Capítulo 25

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Elisa


Havia em mim uma vívida alegria pela notória convalescença de papai. O vigor lhe retornava conforme as semanas iam passando, melhorando de todo da doença que quase o levou.

Porém, o brilho dos meus olhos já não era o mesmo. Eu tive minha honra maculada, e ninguém o sabia se não eu e o desconhecido; e deste, só o nome — nada me garantia ser verdadeiro — eu sabia.

Minha vida em Lester estava arruinada... quem ousaria ter um futuro com alguém como eu?! Violei os bons costumes do condado... um desgosto.

Os dias de choro e terror pelo mal feito já haviam passado, mas a incerteza do posterior ainda me preocupava.

"Um segredo que eu estava convicta em não revelar pelo resto de minha vida, não fosse pelo destino, este que brincava comigo."

O relógio na parede da lanchonete já apontava para o fim do expediente e, em cima da mesinha, eu recolhia a bolsa onde eu guardava meus poucos pertences. Dirigi meus passos à porta onde continha uma plaquinha azul, escrito com letras brancas, "Administração" — era a sala da D. Rose; bati na porta e esperei a licença concedida para entrar.

— Entre!

A voz doce autorizava a minha entrada. Assim eu fiz, encontrando a gentil senhora sentada atrás de uma mesa de madeira, rabiscando alguns papéis.

— Vim lhe avisar que a hora já é avançada. Peço permissão para ir para casa, se a senhora não precisar mais de mim, é claro.

Os olhos, que estavam concentrados no que escrevia, voltaram-se para mim por cima de seus óculos de grau.

— Pode ir, querida; daqui a pouco, eu também irei.

Neste momento, caiu-me um grande mal-estar; meus olhos turvaram... ainda tentei me segurar na maçaneta da porta, sem êxito, meu corpo esmoreceu e, ao longe, escutei um roçar de cadeira no chão, e nada mais.

Pouco a pouco, despertei com as pálpebras mais pesadas do que o habitual.

— Elisa, que bom que você acordou!

O rosto conhecido de D. Rose trouxe um pouco de paz à minha confusão. Ela segurava firmemente minhas mãos.

Olhei calmamente a minha volta, deparando-me com um ambiente desconhecido por mim; simples era a mobília do lugar, sem nenhum adorno; e, as paredes, alvas como a neve.

A porta se abriu, atraindo para ela o meu olhar, e, por ali, passou um sujeito de boa presença, vestido de branco, com seu instrumento de trabalho, que lhe contornava o pescoço — um estetoscópio cromado.

— Vejo que estás melhor.

Disse o homem, aproximando-se da maca onde eu estava deitada, examinando-me os olhos.

— O que aconteceu comigo?

Balbuciei, sentindo-me um pouco fraca.

— Sou o doutor George.

Ele se apresentou. Depois, olhou para baixo, mirando o prontuário que carregava em sua mão.

— Não deves se preocupar, tudo não passou de um susto. Devo lhe esclarecer que é um susto comum em seu estado... seu filho está bem, em perfeitas condições...

Sobressaltei-me na mesma hora, cortando sua fala.

— Espere! Deve ser um engano, eu não tenho um filho!

O médico olhou-me fixamente e, serenamente, perguntou-me:

— Você não sabe?!

— Desculpe, eu não entendo o que estás me dizendo.

Os olhos do médico procuraram os da D. Rose, questionando-a... e, com um falso sorriso, ele disse o que mudaria minha vida para sempre.

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora