LOYALTY II - O passado fica para trás

💍 Capítulo 31 💍

JEONG YUNHO

Jeong ainda acreditava que aquilo passaria, mas uns dias depois, parecia que tudo só havia piorado.

Sem precisar de despertador, às sete da manhã já de sexta feira encarava o teto com seus olhos bem atentos enquanto deixava seus pensamentos divagarem mais uma vez por todo aquele cenário que já havia decorado. As palavras duras de Song ecoavam em sua cabeça em um loop altamente torturante para sua consciência que há dias não descansava. De luto, remoía cada palavra ácida dita pelo mais velho, que ainda queimava não da forma gostosa de antes quando era tocado por ele. Agora tudo doía, e muito.

As palavras de sua mãe no dia que tudo aconteceu lhe fizeram cair em um abismo de incertezas, no qual não sabia de onde tiraria forças para seguir em frente. Queria se ver forte mas, deitado naquela cama sem vontade de fazer nada, se sentia a pessoa mais fraca do mundo. Sabia que precisava seguir em frente e parar de chorar por alguém que não lhe via mais da mesma maneira, mas como faria? Com que forças seguiria em frente?

O respirar fundo pendeu sobre o cômodo, deixando a melancolia permanecer ali por pelo menos mais um longo tempo. Yunho sentia que ainda estava magoado, e que toda aquela mágoa havia ultrapassado cada centímetro de raiva. Nos últimos dias passou a maior parte do tempo tentando entender e interpretar as atitudes de Song, mas apenas o que recebeu em troca foi estresse e exaustão. Yunho estava exausto. Se deu conta do quão exausto estava quando se viu na mesma situação pela milésima vez.

Estava exausto por rodar em um círculo vicioso que por dias não sabia como quebrar, mas quando virou o rosto para o lado, de repente, como um estalo, soube exatamente o que precisava fazer. Com as últimas forças que tinha, se levantou da cama, sentindo o piso gelado abaixo dos pés enquanto com certa calma caminhou até a bolsa que havia colocado suas poucas peças de roupas antes de ir embora. Abriu o bolsinho menor, pegando o pequeno aro com certo cuidado, fazendo sua cabeça voltar ao tempo enquanto se lembrava do dia que havia recebido o anel.

Abalado, se sentou ao chão encarando a pedra de quartzo que sem muito esforço já brilhava. Tocou-a com delicadeza, absorvendo toda a intensidade que aquela pedra lhe passava. De repente sentiu seus lábios tremularem enquanto encarava a jóia, se dando conta de que antes de tudo acontecer, a encarava com atenção e sentia algo tão intenso, que diversas vezes se pegava perguntando como um pequeno objeto poderia lhe fazer ter uma avalanche de sentimentos dos mais puros e felizes que lhe tocava até a alma. Agora, sentado naquele chão gelado, só conseguia sentir seu coração doer ao se dar conta da situação que estava. Como poderia Mingi esquecer de cada momento que haviam passado juntos? Como poderia ele jogar fora cada coisinha que haviam construído e todo o esforço que colocaram na relação para tudo dar certo?

Como ele poderia ter esquecido do amor tão fácil assim?

Com as costas das mãos Yunho secou o rosto, largou a bolsa aberta no chão quando se levantou e voltou para cama, se sentando com as pernas cruzadas por cima do edredom. Em um pequeno gesto pegou o telefone abaixo do travesseiro, encarando a tela do aparelho com relutância. Fazer ou não fazer? — se perguntou pela décima vez desde que acordou —, e um minuto depois, em meio a um respirar fundo, como um ato de coragem, abriu o teclado numérico e digitou com rapidez o número que já havia decorado de tanto tempo que passou encarando aquele cartão branco com detalhes dourados. Ignorou a dor em seu coração, este que se quebrou mais um pouco assim que colocou o celular na orelha e encarou mais uma vez o anel que segurava com a ponta dos dedos. Queria acabar com aquilo de uma vez por todas, sabia que precisava quebrar aquele ciclo, e começaria logo pelas raízes. Em meio a mais um respirar profundo, engoliu toda a dor, deixando-a arranhar sua garganta assim que a voz feminina ecoou do outro lado da linha. Não tinha mais como voltar atrás.