Capítulo 29

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— O quê?!

Foi tudo o que consegui dizer.

"Dominic não poderia ter sido tão imprudente."

— Parece que se assustou!

Ouvi a sua risadinha maldosa ao fundo da linha.

— A gestação... de quanto tempo estamos falando?

Indaguei, ainda perplexo.

— Sabe... não estou em dia com meu figurino; e também tenho algumas dívidas na praça, e com...

— Diga-me de uma vez! Eu pago o que for preciso.

— Está bem, não precisas te irritar! Tu deves te preocupar... foi hoje mesmo que ela chorava pela descoberta, como a tonta que é... pobrezinha!

Disse ela com uma risada sarcástica.

— Seis semanas... e se você pensar e fizer a contagem, bate certo com a última informação que lhe passei: o endereço da casa dela. E se eu...

— Cale-se! Você me aborrece. Faça o seu trabalho e mantenha-me informado!

Desliguei o telefone atordoado. Claro que Alícia pensava que a criança era minha, mas não me importei, pois eu não tinha o peso do nome dos Metherral nas costas.

À noite, conduzi-me às pressas até a cobertura de Dominic. Não precisei ser anunciado para subir, tendo eu acesso livre para entrar no prédio.

Bati na porta. Eu estava tão desnorteado que nem lembrei da campainha.

O amigo abriu a porta com as sobrancelhas levantadas, questionador pelo ato apressado:

— O que houve contigo?

— Comigo, nada. Mas não posso falar o mesmo por ti. Onde está D. Charlote?

Saí entrando mesmo sem o convite, enquanto o dono da casa fechava a porta.

— Já se recolheu.

Olhava em volta do cômodo para ter a certeza de que não havia ninguém ali.

— E a empregada?

— Também. Então, o que é?

Arrastei o olhar para ele e disse de uma vez:

— Tua Elisa está grávida, e é teu!

Dominic empalideceu. A notícia lhe fez mal. Parou diante de mim, olhando-me calado e, através dos dentes cerrados, proferiu estas palavras:

— O que disse?! Este não é assunto para brincadeiras.

— Pareço estar brincando?

Uma onda vermelha lhe invadiu o rosto.

— Ela não se preveniu?

Sua altivez natural explicou a frieza da pergunta.

— Naturalmente que não. O que se esperar de uma ingênua matuta? Tu mesmo disseste que a moça nunca esteve com outro. Sendo você mais homem do que ela era mulher, as chances de Elisa nada saber sobre estas coisas não eram baixas.

— Ela é mulher, carrega consigo a obrigação de saber.

— Tu não te escutas? Ela estava desesperada... e, além disso, a quem recorreria?

— Isso, talvez; mas quem dará a prova de que não executou um plano preparado?

Dominic ficou fora de si, jogando ao chão um objeto que achou à sua frente.

— É impossível eu encarar tal futuro...

Dito isto, ele pegou a chave do carro sobre o aparador e saiu às pressas. Não consegui detê-lo; e, sem responder ao meu chamado, seus pés correram para fora da cobertura.

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora