JEONG YUNHO
— 1... — Yunho sussurrou assim que viu que já estava se aproximando da entrada de Apgujeong-dong — ...2... — conferiu pelo retrovisor do carro distância onde os carros dos oficiais estavam, e assim que viu que eles estavam consideravelmente longe — 3! — pisou no acelerador e direcionou o carro para uma das entradas da cidade.
Não olhou mais para trás enquanto se concentrava em virar nas esquinas certas das ruas que conhecia com a própria palma da mão. Estava em Apgujeong, morava lá há tanto tempo, que sabia muito bem que em menos de cinco minutos, à sua esquerda, ficava a entrada de um estacionamento subterrâneo. E quando olhou pelo retrovisor pela última vez para se certificar que não estava sendo seguido, ouviu o pneu cantar no asfalto quando virou o volante bruscamente, descendo a rampa do tal estacionamento. Em um solavanco sentiu seu corpo ir para a frente quando, como um bom motorista, estacionou o carro entre outros dois veículos, pegou o celular de Song e saiu do carro, deixando a escuta e o relógio rastreador no banco do passageiro. Não precisaria mais dele.
Com pressa trancou o carro, e em passos longos e rápidos se dirigiu para onde imaginava ser o ponto onde ficavam os táxis. Certeiramente, assim que foi para uma das entradas laterais avistou, por sorte, vários veículos disponíveis. Entrou no carro que estava mais perto, se acomodando e fechando a porta o mais rápido que conseguiu.
— Boa tarde, preciso que me leve pro Doosan Park agora mesmo. — e quando terminou de falar, ouviu barulho de pneus deslizando no piso acimentado e liso do estacionamento. Sem precisar de muito já sabia que haviam quase lhe achado. — Agora! Vamos! Só não acelere demais pra eles não suspeitarem. — disse entre dentes, deslizando para se deitar no banco de trás para que não fosse visto. — Se fizer o que eu mandar, pago o dobro do valor da corrida pra você!
O suborno e ameaça haviam funcionado, pois o motorista no mesmo instante ligou o carro e se dirigiu pela mesma saída que Yunho havia entrado. O acastanhado se ajeitou no banco de trás, cerrando um pouco os dentes quando sentiu as suas costas doerem. Mas, só depois de ter absoluta certeza que estavam longe o suficiente do estacionamento subterrâneo que estavam, se ajeitou no banco, resmungando a cada vez que se impulsionava para cima com os dois braços para que se sentasse direito.
— Aquilo era a polícia? — o motorista perguntou e Yunho ajeitou o casaco que usava no corpo enquanto virava os olhos para a rua, reconhecendo o caminho onde estavam.
— Te pago mais alguns wons se você parar de fazer perguntas. — disse Yunho, odiando a si mesmo por tratar daquela forma um senhor que estava apenas fazendo seu trabalho.
Se tivessem lhe falado que em um único dia roubaria o celular do próprio ex, fugiria da polícia, subornaria um taxista e encontraria pessoalmente com a pessoa que já tentou lhe matar e que inclusive tinha uma medida protetiva em andamento, daria tanta gargalhada. Yunho não fazia ideia do que faria quando encontrasse Kim em sua frente, e só foi se dando conta disso quando alguns minutos depois, viu o motorista estacionar o táxi na entrada do parque.
— Pronto senhor. Chegamos. — disse o motorista, este que deixou o carro ligado e girou um pouco o tronco para olhar Yunho. — A corrida deu dois mil e seiscentos wons*. — Yunho precisou de um tempinho para entender que aquele já era o momento que precisava pegar o celular e pagar o senhor trabalhador.
Enquanto tirava o celular do bolso, sentia seu coração palpitar de ansiedade por saber que seu encontro com Kim Hongjoong estava prestes a acontecer. Sentiu sua mão suar frio ao passo que abria o aplicativo do banco e abria o leitor de qr code di motorista. Em pouco segundos o pagamento foi aprovado e Yunho agradeceu ao mais velho, obrigando as suas pernas a se colocarem para fora do carro.
Assim que se colocou de pé na calçada e fechou a porta, rangeu os dentes quando sentiu o vento tocar seu rosto de maneira agressiva. Não tinha se tocado em como a temperatura havia baixado, e agradeceu quando enfiou a mão no casaco grosso e bem revestido que Song lhe obrigou a usar. Enquanto caminhava para dentro do parque, não tirou o mais velho da cabeça por um segundo sequer. Precisava relembrar a todo segundo pra que e por quem estava fazendo aquela loucura. Já havia mesmo admitido que aquilo era uma loucura, e era ainda mais loucura quando se lembrou da arma calibre 38 que levava no bolso interno do casaco. As únicas armas que havia atirado na vida foram as do campo de paintball que costumava ir quando era adolescente, mas como precisava se sentir seguro, exigiu que tivesse uma, porque sabia que Hongjoong também teria.
O parque estava quase vazio naquela hora da tarde. Alguns casais andavam pelo gramado ou pela estrada de pedras na qual Yunho caminhava firme, mas ainda hesitante quando fora se aproximando do ponto de encontro que havia marcado do Kim Hongjoong.
Sua respiração estava pesada, não sabendo se era pelo frio ou pela ansiedade de finalmente encontrar seu maior inimigo naquele momento. Havia estudado aquele dossiê o máximo que conseguiu enquanto os oficiais e Mingi não estavam atentos o suficiente para perceberem sua pequena obsessão por cada detalhe que havia gravado de Hongjoong.
Mentiroso, vingativo, calculista, frio, manipulador e explosivo foram as características que Yunho conseguiu gravar de toda a linha temporal que tinha desde quando Kim e Mingi se conheceram, indo nessa exata ordem enquanto os acontecimentos iam se sucedendo, até chegar onde estava agora. Sabia exatamente com quem estava se metendo, ao mesmo tempo que não sabia o que esperar de um cara com oscilações de humor tão frequentes. Poderia encontrar com um Kim querendo vingança brutal, ou um Kim paciente pra lhe ouvir e generoso o suficiente para que finalmente chegassem a um acordo. Yunho genuinamente e inocentemente esperava se encontrar com o segundo.
— Boa tarde, Jeong Yunho. — a voz baixa e séria que ecoou nas costas de Yunho preencheu o silêncio do parque. O mais alto imediatamente parou, como se fincasse os pés no chão de pedras procurando equilíbrio diante de um chão que jurou virar areia movediça.
Mesmo que quisesse exatamente aquilo, estar com Kim e olhá-lo nos olhos, só ao ouvir aquela voz foi como se revivesse todo o terror de ser perseguido novamente. E quando devagar virou o corpo para a direção da voz, encarou a figura mais baixa do que a sua vestindo roupas escuras dos pés à cabeça, com uma touca preta que cobria seus fios agora rosas e óculos escuros, mesmo que fosse dia. Bem, Kim era um fugitivo, talvez tudo aquilo só fosse um disfarce.
— Finalmente encontrei você. — e Yunho sentiu tudo gelar quando Kim tirou os óculos de Sol do rosto, podendo pela primeira vez, depois de tanto tempo, ver o sorriso presunçoso no rosto que por noites havia lhe assombrado. — Ao que lhe devo a honra desse encontro? — ele disse, dando um riso em um sopro e um sorriso ladino.
*Equivalente a ± 10 reais na moeda BRL de acordo com a cotação na data que este capítulo foi escrito.
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LOYALTY II - O passado fica para trás
FanfictionLivro 2 da saga Loyalty Meses após o escândalo de assumirem o relacionamento para a imprensa, todos os olhares estavam em Mingi e Yunho mais uma vez. Em uma nova fase de suas vidas, decidiram juntos esquecer o passado e superar cada momento doloro...