— Ah, Lisa! Há quanto tempo que não nos vemos! O que houve? Por que desististe do curso? Foi por conta do bebê, não é?! Uma pena! Parecias tão empenhada.... estou contente em te ver. Fazes-me muita falta.
Disse-me ela, de mãos dadas com o rapaz, ostentando cinicamente um sorriso no rosto.
— Faço-te falta, Alicia?! Terias, certamente, passado direto sem dizer-me nada se eu não a tivesse segurado.
— Eu não te vi. Juro!
— Esta é uma desculpa conhecida.
— Não é nenhuma desculpa, Lisa. Que injustiça me fazes! Logo eu, que fiz tanto por ti... e se não tivesses sumido, faria-te muito mais.
Alícia, com o rosto triste, olhou para o rapaz de ombros estreitos, qual tinha um jeito perspicaz, e levou a mão ao olho, com um gesto de quem enxugava uma lágrima que, naturalmente, a tinha inventado.
— Pare! Eu já soube de tudo. Nunca foste minha amiga!
Espantada, seus olhos se abriram.
— Como não?! Do que falas, Lisa?
— Falo do dinheiro que recebias para dizeres sobre a minha vida, e de todas as benevolências que me fizeste. Acreditei e confiei em ti; pensei, realmente, que fosses uma amiga, mas não passas de uma impostora.
Disse-lhe eu, dando completa vazão à minha raiva.
O rapaz soltou a mão de Alícia e deu um passo para o lado, afastando-se dela.
Nos olhos dissimulados de Alícia surgiu uma sombra de fúria.
— Pois, se tens raiva de mim, Lisa, que tenhas mais por Sam, afinal, a idéia foi toda dele... do teu namoradinho escondido.
— Sam?! De quem estás falando?
Alícia riu, mas logo tornou-se séria.
— Não te faças de tonta, Lisa! Sabes muito bem quem é Sam, o pai do teu filho; e se queres saber a verdade, para mim, foi um grande alívio quando não precisei mostrar-lhe mais o meu interesse por ti; não sabes o quanto me era humilhante fingir ser amiga de alguém como você.
Disse-me malignamente.
— Tu não tens coração, Alícia. Pensas que em mim a tua maldade ficará satisfeita? Eu não posso sentir nada além de pena de uma alma encardida como a tua.
O rapaz, em silêncio, mas atento à nossa conversa, movia a cabeça em negativa, enquanto Alícia olhava-me como se quisesse deixar-me claro que eu havia lhe prejudicado.
De súbito, o rapaz saiu dando passos apressados, e Alícia correu atrás dele, tentando, inutilmente, segurá-lo pela camisa.
— Espere! Charles! Não é bem isso que ouvistes, deixe-me explicar!
Fiquei olhando Alícia ainda correndo atrás dele entre os estudantes, até desaparecerem no pátio.
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O encontro com D.Rose decorreu de acordo com o que pensei: recebeu-me com muita alegria, mas logo a tristeza foi evidente em seu rosto quando anunciei que, por razões maiores, não poderia aceitar aquele emprego. Em seguida, houve uma agradável conversa em que ela me narrou maravilhas sobre a sua vida, com palavras que me deixaram verdadeiramente feliz. Ficou novamente triste na despedida, mas prometi-lhe que voltaria na primeira oportunidade.
Durante o regresso da capital, pensava em Alícia e nas coisas que ela me dissera. Que alma horrível era a dela; e, se eu soubesse que a encontraria, eu não desejaria ter ido até lá. Perguntava a mim mesma o que será que ela quis me dizer com tudo aquilo. Fosse como fosse, eu estava inclinada a descobrir.
Saltando de um desastre para outro, veio-me, então, no pensamento, Dominic, e mergulhei na torrente de sentimentos indesejados que ele provocava em mim. Nunca havia experimentado nada parecido, e recusava-me acreditar que principiava a gostar dele.
— Impossível!
"Mas este impossível começava a migrar para a região das probabilidades."
Assim que desci do ônibus, senti uma brisa gelada bater no meu rosto. Rápido o céu ficou coberto por nuvens escuras e uma garoa fina começou a pairar nas folhas das árvores. Em pouco tempo a fina garoa transformou-se em chuva grossa. Fui correndo para a casa.
— Que temporal!
Exclamei assim que entrei em casa, fechando a porta logo atrás de mim. Pela janela da frente da casa, D. Charlote, com Benjamim nos braços, parecia abismada olhando o céu.
— Foi tão repentina esta mudança de tempo.
Disse ela, ainda com os olhos no céu.
Dirigi-me para eles:
— Como se comportou o meu filhinho?
Perguntei com um sorriso; e D. Charlote respondeu-me que Benjamim era um bebê muito calminho e que em tudo ele a fazia se lembrar de Dominic ainda pequeno.
— Por falar nele... Dominic chegou? Tenho uns assuntos importantes para tratar com ele.
— Falei-lhe ainda agora. Telefonou perguntando-me se tu já tinhas chegado. Dominic estava preocupado contigo devido ao tempo. Disse-me que já estava perto e que, antes que a noite viesse, ele cá já estaria.
A noite veio e ele não chegara. O vento lá fora soprava furioso ao redor da casa, e a chuva torrencial batia cada vez mais violenta no telhado. Ardendo de impaciência, apoiei o meu rosto no vidro frio da janela; eu olhava as árvores agitando-se e debatendo os galhos umas nas outras. Via os relâmpagos cada vez mais fortes, e os trovões dominavam o céu. Uma noite pavorosa, muito tempestuosa.
Voltei-me para D. Charlote que, naquele momento, muito pálida, ao meu lado, segurava o aparelho telefônico em uma das mãos.
— Isto não vai bem... a senhora tem certeza de que Dominic disse que estava perto? Já está quase na hora de se ir dormir e ele não chega.
— Sim, foi a última coisa que ele me disse; não consegui falar-lhe mais. Naturalmente, não há sinal em seu telefone.
— Pensas que pode ter ocorrido alguma coisa má com Dominic na estrada?
Perguntei-lhe eu com a voz me faltando e sentindo o meu corpo contrair-se com um estranho aperto no peito.
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Impossível Para Mim
RomanceDominic Metherral sabe que seu único destino é assumir o império de sua família e está preparado para isso, só não contava que seu futuro perfeito seria ameaçado ao colocar seus olhos em Elisa Collier, uma bolsista da faculdade em que estuda, e é o...