Capítulo 66

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Dominic


Acordei com um barulho estridente, intenso, capaz de estourar qualquer vidraça, e demorei alguns segundos para entender o que estava acontecendo.

Benjamim, ao meu lado, sacudia as suas pequenas pernas no ar e berrava com toda a força. No lugar onde estava Elisa, agora se via um amontoado de almofadas.

Quando ouvi o ruído de água, soube que Elisa estava tomando banho.

Levantei-me de imediato, pegando com cautela o pequeno e frágil corpo do bebê em meu colo, e pus-me depressa na direção da sala de banho. Uma batida na porta fez chamar a atenção de Elisa.

— O que queres Dominic? Não ouses entrar aqui! Espero que não sejas capaz...

Eu era ousado e capaz; no entanto, mesmo tentado, eu não faria uma coisa dessas.

— Elisa, o bebê está chorando; eu não sei bem o que fazer. Acredito que Benjamim está precisando de cuidados.

Reprimi o desespero na voz, tentando não parecer suplicante.

O silêncio de sua parte e o choro cada vez mais alto do meu filho deixaram-me agoniado.

— Elisa!

— Não há forma alguma de que eu saia agora. Tem uma bolsa com tudo de que precisas para trocar-lhe a fralda.

Me instruiu.

— Não posso fazer isso... nunca o fiz antes.

— Bem, farás agora. És tão inteligente... sempre à frente na astúcia; isso não te será um problema.

Não passou despercebido por mim a sua risadinha abafada.

Relançando meus olhos pelo cômodo, encontrei sobre a poltrona a bolsa que Elisa mencionara. Ainda trêmulo, a busquei.

Sentindo a minha testa franzir e os meus olhos se arregalarem, deitei Benjamim com cuidado na superfície da cama.

— Certo garotão... isso não pode ser tão difícil.

Céus! Uma fralda suja... a quem eu estava enganando?

Como a maioria dos homens (acredito), eu só tinha uma vaga noção de como se cuidava de um bebê; me interessava mais pelo princípio, com o ato de fazê-lo, do que com o que viria depois.

Abri a bolsa, pegando dali a única coisa que me era familiar: a fralda.

Depois de muito suar, consegui retirar uma parte das roupas miúdas do bebê; fiz o mesmo com a fralda suja, pensando, a todo momento, quanta coragem se tinha de ter para estar fazendo aquilo.

Nesse meio-tempo, enquanto esticava a mão para apanhar a fralda nova, repentinamente, um jato amarelo e quente voou no meu peito, molhando a camisa que eu estava vestindo.

Sem esperar, ouvi uma risada atrás de mim.

— Fizeste tudo errado!

Disse Elisa, parada na porta da sala de banho.

Vindo na minha direção, empurrou-me levemente para o lado e passou à minha frente, para mostrar-me como deveria ser feito. Instintivamente, dei um passo para trás.

— Bem, esta é uma habilidade que nasce com a prática. Primeiro, não se pode retirar a fralda por completo... coloque o paninho aqui; limpe com isto; tens de ser rápido para lhe pôr a outra fralda; assim... estás vendo?

— Sim, estou vendo.

Não era verdade: eu estava tenso, olhando-a em um grande choque, pois, o modo como Elisa saiu, enrolada em uma toalha... e, quando ela se curvava para cuidar do bebê, deixando parte de suas coxas amostra... e o seu quadril avantajado mais evidente... aquela visão tentadora do seu corpo voluptuoso golpeou-me os sentidos; senti-me muito agitado ao vê-la assim como estava.

Fora de mim e tentando me salvar, não olhei mais para ela e, de súbito, me vi na banheira, imerso na água fria.

Depois do banho, encontrei-me mais calmo, e não os achei no quarto. Vestido com um terno bespoke, atravessei a casa, atraído pelo som da voz de Elisa e dos balbucios do meu filho.

— Ainda bem que chegaste.

Disse-me ela assim que entrei na cozinha.

— Sentiste a minha falta?

Era uma pergunta que, naturalmente, no que a mim me cabia, eu já sabia a resposta; no entanto, eu teria gostado se ela dissesse que sim.

— Como ligo isto? Estou há tanto tempo tentando... preciso ferver a água para o chá. Como se usa este fogão? Não entendo... um fósforo e um girar de botões já não seria o suficiente?

Continuou ela, como se não tivesse me ouvido.

Eu nunca havia chegado perto de um fogão, e a dúvida dela também era a minha, mas não pude desperdiçar a oportunidade de estar bem perto dela. Fingindo distração, fiquei ao seu lado, de modo a encostar o meu braço no seu, e me agachei também, ao ponto de deixarmos nossos rostos muito próximos um do outro.

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora