49- deixe-o se libertar!

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Hayley Still

— Amor, vamos parar um pouco? — peço ofegante, já sem aguentar correr. Pego a garrafa de água, sentando-me no primeiro banco que vejo da grande praça.

— Vamos — senta-se comigo — damos quatro voltas completas, sem parar — comenta, eu assinto tomando água —  acho que realmente dá para parar um pouco — pega a garrafa de água que estendi para ele e leva aos lábios. Analiso seu rosto perfeitamente armonico, maxilar marcado, lábio bem desenhados indo de encontro com a garrafa. Sua cabeça se inclina um pouco para trás, marcando o gogó saliente que se move um pouco, dando a ideia perfeita do caminho que a água percorre...— Por que ele fica tão gostoso até soado e bebendo água? — É período fértil Hayley, relaxa aí, daqui a pouco ele acha que você é tarada.

Seus olhos azuis como o mar, serenos como uma madrugada silenciosa, caem sobre mim.

— Amor? — chama. Pisco, saindo de meus pensamentos pervertidos.

— Hum...? — murmuro, ainda avulsa.

— Está tudo bem? Se não estiver aguentando mais, nos vamos para casa, linda — fala acariciando minhas coxas

— Não, não é isso — ele se encosta no banco de forma relaxada, me olhando tranquilo.

— O que foi, então? — pergunta e eu franzo o nariz, sem nem mesmo eu saber.

— Sei lá — me olha, atentamente — só acho um pouco...estranho — ele fica sem entender.

— O que você acha estranho, vida? — pergunta e eu balanço a cabeça.

— Meio estranho eu estar treinando para um jogo de esconde-esconde, que eu vou ser caçada por você, com você, não acha? — brinco, ele assente.

— Verdade! — diz pensativo, olhando para árvore.

Nos últimos dez dias, desde que voltamos da viagem, eu e Nick estamos nos preparando para o jogo, criando resistência física, praticando se esconder e até escalar coisas, vai que preciso subir em uma árvore, ou sei lá o quê. E ele não terá seus poderes, está sendo meio difícil a adaptação, ele descobrindo que não pode simplesmente pular de um telhado foi imperdível.

— Quer que eu pare? — pergunta, voltando o olhar para mim — de treinar com você.

— Acho que sim — falo e seu olhar fica indecifrável — é melhor eu treinar com algum outro cara, talvez o Thiago Freitas, o que acha? — fingo a sonsa e ele arqueia a sobrancelha.

Falo isso apenas para implicar com ele,  mas Nick nem liga muito, por saber que ele dá em cima de mim o tempo todo e eu fujo igual capeta corre da cruz, porque ele me dá repulsa. Ele só não o mandou de arrasta para cima ainda, porque eu implorei, não quero mais uma morte em minhas costas...mesmo que eu não me importe com ele.

— Você não é doida — diz, descontraído.

— Claro que não, meu amor. Adoro treinar com você — dou-lhe um selinho e ele sorri convencido — mas ainda é estranho — brinco.

— Será que vai ser só eu procurando? — pergunta e eu refleti sobre.

— Acho que não, é muita gente para procurar sozinho — analiso, ele assente.

— Meu alvo vai ser você, princesa! — fala macabramente e eu franzo o nariz.

— Ai que saudável, tá me assustando — ele ri — você é literalmente a idealização do meu JAMAIS, de seis anos atrás — confesso.

— Por que sou seu meio irmão? — lembra.

— Também, mas quando eu tinha dezesseis para baixo, sempre lia livros onde o protagonista era tipo... você — tento explicar de forma clara e ele assente, prestando atenção na história — alguns eu passava pano, mas os outros eu julgava e falava que jamais aceitaria uma pessoa assim em minha vida — confesso e ele inclina a cabeça para direita.

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