Capítulo 17

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Dominic


— O pai da tua Elisa vai mal, parece ter uma doença grave. Bem... foi isso o que Alícia me informou ontem, por mensagem.

Dizia Holmes, enquanto caminhávamos distraidamente pelo campus.

Já havia notado que o rosto bonito de Elisa, por aqueles dias, andava triste e pensativo.

Sam continuou.

— É precisado de cirurgia, mas não tem os recursos necessários para lhe assegurar a saúde. Aguarda na fila esperando a caridade; porém, parece ser muito difícil... a espera é grande; e o dinheiro que o salvaria, este não possui o desafortunado.

Houve um silêncio.

— Me explique melhor.

Eu pedi, não por que não havia entendido, mas porque precisava assentar a idéia que me ocorreu.

— Foi o que eu disse: ele precisa de uma cirurgia... e a paga parece ser de um valor impossível para as posses dele. Um caso perdido; só lhe resta esperar... pelo pior, talvez.

Bruscamente, meus passos cessaram; e Sam olhava-me sem nada entender.

— Posso jogar aos pés de Elisa esse valor e muito mais.

Meu amigo sorriu, mas com um sorriso de desentendido. Entretanto, rapidamente, pareceu me compreender.

— Uma noite, um montante.

Disse-lhe eu.

— Pensas que ela concordaria?

Perguntou-me ele, com um tom de voz de descrença.

— Não tem escolha, se quiser o pai vivo. Além disso, esta é a oportunidade da qual eu preciso para acabar de uma vez com meu tormento. Mas, antes da proposta, quero vê-la mais de perto.

— Não achas um risco?

— Farei como você fez.

Sam riu até lhe soltar lágrimas dos olhos.

— Dominic Metherral não entra em filas!

Ele disse, ainda rindo.

— Não, não entra. É por isto que eu a odeio.

O estado do meu espírito era o oposto do amigo: o sangue me subia a face; eu estava trêmulo de raiva; era vergonhoso, uma afronta ao meu orgulho.

Na tarde deste dia, não era a do escritório prático, mesmo assim, conservei-me no prédio acadêmico.

"A empresa que esperasse! O que eu precisava mesmo era acabar logo com aquela situação."

Quando a vi no balcão da lanchonete, não tardei, e me apressei naquela direção, uma manobra planejada. O que eu não contava era com a perturbação que senti: demasiadamente nervoso, com as mãos suando frio e o coração disparado sem trégua no meu peito. Meus olhos, fixos em Elisa; esta, ainda mais bonita de perto do que de longe.

Pois bem, entrei na fila dos pedidos; três pessoas na minha frente e não demorou para tantas outras atrás de mim; os rostos alarmados e os burburinhos que se formaram por minha presença ali pareciam não afetar Elisa.

Ela estava abatida, agia como se nem ao menos estivesse naquele lugar; distraída, deixou cair, por duas vezes, um pacote no chão. Meus olhos queriam olhá-la a todo momento, embora, não pudesse fazê-lo; e os seus vagaram uma única vez na fila, mas não pareceu fitar em ninguém.

Irritado com sua indiferença, antes mesmo da minha vez chegar, decidi retirar-me dali. Vaguei sozinho naquela tarde, sentindo-me muito humilhado.

"Elisa nem ao menos deu por mim."

Pensava comigo mesmo. Não era acostumado a passar despercebido, e seu desinteresse trouxe em mim uma fúria descabida.

Na ocasião, mesmo em cóleras, não me deixei levar pela atenção não oferecida por uma inferior e, no outro dia, meticuloso, pedi a Holmes que me comprasse um telefone descartável. O amigo e cúmplice me fez o favor e, de noite, eu já tinha o telefone em mãos.

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora