Capítulo 58

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 Elisa


O tempo passava e eu me conservava ainda no mesmo lugar, no meio da sala, sentada sobre os meus calcanhares, sem conseguir reter os meus soluços e nem as minhas lágrimas.

Parecia que ainda via Dominic ali diante de mim, com os braços cruzados e um sorriso quase imperceptível que não lhe largava o rosto, com aquele ar de realeza insolente, e um olhar firme e ameaçador, dando-me todas as suas ordens imperiosas, como um malvado tirano.

"Tinha a impressão de que estava em meio a um sonho terrível e sem acreditar no que me aconteceu, a situação impensável para a qual eu havia sido arrastada."

Não compreendia a razão da sua presença em minha casa, nem o seu súbito interesse pelo meu filho; no entanto, logo senti esmigalhar o meu coração quando, cheio de si, ele me apresentou aquela certidão de Benjamim. Depois, o meu coração quase parou de bater quando me revelou que sua intenção era tomá-lo de mim.

Foi horrível, eu fiquei com tanta raiva... mas esta não durou muito e, rapidamente, deu lugar ao medo.

Benjamim era tudo o que eu tinha, minha única luz dentro daquele buraco negro em que eu estava metida.

Mesmo sendo ingênua, eu não ignorava os infinitos meios que Dominic possuía para retirar o meu filho de mim. Ele entraria em um tribunal com uma infinidade de advogados relatando o quanto Benjamim estaria melhor com ele. Quando chegasse a minha vez, eu seguiria com um único advogado designado pela justiça, tentando explicar como criaria o meu filho com o meu pouco ordenado.

Que esperança eu poderia ter?!

Dominic era um homem muito rico, extremamente poderoso e de reputação respeitável. Já eu, desprovida de recursos, desprezada por quase todos e impotente; essa era a minha posição perante o mundo. A força que eu tinha contra ele era nenhuma, e qualquer palavra dele valeria muito mais do que a minha.

Essas reflexões, junto com as suas ameaças, me fizeram chorar.

Como se a minha dor já não fosse o suficiente, Dominic ainda teve o atrevimento de dizer que me pouparia de me tirar meu filho, com a condição de vivermos com ele.

Sua exigência me chocou e trouxe ao meu espírito pavor; mal pude acreditar nas palavras inimagináveis que lhe saíram da boca, era demais... mas, apesar dos meus protestos, e não sabendo por onde escapar, fui obrigada a concordar com ele.

Ainda me refazendo daquela triste surpresa, sucedeu-me outra quando, inesperadamente, confessou-me que me amava. Era difícil crer que isto fosse verdade (Dominic me parecia um homem sem sentimentos, e achei mesmo que ele estava zombando de mim), mas ele me olhou um tanto espantado, como se tivesse sido pego a dizer o que não deveria — ou queria —, levando-me logo a ver que falava a verdade.

Não pude ouvir tudo aquilo calada, pus os meus olhos nele, o enfrentei, rebati com raiva, disse que não o amava e, que se o seu motivo para me querer junto a si fosse para me fazer gostar dele, de nada adiantaria.

Houve um breve silêncio e uma sombra de irritação lhe caiu no rosto. Depois, com o olhar severo e frio, avisou-me que estivéssemos prontos na manhã do dia seguinte para nos levar com ele. Chorei, e assim que ele bateu a porta, indo embora, veio-me uma vertigem, um suor frio, um tremor excessivo nas pernas; eu não conseguia ficar de pé; caí de joelhos, lembrando-me de tudo o que acabara de me acontecer. Quis gritar até ficar rouca.

Quem ele pensava ser para se meter na minha vida dessa maneira?! Oh, o dinheiro! O dinheiro...

"Achei que não haveria mais desespero para mim; iludi-me, o destino não era meu amigo e agora é que o desespero começaria."

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora