💍 Capítulo 20 💍

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JEONG YUNHO

Os olhos redondos e castanhos de Yunho encaravam o teto em letargia. Tinha acabado de acordar e conferido a hora no relógio digital na cômoda de Mingi, se questionando onde o loiro havia ido parar já que mesmo às oito da manhã no dia de folga dos dois, ele não estava consigo na cama.

Inconscientemente ainda tateava o colchão, como se aquilo fosse fazer Mingi brotar ao seu lado de novo, onde pudesse se enroscar no corpo dele assim como se deitaram na noite anterior. Não costumava ficar muito grudado com ele, mas de alguma forma sentia que ele precisava de cuidados, pois nunca tinha visto Mingi ficar tão aéreo e calado como ontem. Acabaram conversando pouco durante o jantar, e menos ainda quando juntos se deitaram ao sofá para ver TV, atitudes não tão corriqueiras que lhe fizeram ficar com uma pulguinha atrás da orelha pelo comportamento diferente do que costumava ver o mais velho ter.

Enquanto sentava na cama devagar, expulsou os pensamentos preocupados de sua cabeça. Devagar andou até o banheiro, pensando que de qualquer forma não insistiria para que Mingi falasse, e claro que também não queria ser chato ou invasivo. Sabia que Mingi tinha o tempo dele, então o respeitaria.

Conviver com Song, para Yunho, foi muito mais fácil do que imaginava. Mingi era um tanto responsável e maduro, suas ideias eram as mesmas, assim como suas visões para o futuro também eram. Entendia que ainda eram um pouco diferentes por Song ser três anos mais velho, mas isso não os impediu de construírem um futuro juntos, já que a diferença de idade entre eles não era grande coisa. Sabia que Mingi poderia ser cabeça dura às vezes, mas com a criação que o mesmo teve, entendia que ele precisou ser adulto desde muito cedo pra poder encarar o mundo que um pouco mais tarde enfrentaria sozinho. Yunho sabia que Song carregava com ele as marcas que seu pai e mãe haviam deixado na vida dele por tantos anos, assim como os traumas e memórias não tão boas que também carregava, e sabia bem que elas não haviam cem por cento sumido a cada dia que conviviam juntos. Em segredo, enquanto lavava o rosto após escovar os dentes, pediu para os céus que Mingi um dia ficasse tranquilo e que ele alcançasse para ele toda a felicidade e tranquilidade que o via lhe desejar. Queria que Mingi fosse feliz também, e desejava que todos os fantasmas do passado dele fossem embora, para que ele pudesse finalmente viver em paz.

Quando passou a toalha de rosto em sua pele úmida, Yunho respirou fundo se encarando no espelho e ajeitou seus fios desgrenhados, ficando pronto para sair do quarto. Em passos calmos andou até a cozinha, apreciando o silêncio da manhã gelada que o abraçou de maneira tranquila quando pisou no corredor. Entrou na cozinha andando diretamente para a cafeteira, puxando a caneca pendurada no gancho abaixo do armário branco, se servindo com uma dose generosa de café. Encostou o quadril no mármore da pia, assoprando a bebida quente enquanto encarava para além da porta de vidro que separava a sala do jardim, assistindo Mingi falar no telefone com alguém. Conseguia ver a expressão franzida do loiro, como se estivesse preocupado ou talvez desacreditado já que abria e fechava a boca várias vezes. Tentou fazer leitura labial quando o viu mexer os lábios com mais força, aparentemente brigando com alguém, mas era tremendamente ruim em coisas como aquela. Imediatamente desviou os olhos de Song assim que viu ele olhar em sua direção, pois sabia que ele odiava ser interrompido ou observado em meio a uma ligação aparentemente importante. Sentia que Song não gostava de se mostrar bravo a sua frente, mas ele não sabia que ao invés de ter medo, Yunho só o achava tremendamente sexy.

— Ainda tem café? — Yunho saiu de seus pensamentos e encarou Mingi, virando o resto do café tudo de uma vez para dentro da garganta, assentindo positivamente de forma intensa com a cabeça ao ver Song fechar a porta da sala e entrar na casa. — Você 'tá bem? — Song andou até o balcão, parando ao seu lado, pegando uma caneca no gancho e se servindo com café.

LOYALTY II - O passado fica para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora