Capítulo 34: Considere um presente.

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A mão de Fedra permaneceu na minha perna pelo restante do jantar, entre perguntas de Hunter, provocações de Sadie e minha mente gritando para que eu deixasse aquele navio imediatamente, levando Sebastian e Fedra comigo. Nunca havia convivido com Hunter de fato. Ele era só um mago esquisito que comprava de tudo e possuía muitas moedas de ouro. Mas agora, estando aqui, sinto que tem algo de muito errado nesse lugar. Hunter não parece ser tão diferente de Jonas.

Estamos no inferno afinal. Ninguém aqui possui boas intenções

—Ela sabe sobre nosso acordo? —Hunter questionou do nada, fazendo Fedra olhar pra ele e depois pra mim, firmando ainda mais os dedos na minha perna, o que me fez engolir em seco.

—Sobre você me ajudar a liberta-la e eu conseguir a sereia pra você? Sim, ela sabe. —Falei, focando meus olhos na taça de vinho na minha frente, evitando olhar pra Fedra, porque sentia seus olhos queimando sobre minha pele. —Fedra sabe que tudo que eu tenho feito é pensando no melhor para nós dois.

—É claro. —Hunter sorriu como uma víbora, me fazendo lembrar de Sebastian, pensando onde diabos ele estaria em um momento como esse. Se estaria ouvindo toda nossa conversa, escondido em algum canto, ou se estaria encontrando o tesouro pessoal de Hunter. —Esse acordo beneficiou muito você, Harper. Agora eu espero que ele me beneficie também. Não só na questão da sereia.

Eu o encarei, franzindo a testa quando não compreendi onde ele queria chegar com aquilo. Minha atenção logo estava na mão de Fedra, que deslizou pela minha perna, subindo até uma área muito perigosa. Meu coração disparou, enquanto meu sangue parecia ferver como lava. Cada pedaço reagindo aquele gesto, como combustível para um incêndio de proporções gigantescas.

Eu estava rígido na cadeira, tentando não demonstrar absolutamente nada pelo meu rosto, enquanto encarava minha sobremesa. Fedra estava terminando de beber seu vinho, movendo a mão um pouco mais para cima de novo, raspando as unhas no tecido da calça, no interior da minha coxa. Abaixei a mão quando ela chegou a borda da calça, agarrando a dela com força para pará-la. O calor irradiava do meu corpo, enquanto eu me sentia tão duro, a ponto da calça se tornar absurdamente apertada.

Sabia que ela não estava fingindo nada naquele momento. Ela estava me provocando. Estava me testando para saber até onde eu poderia ir. Talvez se eu a quisesse, eu poderia tê-la. Mas uma noite, uma única noite, poderia ser minha ruína. E eu prometi que não faria isso com ela. Eu prometi que não seria como Jonas. Fedra não tem obrigação de ir pra minha cama, mesmo que meu corpo pense que sim. Ela não me deve nada.

—Srta. Ridley, não gostaria de se recolher e aguardar Harper no quarto? —Hunter indagou, fazendo Fedra parar o movimento de tentar soltar a mão para continuar o que estava fazendo. —Eu gostaria de conversar com ele a sós, por um minuto.

Ela olhou para Hunter, com os olhos faiscando algo desagradável, como se estivesse o xingando internamente por tê-la atrapalhado. Eu teria sorrido com isso, porque era a expressão de uma criança emburrada que perdeu seu melhor brinquedo, mas estava tentando me controlar para não deixá-la cruzar a linha da razão. Mesmo que eu quisesse, não podemos fazer aquilo. Eu não podia sequer me dar ao luxo de desejá-la.

—É claro. —Fedra abriu um sorriso doce, como alguém acostumada a fazer a vontade dos outros. Quis segurar a mão dela e a impedir de sair, mas ela já havia puxado a mão para longe e ficado de pé. —Foi um jantar muito agradável. Obrigada por nos convidar e nos presentear com a sua presença.

Com aquilo, Hunter abriu um sorriso muito maior, como se ele adorasse ter o ego massageado. Fedra corou sobre o sorriso dele, desviando a atenção pra mim, que ainda estava rígido na cadeira. Ela se inclinou, trazendo a boca até o canto dos meus lábios, onde depositou um beijo demorado.

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