A senhora de meia idade, a quem devo a vida, abria o forno tirando dali os biscoitos.
— Mãezinha! A senhora Harriet veio nos visitar!
Subitamente, os olhos de mamãe voltaram-se para mim.
— Oh, que boa notícia! Não poderia ter chegado em melhor momento!
A travessa foi posta na mesinha da cozinha e, apressada, minha mãe correu na direção de sua amiga.
— Mariley Harriet! Seja muito bem-vinda a esta casa.
— Minha cara amiga! É sempre um gosto lhe ver.
A senhora se pôs de pé, recebendo, com todo afeto, o abraço de mamãe.
— Sente-se! Já é hora do chá.
Minha mãe retornou à cozinha e eu lhe acompanhei para ajudá-la nos preparativos. Não demorou e o chá com os biscoitos foram trazidos para sala.
A prosa foi ficando cada vez mais longa; duas horas se foram, e a professora pareceu não atentar ao olhar ansioso que eu lhe mandava.
— A senhora deseja contar a mamãe?
Por fim, não aguentei.
— Do que se trata? Conte-me tudo o que eu não escutei.
Indagou, mamãe, curiosa.
— Sim, sim, eu já ia lhe falar.
Disse a professora sorrindo.
— Thereza, trago comigo uma novidade: uma universidade importantíssima da capital abrirá algumas bolsas permanentes por mérito. Oh, como estou contentíssima! É tudo favorável para que Lisa curse licenciatura. Sabes tão bem quanto eu que nossa menina guarda consigo esta vocação. Que pouca sorte teremos se não for Elisa a me substituir na escola do condado, não acha? É certo que eu logo devo pedir a carta de descanso.
Minha mãe nada respondeu; a percebi atônita; como que levasse um choque.
—Thereza!?
A mulher à sua frente, diante de tão profundo silêncio, a chamou.
— Não conte comigo! Você sabe perfeitamente que Sebastian nunca permitirá.
Assim veio a resposta que tudo transtornou... Infelizmente, o rosto de mamãe continuava inexpressivo e pouco animador, deixando todos os meus pensamentos felizes irem embora.
— Mãe! Eu lhe imploro!
Exclamei, insistindo, tão desesperada.
— Tem certeza, minha querida amiga? Deves considerar as vantagens de um diploma para pessoas simples como nós somos.
A senhora Harriete, nada convencida, intercedia a meu favor. Fez uma pausa, na esperança de uma resposta; porém, minha mãe não estava disposta a lhe dar.
Então, mamãe se levantou abruptamente, andou de um lado para o outro na pequena sala e, de súbito, estagnou.
— Que idéia a tua Elisa!
Disse, aborrecida, com os olhos severos direcionados a mim.
— O que uma menina educada nos costumes do condado sabe sobre a capital?
Continuou.
Imediatamente, me retraí. Sempre o fazia quando sentia a repreensão em sua voz.
Em seguida, ela moderou a impetuosidade, sentando-se novamente. As mulheres se entreolharam e, minha mãe, após fitar a amiga durante alguns segundos, disse:
— Não sei o que seria dela... a capital... o mundo lá fora... céus... Elisa é excessivamente ingênua.
Mamãe mostrava-se insatisfeita com o rumo da conversa; no entanto, em seu íntimo, via também ali uma enorme oportunidade.
— Compreendo perfeitamente e lhe asseguro que Lisa teve a melhor educação dentro dos nossos costumes. Dei-lhe um voto de confiança; não é nenhuma desajuizada.
O gênio dócil da professora tentava trazer a calma necessária.
— Oh, Sebastian não permitirá.
Eu me ajoelhei em sua frente, em posição de juramento, com as mãos no peito.
— Mãezinha! Conto com sua ajuda para convencer meu pai.
— É coisa que não lhe garanto, desde já lhe aviso.
— Considere a sorte mamãe!
— Escute só... não fale como se fosse algo garantido e não a conquistar.
— É uma chance...
Naquele instante, ouvimos o barulho do trinco torcido abrindo a porta, para o crepúsculo e para o vento entrar.
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Impossível Para Mim
RomanceDominic Metherral sabe que seu único destino é assumir o império de sua família e está preparado para isso, só não contava que seu futuro perfeito seria ameaçado ao colocar seus olhos em Elisa Collier, uma bolsista da faculdade em que estuda, e é o...