A fêmea usava um vestido rose simples, assim como uma capa que estava amarrada nos seus ombros. Os cabelos eram loiros. Quase brancos, como uma aura de luz que a envolvia, como se ela quase chegasse a brilha. Os olhos eram escuros, salpicados de branco, como estrelas.
—É você. —Falei, dando um passo na direção dela, antes de parar. —Vi você quando enfrentei o lusion dentro desse fosso. Ele tinha a sua aparência e...
—Os lusions são criaturas das sombras que apresentam uma forma diferente para cada pessoa. Mais especificamente, a coisa mais importante para cada pessoa que o olha. —A mulher sorriu pra mim de um jeito doce, fazendo meu coração contrair com uma sensação calorosa. —Aquilo que você mais desejava era viver, então você me viu nele.
—A deusa da vida. —Sussurrei, abrindo um sorriso quando ela assentiu.
—Você pode me chamar de Malina. —Afirmou, dando alguns passos para frente, antes de olhar para Adya quando ela revirou os olhos. —Perdoe a minha irmã, Harper. Ela está cercada de morte ao redor, que não sabe mais agir com compaixão.
—Compaixão é uma bobagem. —Adya bufou, lançando um olhar afiado na direção de Malina, como se a presença da deusa da vida a ofendesse. —E você está bem longe da sua casa. Achei, com o quão sofisticado seu gosto é, que você jamais pisaria aqui.
—Era necessário. Gostaria de conversar com o Harper e esse era o melhor momento. —Malina afirmou, lançando um sorriso gentil na minha direção, enquanto isso parecia deixar Adya irritada.
—Harper pode desejar você, mas ele ainda está no meu território. Lembrem-se das nossas leis. Ele me pertence! —Adya afirmou, com muita convicção, enquanto Malina balançava a cabeça para os lados e caminhava pelo fosso, observando aquele lugar que já tinha visto muitas mortes.
—Não estou aqui para interferir. Jamais faria isso. —Malina olhou para Adya como se ela não costumasse fazer o mesmo. —Mas Harper morreu e foi trazido de volta. Algo dentro dele pertence a você, é claro. Mas existe outra parte dele que pertence a mim.
—O que? —Soltei, sem entender o que aquilo significava, enquanto a morte parecia explodir ali, já que alguns corvos começaram a voar sobre o fosso, enquanto ela olhava para Malina com uma expressão mortal.
—Você não pode se intrometer com os meus domínios, Malina. Posso convocar nossos irmãos e puni-la por isso!
—Eu não me intrometi em nada. —Malina negou com a cabeça, com um sorriso tranquilo nos lábios, como se soubesse que aquilo deixaria a irmã ainda mais furiosa. —As nossas leis afirmam que não podemos tocar em nada que pertença ao outro. Quando estive com Harper na sua morte, você era dona da alma dele, não mais do seu corpo físico. Isso não se enquadra como quebra das leis. Dei um presente a ele quando ainda estava morto. Quem trouxe ele de volta à vida foi o seu filho. —Malina olhou pra mim e pareceu conter a careta ao gesticular na minha direção. —Ele é um demônio, como pode muito bem ver.
—Trapaceira! —Adya sibilou, cerrando as mãos em punho, enquanto aqueles corvos pareciam ficar mais agitados. —Você fez de propósito. Sabia que Daren o traria de volta e se aproveitou da situação.
—É errado trapacear contra a maior trapaceira de todas que é você? —Malina tombou a cabeça de lado, enquanto Adya praguejava algo em uma língua que eu não conhecia.
Malina ergueu o queixo, como se estivesse enfrentando aquelas palavras, antes de Adya desparecer junto com aqueles corvos, deixando uma sensação pesada e mortal para trás. Engoli em seco, me perguntando o que tinha acabado de acontecer ali, porque sabia que Adya não deixaria ser colocada para trás. Nem mesmo pela própria irmã.
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Bosque dos Sonhos Mortos
FantasyMergulhe no Mundo das Almas Fox Harper é apenas um dos tantos escravos humanos que vivem nos territórios de Adya, a deusa da morte. Tendo o corpo coberto de cicatrizes, vivendo entre raças poderosas e mortais, ele sabe muito bem que o inferno não é...