Capítulo 65

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Ele parou no centro do quarto, com sua postura ereta, e ficou olhando para mim.

Um sentimento de medo começou a agitar o meu coração.

— Estás surpresa de me ver aqui?

— Eu não esperava.

Respondi, ainda confusa, procurando me acalmar do susto que tive por sua súbita e inesperada aparição.

— De que te espantas?

Dito isto, Dominic mirou o canto do quarto, abaixando as vistas para o chão.

— Ah, então é por isto... não desfizeste tua mala.

Disse-me ele despreocupado.

— O que isto tem a ver?!

— Este é o meu quarto tanto quanto o seu; se tivesses desfeito tua mala, saberias disso. Minhas roupas estão no closet.

Ele começou então a desabotoar os botões da sua camisa.

— O que estás fazendo?

Fiz menção de me levantar, mas ele fez um gesto com a mão indicando que eu ficasse.

— Não, não te movas! Estás tão bem aí...

Depois, despiu a camisa, ficando nu da cintura para cima. Desviei os meus olhos sem saber ao certo para onde olhar, nem o que fazer.

Sua figura era inquestionavelmente máscula e fora do comum; seu corpo era perfeitamente moldado; Dominic era bastante belo e atraente para qualquer mulher, e eu não duvidaria que fosse lascivamente perseguido por elas; e se eu me interessasse somente por isto, estaria perdida e completamente enfeitiçada por sua beleza.

— Isso não está certo; não podemos ficar juntos aqui.

Disse-lhe eu, fitando-o nos olhos.

— Não podemos?! Por que não? Não vejo nada de errado.

— Não é obvio?! Não temos intimidade para tal coisa; ademais, não somos casados; não deveríamos sequer estarmos dividindo a mesma casa. Por favor, saia.

Sua expressão era de perplexidade. Se eu tivesse lhe dito que o sol nunca mais iluminaria a terra, sua expressão seria a mesma.

— Temos um filho, Elisa.

— E daí?! Isso nada quer dizer.

— Não quer?! Tens certeza?! Pois, vejo muito diferente: um filho é o ápice de uma união; algo tão íntimo de se fazer... não te lembras?!

Olhou-me maliciosamente, como fazia algumas vezes.

Não sei se sua intenção era constranger-me, mas ele estava conseguindo.

— Se ficares aqui, eu não fico.

— Onde fores, eu te busco. Quero-te perto de mim.

— Pois, penso o contrário: te quero distante.

Retruquei.

Dominic se sentou na beira da cama, próximo aos meus pés, como se eu não tivesse lhe dito nada, e começou a retirar os sapatos.

— Por que o bebê está aqui?

Perguntou-me ele de onde estava.

— Eu não quero o meu filho longe de mim.

— Ele não estará longe, Elisa, estará somente a dois passos desse quarto.

Se referia à distância que se levaria para chegar ao quarto de Benjamim, sendo ele bem em frente a este.

Não lhe dei ouvidos, acariciando os finos fios dourados do meu filho, que estava em um sono profundo, alheio a toda desordem em que estavam as nossas vidas.

Subitamente, Dominic virou-se e reclinou-se tanto para mim que senti a sua respiração ofegante nos meus joelhos.

— Tens medo de que Elisa? Achas que não resistiria a um toque meu? É isto?

Sua fala era cheia de provocação.

Em um pulo saltei da cama, pondo-me de pé.

— Ora, Dominic, não te faças de importante.

Ele ergueu-se, e um pequeno sorriso pairava em seu rosto.

— Isto eu não posso evitar, é um hábito que possuo desde que entrei no mundo.

— Está claro que não posso ficar aqui; é bem provável que tentes me atacar. Parece se esquecer de que entre nós só há um vínculo, Dominic... um único vínculo e nada mais .

Tomado, de repente, por um ar sério, seu sorriso desapareceu. Observava-me com um olhar estranho, demasiadamente concentrado e pensativo.

— Volte para cama. Acho-te deliciosa e irresistível, mas, apesar disto, verás que te tratarei com todo respeito.

Dito isto, virou-se e seguiu direto para a sala de banho. Lá de dentro, pouco tempo depois, veio o som de água caindo.

Suspirei.

" Se Dominic estava falando seriamente, eu não sabia bem; de qualquer maneira, eu precisaria aprender depressa como lidar com ele."

Deitei-me outra vez.

Quando ele saiu do banho, o seu bom perfume requintado encheu todo o ambiente. Fechei os olhos (mas não totalmente), espiando-lhe o rosto pelo canto da vista.

Dominic se aproximou da cama retirando as almofadas e posicionando-as de uma forma metódica em cima do divã; e pude notar, por seus movimentos precisos, como ele era terrivelmente organizado.

Ele deitou-se na outra ponta da cama, tendo, entre nós, Benjamim.

Fechei meus olhos completamente e, mesmo sem o ver, eu sabia que ele estava me olhando.

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora