Bosque dos Sonhos Mortos

Capítulo 24: Dragão da terra.

O dragão era simplesmente enorme. Suas garras se fincaram nas laterais das paredes do túnel, enquanto ele submergia para o fosso, soltando um grunhido que estremeceu todas as paredes ao redor, fazendo todos no fosso ficarem em um silencio absoluto, antes de explodirem em gritos e assobios, berrando para que o dragão me despedaçasse.

—Você tem algum plano? —A voz de Sebastian deixava claro que ele estava com medo, além do seu corpo estar apertando meu tronco de uma forma que me deixava sem ar e extremamente desconfortável. —Como vamos saber que Hunter removeu a magia?

—Vamos torcer para que ele saiba. —Falei, me referindo ao dragão, que estava submergindo do túnel, olhando na minha direção com aquela cabeça enorme exibindo todos os dentes, enquanto as garras arrancavam pedaços de rocha das paredes quando ele enfim saiu por completo, ocupando praticamente todo o fosso com seu corpo longo e sua calda, que chicoteava para os lados, se chocando contra as paredes.

—O que sabe sobre os dragões? —Indaguei, porque entendia pouco sobre eles, mesmo sabendo que existiam variações de um para outro.

—Quer uma aula de dragões agora? —Sebastian praticamente gritou. Provavelmente todos no fosso teriam ouvido, se não fosse pelo grunhido do dragão, antes da sua cabeça avançar pra cima de mim, me obrigando a começar a correr.

—Antes de eu morrer, de preferencia! —Exclamei, deslizando para o chão ao sentir os dentes dele cortarem o ar ao meu lado, quando sua boca se fechou a centímetros da minha cabeça. Mas eu já estava no chão, deslizando até ficar quase entre suas patas traseiras. Lancei a espada contra uma das suas patas, ouvindo o som ensurdecedor que ele soltou quando a lâmina cortou suas escamas grossas.

—Tem quatro tipos diferentes até onde eu sei. —Sebastian gritou, enquanto eu corria ao ver o dragão se mover na tentativa de me alcançar. —Dragão de fogo é o mais comum. Dragão da água lança uma fumaça congelante, além de ter garras maiores que a de qualquer outro. —Sebastian estremeceu contra mim quando eu pulei sobre a cauda do dragão, abaixando a cabeça quando seus dentes tentaram me alcançar de novo. —Dragões do ar podem lançar ondas de ar capazes de quebrar seus ossos, enquanto o dragão da terra pode ser facilmente confundido com o dragão de fogo, porque ambos lançam chamas... mas o da terra possui milhares de pontas na cauda.

Sebastian se calou de novo, enquanto eu ouvia os gritos de todos que estavam assistindo ficarem mais exaltados, porque eles queriam que o dragão acabasse logo comigo. Mas o dragão não estava abrindo a boca para lançar seu poder sobre mim. Seu corpo girava pelo fosso, com as garras causando buracos no chão e nas paredes, enquanto ele tentava me caçar como se eu fosse um rato. Mas eu havia entendido que ficar embaixo das suas patas o impedia de me alcançar, além de deixá-lo confuso.

—A poção o deixou tonto. —Sussurrei, antes de pular sobre uma das patas dele, deslizando para ficar embaixo do seu corpo, sentindo o suor escorrendo pela minha testa. —Como eu vou saber que tipo de dragão ele é?

Sebastian não precisou responder, porque o dragão parecia irritado o suficiente comigo, já que sua cabeça se virou para baixo dele e sua boca se abriu, onde eu pude ver as chamas surgindo antes de arregalar os olhos e disparar, sentindo o calor queimar minhas costas quando as chamas consumiram parte do fosso, me obrigando a sair debaixo dele.

—Dragão de fogo. —Falei, batendo contra um dos portões, vendo o sorriso sarcástico de Skyler de relance, antes de correr de novo quando mais chamas foram lançadas na minha direção. Estava começando a achar que Hunter havia esquecido da sua parte e me deixado lá pra morrer.

O ar escapou pela minha boca, enquanto um nó se formava na minha garganta quando a pata dele me atingiu, trazendo uma pontada de dor nas minhas costas quando senti suas garras rasparem de leve, rasgando minhas roupas e cortando minha pele, antes de eu ser jogado contra uma das paredes. Podia ouvir meu coração batendo, além do latejar do sangue na minha cabeça e o som dos meus ossos estralando com o impacto.

—Harper! —Sebastian berrou, me fazendo erguer os olhos, com a cabeça pesada, vendo o momento que a cauda dele se chocou contra o chão, se abrindo e se moldando a medida que pontas afiadas como rocha surgiam das escamas grossas. —Dragão da terra... Corre!

Me levantei, sentindo o sangue manchando minhas costas quando me joguei no chão, um segundo antes da cauda passar sobre mim, por pouco não me atingindo. A dor nas minhas costas eram insuportável. Muito pior do que todas as vezes que eu havia sido chicoteado. Estava latejando em cada parte dos meus ossos, deixando minha mente pesada e dificultando a minha respiração.

Sebastian continuava a gritar coisas, mas um zumbido nos meus ouvidos me impedia de ouvir, enquanto ficava de pé e tentava desviar da cauda do dragão de novo. Quando me virei para correr, tive um vislumbre dos cabelos roxos de Fedra, percebendo que ela estava grudada no parapeito, encarando tudo com uma expressão desesperada, como se ela se importasse de verdade.

—A magia! —Sebastian deslizou pelo meu tronco, com as escamas frias raspando nos cortes nas minhas costas, causando uma sensação pesada dentro do meu peito. Mas olhei pra cima, vendo o ar ondulando como se algo estivesse acontecendo. Então encarei o dragão que vinha pra cima de mim de novo, pensando rápido no que deveria fazer. —Harper... —Sebastian se engasgou quando corri na direção da criatura e não pra longe dele. —Harper, o que está fazendo? Espere... Fox!

Eu deslizei pra baixo dele quando seus dentes tentaram me pegar de novo, gritando quando minhas costas ralaram no chão rochoso. Mas me obriguei a engolir toda a dor e fiquei de pé, pulando na cauda dele, acima daquelas pontas mortais, enquanto soltava a espada e agarrava as facas, ficando-as nas escamas do dragão para me segurar. Seu grunhido cortou o ar, enquanto meus olhos se fechavam com força quando ele balançou a cauda, tentando me expulsar dela.

Meu estômago se revirou e eu quase fui lançado contra as paredes, fincando mais aquelas facas na carne dele, enquanto meus dedos doíam com a força com que eu as segurava. Mas então algo chamou a atenção dele e suas asas de abriram, fazendo meu coração parar de bater quando ele deu um salto para cima, antes de começar a voar. Minhas pernas escorregaram na mesma hora, me deixando completamente pendurado. O grito se entalou na minha garganta, enquanto eu erguia a cabeça e via todos que assistiam aquilo correrem quando o dragão alcançou a primeira varanda, lançando chamas contra quem estava lá.

Continua...