Capítulo 48: Yaz Hargreaves.

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Empurrei a enorme porta de madeira que estava no meu caminho, encontrando Daren sentado confortavelmente em um sofá na biblioteca, lendo um livro como se tivesse todo o tempo do mundo. Ele certamente tinha, mas eu com certeza não.

—Todos já sabem que Fedra é a sereia? —Questionei, quase rosnando as palavras pra ele, porque se fosse verdade, Daren certamente saberia. Ele ergueu os olhos do livro, me encarando com uma expressão tranquila. —Sabem ou não?

—O que você achou que ia acontecer quando enganasse Hunter na cara dura e fugisse com ela do seu navio? —Daren fechou o livro, cruzando as pernas e o depositando sobre o colo, de uma forma tão elegante que chegava a ser ridículo. —É claro que todos não demoraram muito a juntar os pontos dessa equação, Harper. Bobagem sua esperar que ninguém desconfiasse. Se envolver com eles, talvez esteja te distraindo e te impedindo de pensar no óbvio.

Soltei um palavrão, erguendo a mão para esfregar meu rosto, pensando no que poderia fazer para resolver aquela situação. Agora eles não estavam atrás de mim apenas para me matar, mas para conseguir Fedra também. Eu precisava encontrar logo aquela sala e libertá-la, ou as coisas ficariam complicadas demais para nós dois.

—O mapa, você conseguiu? —Indaguei, sem deixar de esconder minha raiva e frustração. —Você é filho da morte, aposto que pode conseguir isso em segundos.

Daren riu, como se estivesse se divertindo muito com a minha falta de paciência. Pelo menos alguém ali ainda conseguia ficar feliz, já que eu gostaria de matar alguém com as próprias mãos naquele momento.

—É claro que eu já consegui um mapa pra você. —Daren estalou a língua, soltando um suspiro lento e premeditado. —Mas eu iria sugerir que pensasse um pouco antes de pegá-lo e simplesmente sair por ai para encontra-la. Achar que Fedra era uma humana te dava proteção, Harper. Mas agora que todos sabem, é questão de tempo até explodir. Pense com cautela no que vai fazer.

—Por que está me dizendo isso? —Indaguei, cruzando os braços na frente do corpo, vendo os olhos dele se demorarem no meu, como se ele pudesse imaginar que eu passei a noite sobre a mesma cama que a sereia. —Nada mudou pra mim, se é isso que está pensando.

—Eu não pensei nada. —Ele abriu um sorrisinho irônico, antes de umedecer os lábios com a língua. —Eu sou apenas um observador.

—Guarde suas observações pra você. Nada mudou pra mim. —Falei, sentindo aquelas palavras queimarem nos meus lábios, como se minha própria boca sentisse a mentira que corroía cada uma delas. —Quando podemos partir?

—Na próxima madrugada. Vou preparar tudo para deixar o caminho livre pra vocês. —Daren afirmou, enquanto eu assentia de leve com a cabeça. —Mas depois que saírem do meu território, estarão por conta própria.

Assenti uma segunda vez, antes de virar as costas. Parei no batente na porta, sentindo a tensão causar um buraco no meu estômago. As coisas estavam saindo do meu controle e eu precisava recuperá-las antes que tudo desse errado. Mesmo que todos soubessem sobre Fedra, eu ainda estava na frente de todos eles.

—Preciso que encontre uma pessoa pra mim. —Me virei de volta para Daren, comprimindo meus lábios ao imaginar o que ele pensaria sobre isso. O observei erguer uma das sobrancelhas, com os lábios se repuxando em um sorriso. —O nome dele é Yaz Hargreaves.

—Yaz Hargreaves. —Daren repetiu o nome, como se ele fosse fogo na sua língua, antes de me lançar um olhar furtivo. —Ele não está no inferno, se é isso que deseja saber.

—Então ele está vivo. —Constatei, vendo-o abrir um sorriso que não chegava até os olhos. —Pode descobrir aonde ele está, no mundo dos vivos?

—Posso, mas quero lembra-lo que nem todos os mortos vão para o inferno. Não tenho poder sobre o reino da minha iluminada tia. —Daren depositou o livro na mesa ao lado do sofá, sem tirar os olhos de mim. —Mas mexer com o mundo dos vivos eu posso, mas você sabe que essas coisas exigem demais de mim.

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