18- Adeus.

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Nikolas Black.


— Falar com estranhos, não é mais a sua maior loucura — acaricio seus cabelos e a mesma sorri. — Por que fez isso, Hayley? — pergunto, e a mesma me fita pensativa.

— Sinceramente...tenho medo de que você se machuque, então quis te acalmar — sinceridade em seu tom e eu franzo o nariz. Realmente ela conseguiu, mas a que preço?

Passo os olhos por seu corpo e pego seu braço, vendo a marca de minha mão em vermelho e suspiro. Analiso seu corpo, com marcas roxas por toda parte. E sinto sua alma fraca, de tanto ser sugada, alimentando não só a minha fome, mas a de meus servos também. Ela se deu conta? O que eu fiz?

— Nick? — escuto sua voz longe — amor? — meu foco volta ao seu olhar.

" O que você fez, Nikolas? você à matou. " ouço a voz e o choro de minha mãe, enquanto segurava o corpo ensanguentado de Alicia.

— Nick, não é sua culpa — fala com suas mãos em meu rosto.

— Desculpa — peço, passando a mão em seu pescoço com marcas, vendo seus olhos distantes. Ela mal percebeu a dor que sente ainda, era a primeira vez dela.

Sinto as lágrimas encharcar meus olhos e a mesma me olha fixamente — não precisa de aposta, não irei chegar perto de você novamente! — aviso, sem conseguir olhar em seus olhos, com medo de seu olhar, ver a dor através deles.

Sinto sua mão em meu rosto, deslizando o polegar em minha bochecha, em conforto, mas logo em seguida, sinto meu rosto queimar. Ela...ela me bateu?

— Olha aqui, seu filho da puta. Quem você acha que é, para me comer e jogar fora? — diz de forma puta e eu a fito incrédulo, sentindo meu rosto pinicar.

Minha vontade é de ficar com ela desse jeito pro resto da vida, mas não posso. Não posso machucar ela, não tem o que eu fazer.

" O que você fez Nikolas, o que você fez?" — a cena de minha mãe com Alicia toda ensanguentada em seu colo, me assombra novamente.

— Me desculpa — repito, olhando em seus olhos que transmitem dor, raiva e tristeza. Ela desvia o olhar e eu me afasto.

— Não é sua culpa! — fala impaciente — você não está mesmo pensando em ir embora, não é? — mordo os lábios, realmente não querendo.

— Eu preciso aprender a me controlar princesa, não quero te machucar novamente — minha voz falha, acaricio seu rosto, relutante à mim mesmo. Ela me abraça, tentando me impedir de alguma forma e através disso me vejo furioso, devastado pela ira em saber que fui filho da puta o suficiente para comer e ir embora. Meus olhos escurecem e eu a apego no colo.

— O que está fazendo, Nikolas? — pergunta, se agarrando contra mim para não cair, soltando um grunhido disfarçado quando a seguro, ocultando sua dor — me solta, seu babaca. Você não vai embora! — ignoro sua fala, levando-a para seu quarto.

A coloco em sua cama e a mesma me fita com raiva — Até mais, princesa — beijo sua testa. Hayley cerra o maxilar, me olhando completamente perdida, mas não diz mais nada, sabendo no fundo que é o melhor. Me viro para porta, saio sem olhar para trás.

Não suportaria passar nem um dia a mais com ela, sabendo que a machuquei, que a fiz passar por tamanha dor. Não sem conseguir ter controle de mim mesmo, por completo.

Entro em meu quarto novamente e vejo sangue em minha cama. Passo as mãos por meus cabelos em pura raiva e nojo de mim mesmo. Por que eu sou assim? Por que eu? Por quê justo eu?

Tiro o lençol que havia bastante sangue e o jogo no chão, em puro ódio. Pego minhas malas e coloco tudo meu dentro, em um estalo de dedos e pego as chaves do meu carro.

Saio de meu quarto e Josh vem em minha direção.

— Oi, garoto — passo as mãos sobre suas orelhas — cuida dela por mim, tá? — peço. O mesmo me olha confuso e lambe minha bochecha — até mais, amiguinho.

Levanto e saio da casa, escutando seus latidos altos, mas ignoro. Entro no carro e dou partida. Não posso continuar machucando ela. Não tenho coração, mas seja lá o que tenha dentro de mim, se partiu ao meio ao deixá-la.

**********

Hayley Still.

Sinto uma raiva imensa, tomar conta de meu ser. Nikolas simplesmente se foi, sei que é o correto a se fazer, mas por que mesmo assim não me sinto melhor?

Aquele babaca não disse nem se voltaria, não sei por quanto tempo vou esperar. Por que aquele maldito me deixa assim, sem saber como agir, ou reagir, à todas as situações?

Ele ir embora era o que eu queria, desde o começo, até sem nem mesmo o conhecer. Quando enfim isso acontece, eu fico chateada. Como isso é possível? Não estou me entendendo, o que tem de errado comigo? Por que essa raiva e dor pressionam meu peito? São tantas perguntas, que doem por não ter a resposta.

Sinto meu ar faltando e meus olhos ardem. Afundo minhas têmporas no travesseiro, encharcando-o em lágrimas. Nunca pensei que choraria por alguém, ainda mais uma pessoa que odeio tanto.

Que se foda. Não me importo se estou sendo uma tonta, chorando por um idiota que foi embora. Quem é que tem o direito de me julgar?

Aquele idiota conseguiu o que queria, me comer e ir embora. Te odeio, Nikolas Black!

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