos ombros, e voltou a olhar seus pés.
Mergulhei, depois, olhei para ela e disse:
— Bem, podes ficar perto das pedras, apoiando-se nelas.
Elisa concordou; fui até ela para ajudá-la a descer da pedra, entretanto, neste movimento, ela desesperou-se e, num tremor assustado, jogou seus braços em volta do meu pescoço. Segundo depois, senti que suas pernas cruzaram o meu quadril — desejei-a. Não querendo que Elisa percebesse a intensidade do meu desejo, afastei-a, segurando-a pelas coxas, elevando-a com rapidez.
O decote da blusa de renda cedeu ao ser molhado, deixando sair a ponta rosada dos seus seios cheios e deliciosos, pondo-os a centímetros dos meus lábios.
— Tive medo... não estou acostumada e acabei... desculpe-me Dominic.
Sorri; custava-me falar.
Esforcei-me e ergui o rosto; Elisa tinha a cabeça curvada, e sobre os meus olhos se fixaram os seus; ela entreabriu os lábios, mas não disse nada; estávamos envolvidos sob a pressão voraz e furiosa do mesmo desejo.
— Posso ensinar-te a nadar.
Consegui dizer.
— Então, ensina.
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Impossível Para Mim
RomantizmDominic Metherral sabe que seu único destino é assumir o império de sua família e está preparado para isso, só não contava que seu futuro perfeito seria ameaçado ao colocar seus olhos em Elisa Collier, uma bolsista da faculdade em que estuda, e é o...