Capítulo 22

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Elisa


O carro não tardou a aparecer na porta da minha casa. Para quem olhasse de fora, os vidros eram absolutamente escuros. O primor do automóvel, o qual eu vi brevemente, confirmava o que já suspeitava: a afronta veio do alto de um dos presunçosos universitários. Ali estava quem eu achava que era desprovido de empatia e bom coração; o pior de todos.

A raiva foi tamanha que procurei não fitar quem se encontrava lá dentro; meu olhar seria fulminante... e a situação em que me encontrava, não era das melhores.

Pois bem, dentro do carro, meu rosto voltou-se rapidamente na direção oposta ao do seu condutor, reservando-me ao prudente silêncio.

— Coloque o cinto.

Sobressaltei pelo susto. A voz, naturalmente grave, era altiva e sentenciosa. Os modos deixaram transparecer sua petulância, causando uma impressão ainda mais desfavorável a seu respeito. O que resolvi fazer foi obedecê-lo... a vida de meu pobre pai era mais importante do que impressões irrelevantes sobre alguém que eu pensava que nunca mais trataria de perto.

Fosse quem fosse, pôs o carro em marcha, e o silêncio se seguiu pela viagem; nenhum de nós estava disposto a quebrá-lo. Quando meus olhos se abriram, ainda com o rosto virado para a janela, achei-me em um lugar diferente, desabitado. A estrada era sinuosa, com uma inclinação elevada. Neste momento, pensei no pior e comecei a me agitar; entretanto, achei melhor conservar-me no obscuro: as chances de sobrevivência de uma vítima que não era conhecedora do rosto de seu algoz pareciam-me mais reais.

Bem, o pesadelo da viagem passou-se assim: com meus olhos ora fechados e ora fitando a janela. No momento em que o carro finalmente parou, diante dos meus olhos apareceu um bonito chalé.

Eu ouvia, ao longe, o vento cortante agitando os galhos das árvores, assombrando-me ainda mais. Estava morrendo de medo. Por todos os lados, a situação em que me achava não era animadora. Minhas mãos começaram a suar frio e friccionavam uma na outra. O coração, este não se aquietava dentro do meu peito. Ouvi o barulho da porta do condutor se fechando e, em segundos, o barulho da porta se abrindo ao meu lado, fazendo minha alma se afastar do meu corpo. E, pela primeira vez, eu o olhei.

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora