Capítulo 22: Considere-se livre.

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Sadie estava esperando quando sai do castelo e entrei no navio. Hunter não estava a vista, além dos milhares de machos e fêmeas que trabalhavam pra ele, de diferentes raças. A maioria delas que poderia matar um humano com as próprias mãos, sem precisar de muita força.

A vampira me guiou pelos corredores do navio, que era muito maior do que aparentava ser, me levando até o escritório de Hunter. Quando entramos, ele estava sentado atrás de uma longa mesa de madeira, com uma imensa janela com vista para todo inferno. Mapas pelas paredes e caveiras pelo teto, provavelmente de todos os seres que ele já havia matado ou mandado alguém fazer por ele.

Khan estava sentado em um sofá de pele, brincando com o que parecia ser um pedaço de osso entre os dedos. O sorriso que havia me lançado não era nem um pouco amigável, deixando claro que por ele eu estaria morto uma hora dessas. Não me importava, na verdade. A única pessoa que eu precisava impressionar estava sentado do outro lado daquela mesa, me encarando com os olhos brilhando em interesse.

—Sente-se, Fox. Temos assuntos a tratar. —Ele indicou a cadeira do outro lado da mesa, enquanto eu sentia Sebastian se enrolando em meu peito, me apertando tanto a ponto de prender minha respiração, assim que ouviu o mago me chamar por aquele nome que eu o proibi. Quando me soltou, segundos depois, foi quase impossível esconder de Hunter o quão pesado minha respiração saiu quando fiz o que ele pediu. —Espero que esteja pronto pra amanhã, porque nós estamos.

—Se me disser que sabe como me manter vivo no fosso com um dragão e vencê-lo. —Dei de ombros, querendo resolver aquilo o mais rápido possível e voltar para aquele quarto que havia se tornado minha prisão. —Vou estar pronto pra qualquer coisa que vier.

—Ai é que está, você não vai vencer. Não dá forma como está pensando. —Afirmou, me fazendo erguer as sobrancelhas, me virando para encarar a expressão de Sadie, apenas para ter certeza de que eu havia escutado certo. Mas ela estava mais ocupada observando a própria unha pintada de vermelho sangue. —Você não vai precisar vencer. A única coisa que precisa fazer é fugir com Fedra.

—E como, exatamente, você espera que eu faça isso? —Falei, tentando não soar tão grosseiro, porque na verdade eu duvidava muito que Hunter entendesse o quão sério era essa situação, já que não era ele quem iria enfrentar um dragão. Minha vida estava em risco ali e apesar de eu estar no inferno, não queria acabar morrendo de fato. Eu queria viver. Mais do que qualquer outra coisa, eu queria ser livre e queria viver.

—Presta atenção. —Khan se levantou do sofá, se aproximando da mesa ao meu lado. —O fosso possui todo um sistema de magia para funcionar, para que nenhuma criatura que entre lá para lutar, consiga sair e atacar todos os sangue nobre. —Khan colocou a mão na minha cadeira, se inclinando para perto de mim, o que me fez comprimir os lábios. —Uma barreira de magia separa o fosso das varandas onde todos ficam para assistir as batalhas.

—Eu sei disso. —Murmurei muito lentamente, me inclinado para longe dele, antes de me virar para encara-lo, erguendo as sobrancelhas. —Mas o que isso tem a ver comigo e com a minha possível fuga?

—Pra você fugir, precisamos de uma distração muito grande. Que distração maior poderíamos desejar, do que um dragão voando solto pelo castelo, atacando todos que vê pela frente? —Hunter abriu um sorrisinho malicioso ao dizer aquilo, junto com Sadie e Khan. —Pra sua sorte, eu sou um mago que entende de magia. Pra sua sorte, estou muito disposto a quebrar a magia do fosso e libertar um dragão furioso sobre o castelo.

Eu fiquei imóvel na cadeira, pensando no quanto aquilo era extremamente arriscado, mas também uma ideia muito boa. Jonas estaria preocupado demais em salvar a própria pele, do que proteger as amantes que ele tanto preza normalmente. Fedra ficaria indefesa e seria fácil demais chegar até ela no meio de toda a confusão que seria criada.

—Tudo que você precisa fazer, é chegar a varanda onde Fedra vai estar assistindo. Quando estiver com ela, Sadie vai ajudá-los a sair de lá e chegar até o navio. —Hunter se inclinou sobre a mesa, com o sorriso ficando sombrio. —Então vamos sair daqui, ir até o lugar que está a sereia e você vai fazer sua parte, entendeu?

—É, eu entendi. —Soltei uma respiração pesada, sentindo as escamas frias de Sebastian na minha pele, me causando um calafrio, enquanto ele me apertava mais, como se quisesse que eu entendesse o que ele estava pensando naquele momento. —Isso pode dar certo, eu acho.

—Vai dar certo. Apenas não morra até eu acabar com a magia. —Ele se recostou da cadeira, parecendo tão confiante com aquilo que chegou a me irritar. —Agora a segunda questão. Você quer sua liberdade, então espero que tenha trazido o que eu pedi. Não faz ideia de como é caro comprar a liberdade de um escravo.

Khan e Sadie se afastaram, enquanto eu encarava a expressão paciente de Hunter, como se ele tivesse todo o tempo do mundo comigo. Com os movimentos rígidos, enfiei a mão no bolso da calça e peguei a pena. Os olhos de Hunter brilharam quando ele a viu, seguindo meus movimentos até eu depositar a pena na mesa, bem na frente dele.

Hunter se inclinou e pegou a pena, girando-a mãe frente do seu rosto como se fosse a coisa mais preciosa que havia visto e tocado. Não sabia o que ele poderia querer com ela. Vincular sua vida a outra não parecia ser algo que ele poderia desejar. Mas eu também não fazia ideia do que se passava na sua cabeça completamente insana.

—Considere-se livre, Fox Harper. —Aquelas palavras entraram na minha cabeça, fazendo cada pensamentos meu evaporar. —Não mais um escravo. Não mais ser torturado e chicoteado. Livre.


Continua...

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