19- vida que segue.

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Hayley Still.

Já fazem cinco dias desde que Nick se foi, ainda não acredito que ele teve a coragem de me deixar aqui e ir embora. Olho para as marcas em meu corpo e sinto o seu toque. É normal sentir falta de alguém que tanto odeio?

Não o vi na escola e nem em casa nos últimos cinco dias, sei que ele foi para me proteger e que eu queria isso desde o começo, mas por que dói tanto?

Essa pergunta tem rondando bastante minha cabeça ultimamente.

Josh lambe meu rosto, tirando-me de meus pensamentos. Olho para seus olhinhos brilhantes e tristes. Não sei o porquê, mas Josh em apenas dois dias se apegou bastante a Nick e desde que ele foi embora, todas as vezes que o procuro, encontro-o dentro do quarto dele, em sua cama.

Toc...toc...escuto barulho na porta.

— Entre — autorizo, logo em seguida a porta se abre, me dando visão de Kátia.

— Bom dia, querida. — cumprimenta na porta, com uma bandeja na mão. Faço sinal para ela se aproximar e ela faz,  sentando-se em minha cama — sei que você não está com muita fome ultimamente, mas queria que comesse ao menos um pouquinho — diz e eu olho a bandeja farta em suas mãos.

— Obrigado, Katia — a mesma sorri.

Ela me olha fixamente e sinto que a mesma quer me falar alguma coisa — pode falar — aviso. Ela ajeita sua postura e respira fundo.

— Sei que é difícil ver seu pai namorar outra pessoa, ainda mais quando a pessoa mora em sua casa — inicia de forma calma, mordo minha bochecha, escutando — mas queria que nós pudéssemos ser amigas. Jamais iria querer tomar o lugar de sua mãe, ou te pressionar, apenas quero poder conversar com você e não sermos apenas estranhas uma para outra.

Respiro fundo, pensando em sua fala e inclino a cabeça para o lado. Ela me olha, como se ansiase por uma resposta.

— Tudo bem! — falo e a mesma sorri — mas sem a maçã envenenada...— brinco e a mesma ri.

— Que pena, vou ter que inovar — retribui a brincadeira — obrigado, Hayley. Prometo não te decepcionar, ou pelo menos tentarei — se aproxima de mim e me abraça. Fico relutante por um momento, mas cedi logo em seguida,  abraçando-a também.

Não tenho nada de fato contra Kátia, ela sempre demonstrou ser uma pessoa boa, independente de tudo. Aquele abraço me fez sentir tão segura, que não sei  explicar. É como se minha angústia sumisse por um instante e me deixasse mais leve. Deve ser muita carência.

Ela se afasta de mim e eu limpo a lágrima que havia caído de meus olhos.

— Se precisar de mim, estarei lá embaixo. Tá bom? — avisa com o olhar gentil e eu assinto com a cabeça, vendo-a ir até à porta.

— Kátia? — chamo e a mesma se vira para mim, novamente — sabe para onde Nick foi? — pergunto e a mesma suspira.

— Para Londres. Ele disse que se mudaria para lá, porque seria melhor para os estudos dele — seu tom é triste — bom, se é o que ele quer, não tive como impedir.

— Entendo. Tem previsão de volta?

— Infelizmente não, querida, mas se souber alguma coisa, te falo — diz em tom afirmativo e eu abraço minhas pernas, assentindo — fiquei feliz de vocês se aproximarem, pena que não pudemos aproveitar todos juntos — tristeza.

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