Capítulo 15

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 Elisa


Sentia-me inteiramente feliz; tantas boas mudanças: os estudos em licenciatura indo de vento em popa; o emprego, muito bem-vindo, me caiu como uma luva; também, a amizade recente e inesperada com Alicia — da qual a primeira impressão eu pensava estar enganada —, ela tornou-se gentil e adorável comigo, muito curiosa... mas, ora, quem não seria com uma viajante de tão longe? A bem da verdade, não foi difícil de eu cair em sua "conversa."

Eu voltava para casa no balanço da condução e, nesta hora, a noite já começava a se apresentar; os pensamentos felizes me rodeavam. Nas quintas-feiras, me comprometi com mamãe de sempre lhe telefonar, e, naquele dia, foi isto que fiz quando cheguei em minha casa.

— Alô!

Já de pronto, a voz de mamãe não estava como de costume; uma melancolia extrema.

— Sou eu, mãe! Lisa! O que se passa? Não me parece bem.

— Oh, Lisa, é você...

Ali, não disse mais nada, só ouvi seu choro... e, em mim, cresceu a preocupação.

— Mamãe, o que está acontecendo? Por favor, diga-me! Estou aflita!

— Uma desgraça caiu sobre nós, Elisa: seu pai adoeceu... não se sentiu bem, então, o levei ao médico da localidade; precisei da ajuda de Cícero, nosso vizinho. É grave, Lisa; risco de morte; foi o Dr. John que me assegurou. O coração de Sebastian não anda nada bem... ele precisa de uma cirurgia...

A voz embargou e senti toda sua dor, que também era a minha; e dos meus olhos atiraram-se as lagrimas.

— Quando isso aconteceu?

— Ontem, e a saúde dele tem piorado. A fatalidade que nos assombra é de não haver tempo o suficiente devido a espera pela cirurgia gratuita. Sebastian precisa ser o primeiro da fila, mas é o último, e não temos recursos para uma cirurgia paga. Oh! Já espero pelo pior...

— Pelos céus, mamãe, quando iria me contar? Estou à partir imediatamente para Lester. Amanhã mesmo entro no primeiro ônibus.

— Não faça isso, filha, não pode haver faltas para uma bolsista. Além do que, nada podes fazer... só um milagre poderá salvar seu pai. Chegue no sábado, se isso lhe acalma o coração.

Infelizmente, a razão era com ela: eu não poderia faltar nem um único dia sem pôr em risco a bolsa permanente.

— Não tenha dúvida, mamãe, no sábado, é em Lester que estarei! De quanto estamos falando?

Minha mãe disse-me a quantia (caso fosse preciso pagar pelo procedimento) e não pude desesperar-me mais: um valor absurdo, de um horizonte distante, não havia um cálculo em que eu pudesse cobrir esse montante. O telefonema foi encerrado deixando-me com uma tristeza profunda.

"Meu coração partiu no meu peito."

Em consequência disso, meus olhos estavam vermelhos de tantas lágrimas e, internamente, não aceitando me despedir de papai. De repente, uma idéia tomou-me e eu me agarrei a ela.

Impossível Para MimOnde histórias criam vida. Descubra agora