Capítulo 6

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Papai passava pelo portal e, olhando para baixo, levou a mão ao chapéu de palha, tirando-o da cabeça; em seguida, o pendurou no gancho atrás da porta, como tinha costume de fazer.

— Thereza e Lisa, esperei pelas duas no armazém, mas ninguém apareceu. Não sei o que se passou pelo condado hoje, com tantos fregueses.

A voz, arrastada pelo cansaço da idade.

— Nesse caso, cabe a mim pedir-lhe desculpas por ter tomado o tempo das duas, Sebastian; não foi minha intenção lhe atrapalhar.

Ele voltou o rosto para dentro da sala e, só então, percebeu a senhora Harriete sentada na cadeira.

— Minha cara, está enganada, sou eu quem peço desculpas, pois fizeram elas muito bem ao espírito estando em sua companhia. Muito prazer em vê-la Mariley! Como vai?

Cumprimento de papai foi gentil, algo inato de seu caráter.

— Vou muito bem. Porém, devo lhe dizer que não melhor do que o senhor, que dispõe da sorte de ter tão alegres companhias todos os dias.

Papai seguiu o andar até a frente de mamãe, que se encontrava sentada no pequeno sofá. Levemente encurvado, beijou-lhe carinhosamente o alto da cabeça. Adiante, se acomodou em sua poltrona gasta, já com algumas costuras e remendos feitos por minha mãe.

— Meu caro marido, Harriet acaba de chegar da capital e trouxe consigo novidades.

Era aos sorrisos e com brandura que mamãe lhe contava a novidade. Se a visse a poucos instantes, não se daria que era a mesma pessoa.

— Elisa na capital?! Ora, mesmo que a sorte lhe fosse grande, não posso conceder que viva sozinha, sem marido e longe da proteção do meu teto; a capital não é segura para alguém que nunca esteve além das fronteiras de Lester.

Disse ele.

— Sebastian... Lisa é uma menina adorável! Ouso dizer que há mérito em nossa criação. Sempre fora muito ajuizada. Veja, Mariley dispôs de igual oportunidade e isso só lhe favoreceu. Não podemos desperdiçar tal possibilidade.

Mamãe retrucou.

— É verdade. Naturalmente, estive na mesma posição de Lisa ainda quando moça. E garanto que nada poderia ter sido melhor do que eu ter aproveitado aquela bolsa permanente. São tão poucas para nós e, felizmente, meu pai, naquela época, ficou a meu favor.

Lembrou a professora, deixando papai um pouco zangado.

Bem...aquela luta foi ficando grande, o duelo de duas contra um. Eu ouvia calada pois estava longe de ser considerado o peso de minha decisão; embora eu já tivesse meus dezoito anos, viam em mim uma moça boba, uma dessas que não percebe a maldade alheia.

" Eles estavam certos."

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora