Capítulo 42

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Ela parou e fez um movimento que deixou todo seu corpo voltado para mim; franziu a testa fitando-me um olhar estranhamente desconfiado.

— Por que esta pergunta?

Nervosa, eu receei de que a menção do nome dele aflorasse nela a suspeita de quem era o pai do meu filho.

— Bem... ouvi algumas meninas falando este nome e fiquei um pouquinho curiosa.

Não sendo eu acostumada a mentir, e não gostando de o fazer, minhas mãos suavam frio e a minha voz também falhou. Porém, que escolha tive eu?! Felizmente, ela pareceu acreditar porque a expressão rígida que lhe cobria o rosto foi trocada por um sorriso meio bobo e olhos um pouco sonhadores.

— Oh! Quem me dera conhecê-lo, Lisa! Ele é o herdeiro de uma fortuna imensa, um intocável. Sua família também é a dona desta faculdade, o que já deves imaginar, pois esta possui o seu sobrenome; e, além disso, que beleza ele tem... é tão esbelto... e que charme incrível... eu daria tudo só para falar-lhe.

Dizia ela, suspirando e parecendo muito encantada.

Era uma resposta pela qual eu não estava esperando, pois tinha comigo a suspeita de que Alícia o conhecesse. No entanto, o meu semblante calmo e sereno não demostrava os meus pensamentos insatisfeitos e confusos.

"Naturalmente, naquela altura, a despeito de eu ainda não saber exatamente quem era Dominic, outrossim, Alícia também não sabia que era ele que estava por trás disso tudo, pois o único contato dela era Sam, de quem ela desconfiava ser o pai do meu bebê."

Assim, convencida de que ela não o conhecia, disse-lhe eu em um tom de voz ponderado e indiferente:

— Deve ser bonito então.

— De fato, ele é.

— Tu gostas dele?

— Todas gostam!

Disse ela, rindo.

Suspirou outra vez e continuou:

— Eu o vi duas vezes aqui na faculdade e, acredite, é um homem naturalmente superior... pelo que ouvi dizer, está terminando o seu segundo curso aqui; me parece ser Direito ou qualquer coisa assim.

O que Alícia não sabia é que, por trás da boa aparência, Dominic era verdadeiramente um homem cruel; e que, possivelmente, ainda se dava ao prazer de me perseguir só para me rebaixar.

— Estou muito admirada de tu não saberes quem ele é.

Exclamou-me Alícia com espanto.

Não era de se admirar que eu não soubesse nada em relação a ele, pois os ecos do mundo chegavam em Lester de maneira escassa, e não ficávamos sabendo dessas coisas no condado. Ademais, eu pouco apreciava os instrumentos tecnológicos, servindo-me deles somente em caso de extrema necessidade.

"Lamento muito por isso pois, se eu tivesse tido um pouco mais de interesse, ter-me-ia evitado tanto desgosto."

— Olha, se tiveres mesmo curiosidade, alguns sites de notícias têm assuntos sobre ele; não são muitos, dado que ele parece ser bem reservado.

Eu não disse nada e, voltando a caminhar, não tocamos mais no assunto. Depois, me despedi dela, pondo os meus pés na direção do meu trabalho, na lanchonete.

Porém, as palavras de Alícia tiveram o seu efeito: em vez de seguir em linha reta, como havia de ser, virei à direita, para o corredor que levava até a sala de informática. Fiquei parada na porta cerca de uns cinco minutos antes de entrar. A sala estava vazia.

Lá, um desejo muito natural e pouco louvável me fez digitar o nome de Dominic nos teclados do computador. Quis ler o que era escrito sobre ele.

Tive um choque, e não tenho condições de dizer quais foram as calamidades que aquelas linhas lidas tiveram em mim: as manchetes atribuíam a ele o posto de herdeiro de um império. Que era um filho da riqueza, disto eu já sabia, bastava somente olhar para ele para saber de onde veio. No entanto, o que mais me surpreendeu foi a sua elevada importância social... um poder muito perigoso para se ter sendo um homem com uma aura tão maldosa como a dele.

"Mais do que nunca, eu o queria muito distante de mim; mas, distante, na verdade, ele não ficou, dado que a contínua crueldade com a qual o destino vinha me tratando decretava totalmente o contrário."

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora