Capítulo 21: Você fez um bom trabalho.

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Quando pensei que estava no controle das coisas, Hunter me deu uma rasteira e depois foi a vez de Jonas. Não queria me livrar daquela pena tão cedo, porque ela poderia me ser útil em algum momento. Além do mais, enfrentar o dragão seria o mesmo que cavar a própria cova e depois jogar a terra em cima, porque não tinha a menor chance de eu vencer isso.

Sadie me guiou de volta para aquela sala dos guerreiros, onde Kaled me lançou um sorrisinho malicioso ao me ver com a vampira, enquanto Skyler revirou os olhos e bufou em desdém. Ignorei os dois, entrando no meu quarto com cuidado, porque nunca sabia se Sebastian estaria ali ou não, e não queria que Hunter descobrisse sobre ele.

—Vamos pensar no seu desafio, enquanto isso descanse e se prepare. Hunter não costuma entrar em um jogo pra perder, então você vai sobreviver. —Sadie afirmou, com os olhos brilhando em algo lascivo. —Tome cuidado com os outros três campeões. Eles podem tentar mata-lo quando souberem que Hunter ira comprar sua liberdade.

—E Khan não tentará fazer isso também? —Indaguei, vendo ela soltar uma risadinha, estalando a língua.

—Ele segue as ordens de Hunter. —Foi a resposta de Sadie, antes de desaparecer, fechando a porta e me deixando sozinho. Desabei na ponta da cama, escondendo o rosto entre as mãos ao perceber que estava entrado em algo ainda mais perigoso naquele momento, porque enganar Hunter poderia arrancar qualquer chance minha de vencer, caso meu plano desse errado.

—O que foi isso? —Ergui a cabeça, vendo Sebastian parado no meio do quarto me encarando com as sobrancelhas erguidas e os lábios curvados em confusão. —Você foi ver aquele mago de novo? O que diabos isso que ela falou significa? Você está trabalhando pra eles agora? Onde eu entro nisso tudo?

—Se você parar de fazer tantas perguntas, talvez eu consiga explicar. —Sibilei, cerrando os dentes quando me senti frustrado com sua impaciência. —Não vou deixa-lo pra trás, se é isso que está pensando. Mas Hunter me colocou contra a parede e eu tive que improvisar. Ele vai comprar minha liberdade e me ajudar a vencer a batalha no fosso para conseguir Fedra.

—Em troca do que? —Indagou, se aproximando de mim com uma expressão que deixava claro que não gostava nem um pouco da ideia.

—Eu disse a ele que sei onde a sereia está e que o ajudarei a consegui-la. —Afirmei, vendo ele arregalar os olhos, abrindo a boca para contestar. —Ele não vai colocar as mãos em Fedra, Sebastian, porque nós dois não vamos deixar isso acontecer. Eu tenho um plano, mas primeiro preciso tira-la de Jonas. Aliás, onde está o papel e a pena que eu pedi? Preciso entrar em contato com ela e...

—Eu já falei com ela. —Sebastian murmurou, me fazendo perder as palavras e o encarar com incredulidade, percebendo que ele estava mesmo falando sério. —Eu estava lá em cima e a encontrei sozinha. Me transformei pra ela e disse que sabíamos que ela era a sereia e que você faria de tudo para liberta-la... —Ele hesitou, enquanto minha mente parecia uma bagunça de informações. —Jonas realmente bateu nela depois do seu desafio, Harper. Eu vi as marcas nos braços dela. Ele acha que ela realmente se deitou com você e Fedra está alimentando essa mentira, mesmo sobre consequências.

—Onde ela está? —Indaguei, sentindo meu coração se contraindo no peito ao imagina-la sendo ferida por aquele feérico.

—Jonas a mantem presa em seu quarto, não permitindo que ela receba nenhuma visita. —Sebastian balançou a cabeça negativamente, parecendo assustado com o que quer que tivesse visto no castelo. —Ela ia me contar outra coisa, mas tive que ir embora porque outra amante do Jonas havia aparecido e Fedra deixou claro que ninguém podia me ver. Mas ela está confiando em você pra sair daqui. Ela quer voltar para casa.

—Se Hunter fizer a parte dele, vamos conseguir devolve-la a sua casa. —Afirmei, tentando imaginar o porquê da morte estar fazendo isso justamente com um dos presentes que ela deu ao governante do Bosque dos Sonhos Mortos. De qualquer forma, saber que Fedra contava comigo para sair dali, só me deu mais coragem de seguir em frente.

—Você não vai brigar comigo por eu ter falado com ela e me mostrado? —Sebastian indagou, me tirando dos meus pensamentos. Encarei ele completamente confuso, tentando entender de onde ele havia tirado aquela possibilidade. —Você está sempre brigando comigo e me dando ordens.

—Não vou brigar com você, Sebastian. —Afirmei, percebendo que de todas as criaturas que estavam ao meu redor naquele momento, ele era o único que eu poderia contar de verdade. —Você fez um bom trabalho, garoto. Um bom trabalho mesmo.

[...]

Passei dois dias trancado no quarto, evitando sair e encontrar qualquer um daqueles três. Quando precisava sair pra comer, sentia os olhos de Khan em mim o tempo todo, como um cão de guarda. Era irritante, mas também me dizia que Hunter faria qualquer coisa pra me proteger enquanto não soubesse das informações que acha que eu tenho sobre a sereia.

Sebastian tentou ver Fedra nesses dois dias, mas em todos eles ele a encontrou com as outras três amantes de Jonas, como se ele tivesse as colocado juntas para evitar novas traições. De qualquer forma, amanhã seria minha luta contra o dragão, se é que eu pudesse chamar isso de luta. Sadie não havia me procurado para dizer se eles haviam achado uma solução para minha vitória, o que estava começando a me incomodar.

—Olha só, o coelho saiu da toca. —Kaled murmurou atrás de mim, quando atravessei a sala. Estava com uma maçã na mão, cortando pedaços com uma faca antes de enfia-los na boca, mastigando de forma grosseira. —Parece que você arranjou um guardião. Só não entendi ainda o que aquele mago pode ganhar com isso.

—O mesmo que todos vocês, comendo e vivendo as custas de Jonas, apenas para irrita-lo. —Afirmei, com as palavras saindo mais afiadas do que eu jamais ousaria falar, enquanto estava naquelas cavernas como escravo. —Pensei que vocês queriam a sereia.

—Nós queremos. Acha que ninguém está indo atrás dela nos boatos que ouvimos por ai? Mas não vamos correr para uma pista talvez falsa, enquanto podemos ficar aqui e assistir um escravo tentando levar a amante de um governante. —Ele soltou uma risadinha baixa. —Isso sim está deixando Jonas irritado, a ponto dele esquecer da nossa presença aqui.

—Bom, aproveite a hospitalidade dele então. —Exclamei, vendo ele erguer os olhos para me encarar. —Vou vencer aquela batalha amanhã e vou sair daqui, levando aquela fêmea comigo.


Continua...

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