Capítulo 80

372 68 37
                                    



Apavorada com aquela atitude inesperada dele, gritei o seu nome e, de um modo abrupto, Dominic se levantou no mesmo instante. Tremendo dos pés a cabeça, eu cobri com o lençol as partes vulneráveis do meu corpo, enquanto o via sentar-se na beira da cama com o rosto mergulhado entre as mãos.

— Peço-te desculpas, Elisa. É só que... é um grande esforço, por vezes.

Após um momento de silêncio, respirou fundo e ergueu o olhar, fitando-me como se este simples gesto lhe causasse uma enorme dor.

— Não está nada fácil. Na verdade, fica mais difícil a cada dia; olhar para você e não poder dizer que te amo... não poder tocá-la.

— Podes ter quem bem entender, Dominic; não precisa ser eu.

As palavras saíram quase como se eu não as pudesse controlar.

— Julgo que ainda não me compreendeste, Elisa. É a ti que o meu coração pertence; e eu daria o mundo, se eu o possuísse, para tê-la para mim; ter o teu coração.

Durante todo o tempo em que falava, Dominic não parou de me olhar. Não sei bem dizer como ele pronunciava estas palavras, mas o fazia com tristeza, como se desejasse evitá-las.

"Algo em mim, sentiu a força das suas palavras."

De uma maneira cautelosa, sua mão alcançou-me acima do meu tornozelo, em um toque suave, mas o suficiente para me causar um arrepio. Dominic acariciava a minha pele com o polegar, para cima e para baixo.

Sem que eu oferecesse a menor resistência ao seu toque, seus dedos, aos poucos, foram substituídos pelos seus lábios, que subiam devagar, em beijos quentes e demorados, em ambos os lados do meu corpo. Eu sabia que eu deveria me levantar, mas eu estava incapaz de me mover, sentindo a pressão dos seus lábios, pouco a pouco, indo cada vez mais longe, até a parte macia das minhas coxas.

— Dominic...

Sussurrei; e mesmo dominada pela turbulenta sensação que os seus lábios me causavam, puxei as minhas pernas, em um último esforço para mantê-lo distante.

Observei-o vindo lentamente e se ajoelhando ao meu lado, em cima da cama. Depois, sentou-se sobre os seus calcanhares, estendendo a mão e puxando para baixo, delicadamente, o lençol que me cobria.

Quis dizer-lhe alguma coisa, mas não conseguia falar.

Com seus olhos fixos em mim, ele se inclinou para frente e continuou a arrastar seus lábios entreabertos pela linha da minha cintura, parando no centro do meu corpo e beijando-me onde as minhas pernas se uniam; depois, seguiu subindo... no umbigo, e, mais acima, em cada um dos meus seios. Repentinamente, lançou-se para trás e se despiu da camisa de qualquer jeito, atirando-a para o lado, como se ela o estivesse queimando.

Compenetrado, Dominic voltou e deitou-se sobre mim, posicionando seu corpo entre as minhas coxas. Apoiado em seus braços, beijou-me o ombro esquerdo, mordendo-o suavemente; depois, olhando-me nos olhos, procurou pela minha boca, tomando-a em um beijo voraz. Com as nossas línguas entrelaçadas, ele se ergueu ligeiramente e, com uma das mãos, desabotoou o botão da calça e abaixou o zíper, retirando o restante de suas roupas.

Esquecida de toda a minha raiva, eu só pensava no calor devastador do seu corpo encontrando o meu. Entregando-me a ele em um abandono intenso, nossas mãos se buscaram e se entrelaçaram num aperto forte. De súbito, Dominic afastou a boca e murmurou contra os meus ouvidos:

— Eu te amo.

Com o ruído das nossas respirações misturadas e cada vez mais descompassadas, olhávamos nos olhos um do outro como se estivéssemos nos vendo pela primeira vez.

Ainda inundados de um prazer tão profundo, Dominic voltou a grudar as nossas bocas e, então, ouvimos o bebê chorar.

Dominic levantou levemente o rosto, encostando a sua testa na minha; sua expressão mudou, parecia que ele tinha levado uma punhalada; mas, logo, um leve sorriso lhe pairou no rosto.

— Deixe que irei vê-lo.

Dito isto, Dominic se ergueu, vestiu rapidamente a calça que estava no chão e seguiu para fora do quarto.

Envolta pelos mais contraditórios sentimentos, eu olhava para os lençóis com uma certa melancolia, compreendendo tarde demais que eu havia cometido um erro. Repentinamente, lembrei-me de que foi deste modo que Benjamim chegou a este mundo.

"Entrei em pânico."

— Dominic, tu tomaste precaução?

Perguntei-lhe já de pé, enrolando-me no lençol assim que o vi entrar pela porta do quarto.

— Do que estás falando, Elisa?

— Bem, foi assim que Benjamim nasceu. Não foi?!

— Sim, foi. E o que tem?

Não entendi por que ele falava quase sorrindo, enquanto eu estava muito preocupada.

— Como, o que tem? Não posso ter outro bebê. Não vês?!

— Por que não? Não acho ruim termos outro filho, afinal, já temos um...

Observei-o por um momento, temendo acreditar no que ele estava me dizendo.

— Não brinques com uma coisa dessas, dize-me logo... eu não preciso me preocupar com isso, não é?

Notei que Dominic ficou um pouco espantado, mas, rápido, o espanto se desfez.

— Ah, sim, claro; não te preocupes.

Disse-me ele, com uma perfeita calma e com muita naturalidade. Certamente, fiquei muito aliviada; entretanto, eu ainda não poderia compreender, naquele momento, o mentiroso competente e extraordinário que Dominic era.

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora