Capítulo 39: Você é igual a mim.

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Sebastian estava esperando quando voltei para o quarto com Fedra. Ele jogou uma das mochilas nas costas, enquanto eu ficava com a outra. Fedra ainda estava tremendo dos pés a cabeça, parecendo ter os músculos completamente duros enquanto eu a carregava para o convés do navio, onde os homens permaneciam apagados.

—Vamos nadar? —Sebastian indagou, doando um pouco incerto sobre isso.

Olhei para as águas escuras que separavam o vale das terras de Jonas, lembrando das Sersis que vi atacarem os homens quando eles caíram na água. Foi algo rápido, como se o mísero ondular da água fosse o suficiente para chamar a atenção delas e as deixar sedentas por carne e sangue.

Soltei Fedra sobre uma das mesas, caminhando até a beirada do navio, até observar o barco preso na lateral dele. Sebastian parou do meu lado, observando o mesmo que eu, antes de trocarmos um olhar e assentirmos, como se estivéssemos pensando a mesma coisa. Jogamos nossas mochilas dentro do navio e enquanto eu ia ajudar Fedra, Sebastian desceu pela escada solta na lateral do casco do navio.

—Tudo bem? —Indaguei, assim que deixei Fedra de pé no convés, ao lado do parapeito do navio onde a escada estava.

Fedra olhava para qualquer lugar, menos pra mim, como se estivesse constrangida, mas balançou a cabeça que sim e se apressou em descer a escada sem a minha ajuda. Olhei o convés do navio e a floresta no horizonte, onde não havia qualquer sinal de Jonas e seus homens. Então desci a escada e pulei para o pequeno barco, contando com a ajuda de Sebastian para soltá-lo na água.

Nós dois remamos na direção das terras de Jonas, até o navio de Hunter desaparecer no meio da escuridão. Meus pensamentos ficaram indo e voltando entre o caminho que tínhamos que percorrer agora, e a vontade de Hunter em me matar. Não tinha certeza se Sebastian tinha matado mesmo Khan ou não. Não fazia ideia se sua versão serpente era venenosa. Mas sabia que seria caçado por cada canto do inferno por Hunter, até ele conseguir colocar as mãos em mim e me matar.

Sebastian dormiu em algum momento, com a cabeça caída no colo de Fedra, enquanto eu permanecia remando sem parar, sentindo meus braços doerem a cada movimento meu. Mas sabia que não podia parar até chegar em terra firme de novo, onde eu precisaria me livrar daquele barco antes de seguir o caminho andando.

Fedra insistiu em ajudar a remar também, mas não permiti em nenhum momento. Então ela ficou em silêncio, se limitando a encarar a água onde uma vez ou outra uma Sersi passava perto do barco, como se quisesse testar a possibilidade de pegar um de nós dois. Tinha algumas perguntas a fazer a sereia, mas também não queria invadir seu espaço pessoal, quando sabia que ela estava machucada fisicamente e mentalmente também.

Quando finalmente chegamos a costa, não consegui deixar de me sentir aliviado e ao mesmo tempo tenso, porque sabia que estávamos de volta as terras de Jonas, outro que desejava minha cabeça em uma bandeja. Agora precisávamos encontrar uma forma de achar a sala dos tesouros e descobrir o que prende Fedra a sua forma humana.

—Pode acorda-ló por favor? —Pedi a Fedra, enquanto o barco balançava ao chegar em uma faixa de água menor, batendo em algumas pedras que havia no fundo.

Sebastian acordou no primeiro chamado de Fedra, parecendo um pouco sonolento quando o ajudei a descer do barco para a praia e depois Fedra. Fiz um buraco no fundo do barco com uma das minhas facas, observando a água começar a entrar por ali, antes de empurra-lo para longe da terra firme, onde ele afundaria e não deixaria vestígios de que passamos por ali.

—Vocês encontraram alguma coisa quando entraram na floresta? —Sebastian indagou, encarando as árvores que pareciam brilhar em tons de verde, laranja e roxo, além de algumas delas parecerem cogumelos gigantes.

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