Dominic
Me surpreendi com o que eu vi: Elisa estava um pouco abatida, como se tivesse passado a noite toda chorando; no entanto, sua beleza continuava igual, era muito superior a qualquer outra, pois, mesmo em condições de indisposição, continuava linda.
— Oi! Bom dia.
Disse-lhe eu em um tom conciliatório, procurando ser gentil.
Ela não me disse nada e ficou na porta, imóvel, calada, fuzilando-me com os olhos. Hábil, dei um passo à frente, introduzindo-me ao interior da sala, enquanto Elisa, rapidamente, recuava de costas. No mesmo momento, o choro do meu filho ficou ao alcance dos meus ouvidos.
— Espere um instante.
Disse-me ela assim que o choro do bebê ficou mais alto; adentrou apressada no quarto e depois voltou com Benjamim nos braços. Os olhinhos cianos do meu filho observaram todo o cômodo até pararem em mim. Não evitei o sorriso.
— Permitas que eu o pegue?
— Não é preciso.
Disse ela, entre dentes, sufocada de tanta raiva.
— Eu insisto.
Não esperei a resposta e o peguei de seus braços. Elisa não teve outra alternativa senão me entregar o menino.
— Tome cuidado.
Observou, com sua evidente irritação.
Sem jeito, eu tentava acomodá-lo em meu colo, tendo a ajuda dela. A sensação de carregá-lo em meus braços deixou-me vibrante de felicidade.
Elisa ficou calada; movia tão somente os olhos que, muito bonitos, fitavam, ora no bebê, ora em mim.
— E agora, o que será?
Perguntou-me ela, no fim de um tempo de silêncio.
— Bem, já penso em irmos; temos um longo caminho pela frente.
— Saibas que, hoje, graças a ti, estou perdendo o meu horário de aula, e nem pensei ainda em como remediar esta falta. Como sabes, aqui é um lugar distante e sempre tenho que acordar bem cedo. Deixar Benjamin na creche do governo para, logo depois, ir à faculdade, custa muito do meu tempo...
Não escutei mais nada depois que Elisa mencionou a creche do governo; fiquei chocado, quase atordoado.
— O que disseste?! Podes repetir?
— Que há de ser?! Não prestaste atenção?! Pode te parecer coisa pouca, mas, para mim, é muita...
— Creche do governo?! Ora, não deverias tê-lo posto lá junto com aquela gente.
Demonstrei-lhe o meu desagrado.
— Aquela gente sou eu... e também ele.
Rebateu-me prontamente.
— Não o quero lá!
Dei a ordem.
Ela cerrou os olhos, fixando eles em mim.
— Bem, é preciso; já te disse o motivo; agora, se tiveres outra sugestão de como...
Não a deixei terminar a fala, fui astuto e, mesmo fervendo de raiva, vi nesse infortúnio uma oportunidade.
— És a mãe... ele ficará contigo. Pause a faculdade se for preciso.
— O quê?! Ah, não, isso não!
Disse-me ela ferozmente e com as narinas se dilatando. Depois, respirou fundo e abrandou a voz; deve ter compreendido que seria inútil se dispor contra mim.
— Dominic, tenha boa vontade... sou bolsista e sabes que não posso... perderei a bolsa permanente. Eu quero continuar a estudar e me formar.
Diante do meu silêncio, ela insistiu, tremendo nervosamente as mãos.
— Ouça, penso que não seja para tanto aborrecimento. Será melhor ires conhecer a creche; é de confiança; se quiseres...
— Basta!
A minha voz tornou-se um pouco alta pela irritação.
Elisa virou o rosto e se dirigiu a um canto da pequena sala. Sabia que ela havia recorrido às lágrimas e se escondia para que eu não pudesse ver.
— Peço desculpas.
Disse eu num tom de voz mais baixo, penalizado.
— Sinto muito ter elevado a voz. Apenas não permitirei meu filho em nada do governo; e penso que sua criação deva ter, unicamente, a influência do pai e da mãe. É o certo; e será assim.
Inventei um pretexto que se prestasse à minha vontade.
— Pois fique sabendo que isso é maldade da sua parte; sabes que, dessa forma, eu vou perder a bolsa permanente... vou perder a bolsa!
Continuou no canto escondendo o rosto, que sabia muito bem estar banhado em lágrimas.
— Deixe Benjamin crescer, pelo menos, um pouco mais, e, depois, eu pagarei os teus estudos. É uma promessa que eu te faço.
— Que escolha tenho eu?!
Apesar de eu não gostar, eu estava lhe induzindo medo, e ela acatou as minhas exigências; entretanto, não satisfeita pelas resoluções, virou-se com fúria para mim; seus olhos vermelhos e molhados cruzaram com os meus, e, com a língua ferina, ela me disse:
— Eu te odeio! Eu te odeio tanto...
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Impossível Para Mim
RomansaDominic Metherral sabe que seu único destino é assumir o império de sua família e está preparado para isso, só não contava que seu futuro perfeito seria ameaçado ao colocar seus olhos em Elisa Collier, uma bolsista da faculdade em que estuda, e é o...