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Eu não tenho ideia de como aconteceu, mas Suguru e meu irmão tinham brigado feio e bateram o recorde de tempo sem se falarem.
Já fazem um mês e Satoru está insuportável.
Cada manhã que interagimos, eu sinto vontade de deitar ele na porrada até me cansar.
— Quer saber Satoru?! Vai dar o rabo e me deixa em paz! — berrei batendo na mesa e me levantando.
Odiei quando ele espelhou o movimento entregando nossa genética.
— Por que você não vai?! Só vê se deixa escapar algum amigo meu no meio do caminho! — gritou e eu me calei.
— Quando descobriu? — questionei e os olhos azuis miraram os meus magoados.
— Quando eu fui buscar ele em casa. Sua camisa do Elvis estava no quarto dele! — mordisquei o canto interno do lábio.
— Por isso está sem falar com ele? A culpa foi minha, ok? Eu quem fui atrás dele, eu quem gosto dele — declarei e Gojo expressou sua raiva.
— Por isso mesmo! É melhor ele ficar bem longe, BEM longe mesmo!
— Por que?!
— Você ainda me pergunta? Vocês dois são inconstantes, volúveis e intensos! Ele vai te machucar e eu vou ter que juntar os cacos e você vai fazer o mesmo com ele! — as palavras me atingiram, me machucaram.
Perdi o ar dos pulmões quando notei a veracidade daquilo.
Tentei pensar em um momento simples entre eu e Suguru. Apenas um seria o suficiente, mas não tinha. Todos eram caóticos, energéticos e perigosos...
Mas era tão... tão reconfortante. Sabe? Ele ser tão parecido comigo e ao mesmo tempo tão diferente. Ser o único cara que não tem medo de mergulhar no turbilhão de emoções que nossos encontros geram.
Mas refletindo, em nenhum dos nossos encontros eu me senti mal, mas depois deles, eu me sentia sem rumo. Era como se apenas Suguru soubesse andar no mesmo ritmo que eu, na mesma inconstância.
Confusa, eu fiquei parada na sala de frente para o meu irmão.
Não queria sair, não queria ficar...
Aflita, eu corri pelas escadas e antes que eu me trancasse no quarto, meu irmão me alcançou e ficou na frente da porta impedindo a minha passagem.
— Por que está fazendo isso?! O que disse para ele? — gritei quase chorando e Satoru me olhou culpado.
— Só você não está percebendo! Você não fica feliz sem estar perto dele, vocês dois se colocam em perigo o tempo inteiro! Não levam nada a sério e ele não sabe fazer nada, absolutamente nada sem você! Essa merda vai matar vocês dois e eu não aceito perder os dois de uma vez só! Então larga de ser egoísta uma vez na vida e compreenda o meu lado! Você é a minha irmã gêmea, sempre foi independente... está ao meu lado desde que eu me lembro e eu não aguentaria não ter mais acesso a você porque simplesmente se matou com Suguru! — engoli em seco ao notar o quanto eu e Geto machucamos o meu irmão sem notar.
O quanto eu estava sendo egoísta.
Eu não tinha o que dizer, mas tentei não me afogar no choro. Porém, Satoru me conhecia bem...
Quando eu engoli em seco o choro, ele repousou a mão sobre a minha cabeça e sorriu triste. Um grunhido dolorido e grutal saiu da minha garganta quando eu tive a percepção de que eu e Suguru não poderíamos ficar juntos sem destruir um ao outro e sem consequentemente queimar as pessoas ao nosso redor.
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