Dominic
Pareceu-me uma queda muito rápida: em um momento eu estava ali, com meu rosto quase tocando no dela, apreciando os cuidados de Elisa comigo, pensando o quanto tivera sorte de ter sido ferido; percebendo que, devagar, eu avançava em quebrar as suas defesas; notando que, ao me olhar, seus olhos se dilatavam com o brilho ardente do desejo, sua pele ficava radiante e a sua respiração tornava-se tão depressa que se assemelhava à minha; era um encanto ver aquilo, e assistia fascinado ao esforço que Elisa fazia para esconder de mim as emoções que isto lhe causava.
No outro momento, ali estava eu, prestes a despencar com ela tão perto da verdade.
— Então, Dominic, diga-me logo! Quem é Sam?
Perguntou-me outra vez. Ela estava de braços cruzados e só a dois passos de distância (o que me dificultava o raciocínio), olhando para mim, aguardando uma resposta.
"A resposta que eu não poderia lhe dar."
Se eu estivesse prevenido para aquela pergunta, poderia ter apresentado um rosto sem qualquer expressão, mas, tomado de surpresa, não tive nenhuma reação. Nunca imaginei que Elisa se encontraria com Alícia no amplo território da universidade; aquela era o tipo de situação que eu temia e fazia de tudo para evitar.
Apreensivo com a descoberta, pensei em me levantar, procurando ganhar algum tempo e ver se alguma idéia surgia em minha cabeça, mas, logo que pensei, compreendi que esta era a pior atitude para se tomar. Não achei nada para dizer, no entanto, eu lhe disse:
— Não sei. Como eu poderia saber?
Não era uma forma muito boa de esquivar-me da sua pergunta, mas, a meu ver, dava prova de uma aparente indiferença.
Elisa recuou e deu uma volta no quarto, indo sentar-se no divã. Seus cabelos estavam penteados em uma farta trança que lhe caia pelas costas até a cintura. Estava muito bela e também muito sedutora com aquele vestidinho branco.
— Não sabes?! Realmente, não sabes?! Porque eu gostaria muito de entender por que Alícia acredita que este Sam é o pai do meu bebê.
Naquele momento, não havia ninguém no mundo tão irritado e inquieto quanto eu, pois achei um extraordinário absurdo que Elisa pudesse ter um filho que não fosse meu.
— Não sei o que Alícia quis dizer com isto, Elisa. Garanto-lhe que não sei.
— Isso não é verdade! Alícia acreditava piamente no que estava me dizendo. Eu não sou assim tão boba, Dominic.
Sua voz era muito incisiva e quase altiva.
Ergui-me e, vendo-me levantar, Elisa levantou-se também. Havia, decerto, algo em meu rosto que a fez se assustar, pois uma expressão de defesa e medo lhe invadiu o rosto.
— Não vejo que relação eu posso ter com isso. Alguma vez me referi a outra pessoa além de mim mesmo? Não faço idéia por que ela inventou essa história. Não te esqueças, Elisa, que fui eu quem te disse que a pagava.
Acrescentei muito friamente, retomando o meu autocontrole:
— Se não acreditas em mim, telefona para Alícia... pergunta a ela... ou, se quiseres, eu te levo até ela.
Menti, mesmo sabendo que assumia um terrível risco de ser subitamente tragado para minha própria trama e, consequentemente, desmascarado naquele mesmo instante. Mas de que outro jeito eu diminuiria a sua desconfiança em mim?
Elisa ficou calada durante alguns segundos, com as mãos apoiadas nos quadris, com o queixo erguido, observando-me como se estivesse pensando se tinha algo de verdade em tudo o que eu lhe dissera.
— Não vou telefonar para ela; não quero vê-la; não depois de tudo o que ela me disse.
Falou finalmente, aliviando-me um pouco.
— Estamos bem, Elisa; chegamos a um acordo; somos amigos e não há motivos para retrocedermos.
"Amigos... não sei por que propus aquilo quando eu sabia muito bem que nunca poderíamos ser só amigos. Contudo, aquela conversa no carro me fez bem e pareceu desanuviar a atmosfera."
Uma batida muito conveniente na porta interrompeu a nossa conversa, era D. Charlote que voltava com a sopa e com o chá.
— Podes buscar para mim? Estou só com a roupa de baixo; não fica bem D. Charlote me ver assim.
— Também não fica bem andares assim aqui comigo.
Disse-me ela, mostrando as suas garras de gatinha selvagem e brava, que me divertiam.
— Não é isso o que teus olhos estão me dizendo, Elisa.
Elisa corou e abriu a boca, como se lhe faltasse o ar.
Na manhã seguinte, ao acordar, eu me levantei, mas não sem antes gastar uns bons minutos fazendo o que eu mais gostava de fazer... observar Elisa.
"Podia passar horas inteiras a contemplá-la."
Beijei-lhe o ombro com amor e fui até a janela pensando no quanto tudo ficaria mais fácil se o tempo estivesse bom, embora, uma vez lá, não faria tanta diferença.
Afastei as cortinas para avistar o céu limpo e os primeiros raios de sol surgindo no horizonte. Escutei um barulho e virei os meus olhos para a cama, encontrando Elisa ainda despertando, com as pálpebras pesadas pelo sono.
— Não quis acordar-te. O tempo está bom.
Disse-lhe eu lembrando-a do meu desejo pelo passeio. Elisa olhou para mim com grande surpresa e, depois, para janela, como se não pudesse acreditar naquela informação.
— Aonde vamos?
Perguntou-me ela. Mas, em vez de olhar para o seu rosto, meus olhos prestavam uma demorada atenção no relevo sensual das curvas dos seios fartos que se revelavam por uma abertura na camisola.
— Quero dizer-te uma coisa, Dominic: foi para um passeio como amigos que me chamaste, não para ficar aturando olhares indecentes da sua parte.
Dizendo isto, Elisa abotoou os botões superiores da camisola, arrumando-a no corpo. Eu não podia evitar querê-la e, tentando não sorrir, voltei o meu rosto para a janela.
Era, sem dúvidas, um dia excelente para tudo o que eu pretendia fazer com ela.
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Impossível Para Mim
RomanceDominic Metherral sabe que seu único destino é assumir o império de sua família e está preparado para isso, só não contava que seu futuro perfeito seria ameaçado ao colocar seus olhos em Elisa Collier, uma bolsista da faculdade em que estuda, e é o...