2- novo morador da casa.

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11/07/2018.                        Hayley Still

— Mas e você, princesa? — reparo o apelido ridículo que ele me deu, em sua pergunta curiosa.

Um barulho de celular se torna presente no ambiente, então me olha em dúvida de se eu não iria atender. Ainda olhando em seus olhos azuis, que transmitem calma e fúria ao mesmo tempo, como o mar que acabou de passar pela tempestade atendo.

Ligação onn

— Alô? — início. Nikolas quebra o olhar, virando-se novamente para o lago.

— filha, cadê você? Não vai vir jantar, logo no primeiro dia que Kátia está aqui? Faça isso por mim, por favor. Já não basta Nick não ter vindo — fala em tom chateado e reviro os olhos.

— então quer me dizer que o queridinho não foi. Logo ele que é o precioso da família? Que pena! — meu tom é ácido.

— para com isso, filha. É difícil para seu irmão se mudar de repente, já você não tem desculpas. Tem dez minutos para chegar, ouviu? — ordena. Grunhi em ódio borbulhante.

— Estou indo! — desligo, sem esperar por respostas.

Ligação off

— bom...digamos que não foi um desprazer lhe conhecer, incendiário — assumo, me levantando. Ele continua com seu olhar de indiferença e calma, mas com um toque de curiosidade, enquanto bato minha calça.

— Digo o mesmo, princesa — me fita serio. Dou-lhe um sorriso sútil e me viro — não vai me dizer seu nome? — pergunta, antes que eu me afaste completamente. Me viro novamente para ele.

— hum... não! — vejo seu olhar passar de mar calmo, para tempestade de puro ódio e agitação.

Olho para o mesmo, analisando cada traço de seu rosto: seus cabelos pretos, levemente desgrenhados; maxilar marcado, desenhando perfeitamente seu rosto; olhos azuis claros, como o mais profundo oceano; lábios grossos, porém não exagerado, o que lhe deixa ainda mais lindo. Porém. O que eu mais queria poder guardar na memória, era o seu sorriso com covinhas, mas já não estava aparente há um tempo.

— provavelmente nunca mais nos veremos, então, adeus Nick! — me despeço com pesar. Ele cerra o maxilar, mesmo que não diga nada.

Me viro, dando-lhe as costas. Sem olhar para trás, sigo para longe, parando apenas quando chego em meu carro e respiro fundo. Entro no mesmo e sigo para minha casa, voltando à realidade cruel, à minha realidade cruel.

•••

— Hayley, que bom te ver querida —Kátia vem em minha direção, para um abraço forçado. Luto contra minha vontade de empurrá-la para fora da casa e dizer que não os quero por perto.

Olho para meu pai em meio ao abraço e seu olhar me diz tudo. Respiro fundo e ativo o modo falsidade.

— digo o mesmo — forço um sorriso — seja bem-vinda, Kátia — ela sorri largamente, contente em invadir minha vida. A vontade de tirar aquele sorriso no soco, me impulsiona.

— Obrigado, Hayley. É muito bom ser bem recebida, pena que Nick também não está aqui, ele iria gostar demais de você.

Ah, com certeza. Aquele filho da mãe e eu, vamos nos amar.

— Pois é, estou tão ansiosa — tento conter meus olhos, que imploram para revirar meio á todo deboche escondido — se me der licença, vou para meu quarto.

— não vai jantar conosco, filha? — meu pai pergunta.

— Não. Tenho coisas para terminar antes da festa amanhã, esqueceu? — ele franze o nariz, pensativo. Claro que esqueceu.

— Ok.

— Ah, a festa fantasia? — Kátia questiona — Nick vai também!

— sério? — não consigo disfarçar o desprezo — achei que ele iria só na segunda-feira.

— Ia mesmo. Mas a diretora disse que é melhor para socializar, afinal, terão tempo na festa e quem não gosta de festa? — tenta brincar, mas não retribuo. Ela pigarreia, levando o copo com suco de laranja aos lábios — inclusive, se você puder o ajudar a conhecer a escola e auxiliar no que ele precisar até conseguir se adaptar, agradeço.

— Claro — forço um sorriso, desesperada para sair dali — se me dêem licença, vou para meu quarto! — repito, indo.

— boa noite! — meu pai deseja.

— boa noite, querida — Kátia diz e eu subo, para meu quarto.

Chego em meu quarto, tranco a porta e me jogo na cama; meu grito é abafado pela almofada e eu me debato na cama. Odeio meu pai, por colocar pessoas na minha vida sem eu querer.

— caramba, essa ideia foi realmente ruim — ouço uma voz estranha no corredor, me chamando a atenção. Meu rosto se contorce em uma careta, confusa. Duas em uma: ou ele trouxe alguém, ou é esquizofrênico que fala sozinho.

— Nem me fala, ninguém mandou inventar, seu burro — ouço uma voz familiar, distante e baixa. Uni as sobrancelhas, sem conseguir decifrar de quem era e logo em seguida, o barulho de porta soa, se fechando.

Esse infeliz chegou!

•••

O toque irritante do meu telefone, me desperta assustada. Desligo o mesmo, que marca 2:55 da madrugada. Me lembro que tenho que tomar meu remédio, para dor de estômago, que o médico passou de 8 em 8 horas.

— toma vergonha na cara Hayley, você tem que levantar! — murmuro, para poder me incentivar, mas é ineficaz, vou na base do ódio mesmo.

Amarro meus cabelos em um coque alto e desço de pijama, ou melhor, de cropped branco e short de dormir preto aleatório. Afinal, ninguém vai estar acordado essas horas.

Desço as escadas rumo a cozinha e escuto uma risada. Reviro os olhos no mesmo instante, me sentindo uma tonta.

Óbvio que tem gente acordada.

Entro no cômodo, me deparando com dois homens sem camisa. Um louro de olhos azuis, que está sentado no balcão, virado para porta e o outro de costas para mim.

Assim que o louro me vê, paralisa, escondendo seu susto, mas não funciona, já que sua cara aparenta ter visto um fantasma. O mesmo para de rir e me fita. Já o outro ainda não se tocou de minha presença e continua de costas, me dando visão apenas de seu corpo malhado e bem estruturado, acompanhado de uma calça moletom cinza, caindo sobre seu quadril e seus cabelos pretos, levemente desgrenhados. O louro que estava também apenas de calça moletom, porém preto, ainda me fita curioso enquanto vou até a geladeira pegar água.

— bom dia! — cumprimenta.

— bom dia! — respondo, tomando meu remédio.

Me viro novamente para os mesmos e me deparo com olhos azuis bem familiares, que transmitem a mesma sensação de surpresa que os meus. — que merda —olho o cara da ponte.

*********

Autora onn

" Se coincidência não existe, é o destino "

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