1 - A casa velha

115 6 0
                                    

Arnaldo estava subindo a velha escadaria de madeira que o levaria para o interior da velha casa de madeira que herdara do pai.
Antes de entrar, parou em frente à porta, notando pequenos buracos feitos por cupins em toda a parede.
_Não vai durar mais um ano e essa casinha não aguentará mais em pé. Teremos que ver um lugar para construir, material de construção...
Seu olhar fixou-se na esposa, que cantarolava enquanto cozinhava no velho fogão à lenha.
_ Onde estão Miguel e Mary?
_No porão, brincando com os ossos da carne de porco que fizemos ontem.
Arnaldo esboçou um sorriso, comentando:
_ Na casa que vamos construir, vamos fazer um porão enorme, para aqueles dois se esbaldar de brincar de "avião de ossos de porco".
_ Já escolheu o lugar para construir?
_Não, Irene. Mas acredito que faremos a casa nova logo aqui em frente a essa. Assim facilitará a mudança.
_Mas precisamos mesmo construir outra casa? Essa aqui ainda está boa. Bom, tem umas goteiras... Uns cupins...Boooom, as janelas não têm mais vidros... Sem contar aquele buraco na parede podre, onde os gatos entram e saem quando bem querem.
_Amanhã vou ao banco, vejo se consigo um emprestimo. Assim, já poderemos ter nossa casa, maior e melhor. Um quarto pra cada uma das crianças, o nosso, um pra receber visitas, sala e cozinha. Ahhhh, e uma despensa escura e fresca, pra conservar os alimentos em pacotes que compramos no armazém.
_ Vá espiar as crianças, e ver o que fazem. Enquanto isso, vou terminar o almoço. Esse fogão, hoje, não tá ajudando é nada!
Arnaldo dirigiu-se até o velho porão, onde Miguel e Mary se encontravam.
_Iôôôô!!!
_ Não é assim o ronco do avião, mano. É assim:"Vruuuuuuum"!
Arnaldo sorriu ao ver os filhos tão felizes. Suas palavras saíram automaticamente:
_Deus, obrigado por essa família linda. Mas preciso de uma casa maior, e melhor. Essa casinha velha de madeira, caindo aos pedaços, não serve pra mim.
_ Lavar as mãos e pro rango, gurizada! Ou a sujeira vai roer a barriguinha de vocês, de dentro pra fora!
Miguel e Mary correram até a pequena sanga pertinho da velha casinha de madeira.
_ Primeiro eu, Mary! Eu sou mais velho!
Miguel lavou as mãos e correu até o interior da casa, onde Arnaldo já estava arrumando os pratos e talheres.
_ Deixou Mary sozinha na sanga, Miguel?
_ Claro! Fui lavar rapidinho e vim correndo. Tô com muita fome!
A demora de Mary preocupou Irene.
_ Miguel! Vai ver porque essa guria não vem. Ela tem só 4 anos, e pode até ter caído na sanga.
Miguel saiu e não viu Mary no caminho da sanga até a casa. Seu olhar parou e arregalou-se quando vislumbrou Mary caída na sanga.
_ Maaaaaannnnnaaaa!!!

INFÂNCIA ROUBADAOnde histórias criam vida. Descubra agora