Capítulo 20: Podemos fazer um acordo.

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Meus dedos se firmaram no tecido da minha calça, enquanto eu sentia meu sangue começar a ferver até virar brasas dentro do meu corpo. Não me importava quando me levavam para aquelas correntes e me chicoteavam até eu não aguentar mais. Mas odiava ser ameaçado como um bicho sendo encurralado.

—Por que isso é tão importante pra você? —Indaguei, umedecendo os lábios com a língua ao me inclinar para mais perto dele, como ele havia feito comigo. —Você não tem pretensão de sair do inferno e não tenho certeza que Khan está interessado nisso também. Então por que enviá-lo como seu campeão?

—Isso não é da sua conta, é? —Hunter praticamente rosnou, sem qualquer pingo de paciência no rosto. Trinquei os dentes, pensando em como sair daquela situação de merda, antes que ele estragasse tudo de fato. —O que está preso no fundo da prisão vertical?

Eu o encarei, pensando em milhares de respostas que poderia dar pra ele. Cada uma com uma possibilidade de me levar a vida ou a morte. Mas Hunter não estava interessado em esperar, então quando demorei a responde-lo, um único olhar para Sadie foi o suficiente para avisar a vampira do que ele queria.

Fui jogado para fora da cadeira, que desabou no chão com um estrondo junto com meu corpo. Sadie pressionou o pé sobre meu peito, usando toda força que sua raça tinha no sangue para esmaga-lo, removendo todo o ar de dentro de mim, enquanto eu sentia uma pressão insuportável no meu coração, como se ele estivesse prestes a falhar.

—E se fizéssemos um acordo? —Indaguei, engolindo o nó que se formou na minha garganta quando Sadie aliviou a pressão no meu peito, com os olhos faiscando em puro desejo de me matar. Mas Hunter estava se aproximando, com as sobrancelhas e um sorriso idiota na cara. —Podemos fazer um acordo. Podemos nos ajudar.

—Por que eu ia querer fazer um acordo com um escravo? —Ele cuspiu em mim, fazendo o sangue subir para o meu rosto com a vontade de revidar. Rangendo os dentes., forcei o pé de Sabie para sair de cima do meu corpo, conseguindo encarar a expressão descrente de Hunter ao me encarar como um inseto que ele poderia apenas pisar.

—Um escravo que você tem certeza que está na sua frente no desafio da morte. —Soltei, forçando meus lábios a se abrirem em um sorriso. —Então acho que isso poderia ser muito vantajoso pra você, já que o seu campeão não saiu mais do lugar.

—Khan já tem novas apostas de onde a sereia pode estar. —Ele deu de ombros, enquanto eu me sentava no chão e soltava uma risada baixa e sombria, desdenhando daquilo. —Só preciso que você abra essa sua boca e me fale sobre o que encontrou na prisão vertical, e ele ira partir atrás dela.

—Deixa eu adivinhar, Lago de Sangue? —Fiquei de pé, limpando a sujeira das minhas roupas, por mais inunda que ela já estivesse. O ato arrancou um rosnado de Sadie, como ela estivesse ofendida. Sorri com aquilo, antes de erguer os olhos e encarar Hunter de queixo erguido. —E se eu te disser que ele está indo pra uma furada? —Hunter ergueu as sobrancelhas, como se aquela informação de fato o agradasse. —Pode me matar agora, tentar ir atrás de Fedra, ou pode fazer um acordo comigo. Se me ajudar, ajudo você também.

—E o que você teria pra me dar além de informações que eu posso simplesmente arrancar de você. —Ele puxou uma espada e pressionou contra minha garganta, beliscando minha pele de leve, como um alerta de que ele não estava querendo brincar.

—Eu tenho um plano. —Afirmei, soando mais confiante do que verdadeiramente pretendia. Mas naquele momento, um plano realmente estava se formando na minha cabeça, tão claro e perigoso, como valioso. —E um informante.

—Que informante? —Hunter se aproximou mais de mim, fazendo minhas sobrancelhas erguerem, já que ele não havia dito se aceitava ou não. Isso o fez cerrar os olhos, frustrado com a forma que eu estava levando aquela situação. —Não quero sair do inferno, mas quero vencer isso e ganhar alguns pontos com a morte. Talvez ela me dê algo em troca da minha vitória. Tem algo que eu desejo a muito tempo e que só ela pode me dar.

—Posso te ajudar a vencer. —Sussurrei, observando as criaturas que passavam ao redor, evitando olhar para Hunter ou prestar atenção na conversa dele. —Aquele lusion me deu algumas informações importantes. Não sei porque, mas deu. Acho que ele queria irritar Jonas ou talvez até a própria morte. Mas ele me disse onde a sereia está. —Olhei para Hunter, sentindo a ansiedade borbulhando nas minhas veias quando percebi que havia ganhado sua atenção. —Não na prisão vertical e muito menos no Lago de Sangue. Posso te contar onde, mas precisa me ajudar a vencer a próxima batalha no fosso e conseguir Fedra. Se eu sair vivo e com ela ao meu lado, posso ir atrás da sereia pra você, como seu campeão. A vitória será sua. Escravo ou não, consegui ir mais longe que qualquer guerreiro que mandaram atrás da sereia e eu sei onde ela está agora.

—Eu já tenho um campeão, ou está se esquecendo de Khan? —O sorriso de Hunter era a morte estampada. —E ele o mataria se soubesse que está tentando roubar o lugar dele.

—Ele ainda será seu campeão. A diferença é que você terá mais um. O dobro da chance de conseguir o que quer da morte. —Afirmei, meu sorriso sendo a sombra de confiança e determinação. —Você só tem a ganhar com isso, Hunter. Terá minhas informações, mas um guerreiro para conseguir a sereia pra você. Só precisa me ajudar a conseguir Fedra. É a única coisa que eu quero em troca.

—Pra ser meu campeão, você precisa deixar de ser um escravo. —Hunter lembrou, como se eu estivesse ignorando alguma coisa ali. —Um escravo pra sempre será, a não ser que alguém o compre e o liberte. Então não é apenas Fedra que você quer.

—Aposto que você tem ouro o suficiente pra comprar minha liberdade. —Foi a minha resposta. Talvez não a mais inteligente, mas eu já estava mergulhado nas minhas próprias mentiras de qualquer forma. Ficar livre, era um bônus.

—Eu compro a sua liberdade, mas quero a pena do corvo em troca. —Declarou, fazendo meu coração afundar no peito e a raiva queimar na minha língua. Ele estendeu a mão pra mim, como se me desafiasse a não aceitar aquilo, quando tinha sido eu a propor aquele acordo. Com movimentos rígidos, queimando meus músculos, ergui a mão e apertei a dele. —Muito bem, campeão, para conseguir Fedra, sua segunda luta no fosso será contra o dragão.



Continua...

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