27- teremos visita

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Nikolas Black

— Você vai continuar me desobedecendo?

— Na... não, eu imploro, não me mate — implora em puro pavor e eu sorri de canto, tentado a fazer.

— Poxa padre, você não quer conhecer seu Deus? — faço biquinho — eu vou te partir em um pedaço para cada menina que você estrupou, seu desgraçado de merda e pode ter certeza que para o céu você não vai.

— Não...eu te imploro, eu não fiz nada que elas não queriam.

Ri com desdém, incrédulo no que ouvi.

— Sei disso, e eu não vou fazer nada que você não queira, também — falo com falsa inocência, sugando sua alma — te vejo no inferno, padre. Que Deus tenha piedade de você, porque eu não tenho.

•••

Olá, o que deseja? — a moça sorridente diz.

— Vou querer um pote de sorvete, 2L por favor. Sabores: leite ninho, chocolate e morango — digo e ela assente, indo pegar o pote.

Vejo-a pegar um pote e encher de sorvete, assim como pedi. Pego meu celular que vibra em meu bolso e vejo a notificação do rastreador de Hayley. Para onde aquela pestinha vai?

— Senhor? — a mulher chama. Levanto meu olhar vendo-a segurando o pote em suas mãos, em uma sacola.

— Débito! — digo, pegando o pote e a mesma assente.

Ela pega a maquininha e eu aproximo o cartão, assim que passa guardo em meu bolso.

— Obrigado — digo para ela que me olha fixamente, sinto como se a mesma queira me perguntar algo, mas apenas ignoro e me viro.

— Sr? — chama-me, antes que eu possa me afastar e eu paro — você é solteiro? — pergunta tímida. Reviro os olhos.

Me viro para mulher de cabelos pretos à minha frente, ela é bonita não nego, mas a Hayley é mais.

— Sou casado! — digo e seu olho transmite decepção.

Me viro e saio sem olhar pra trás. Ainda não sou, mas não será mentira uma hora. Minha mulher vale muito mais para mim do que uma aventura na rua, mesmo que ela esteja complicando bastante e meu celibato de séculos esteja me matando, mas foda-se.

Entro no carro e vejo meu celular, vendo onde Hayley está, o GPS está parado a duas ruas acima da casa, em um...estúdio de tatuagem?

Essa eu quero ver.

•••

— Hayley Still, está...na sala 6 — o homem barbudo e cheio de tatuagens diz olhando para uma tela — você é?

— Namorado dela, é que ela me pediu para acompanhá-la e depois irmos para casa, sabe como é né, mulheres — digo de forma sínica e ele assente. Sabia que ela não havia vindo de carro, já que não o vi na porta. Até podia fazer todo o negócio de hipinose e paralisia da alma, mas uma mentira convém de forma mais simples.

— Ok, pode entrar — fala e eu sorri entrando e indo em direção a tal sala 6.

Confesso que se for homem tatuando, eu vou destruir essa merda toda. Avisei que nenhum homem a tocaria e não custa entender essa porra. Se for uma tatuagem na bunda...quero nem pensar, já me estressei.

Me aproximo da sala e ouço a risada de Hayley, à porta está aberta, então a vejo e paro, me escorando no batente, vendo Hayley sentada de cropped preto e a mulher tatuando sua clavícula. Menos mau.

— Aquela tatuagem foi um surto — diz e eu franzo o nariz. Hayley não tem nenhuma tatuagem, eu teria reparado, ou não, já que não a vi recentemente sem roupa, ainda.

— E ele sabe? — a mulher questiona em humor e a mesma nega com a cabeça, com um certo desespero.

Ele quem, porra?

H

ayley olha em minha direção e toma um susto. Consigo ouvir o estrondo de seu coração, saltando uma batida.

— Aí merda, que susto — ofega e a tatuadora ergue o olhar, procurando o que lhe assustou — o que faz aqui, Nick? — pergunta, como se visse um fantasma.

— Vim lhe buscar, princesa — a mesma franze o nariz.

— Namorado? — a mulher me pergunta.

— Não! — Hayley responde por mim.

— Ainda não — destaco o " ainda ", olhando para Hayley que ergue a sobrancelha, mas não fala nada, apenas me olha fixamente com raiva.

— Entra e senta, nick — a mulher fala e Hayley a olha com raiva e eu dou um sorriso vitorioso. Simpatica essa moça, gostei.

— Então você tem tatuagens, Hayley? — pergunto e a mesma assente — quantas com essa e o que são? — pergunto curioso e a mesma cerra os olhos.

— Cinco — diz e eu cerro o maxilar ao olhar para seu corpo e ver apenas uma e a que está sendo feita — só direi duas e a que eu estou fazendo — fala e eu franzo o nariz, mas sem questionar, já que no final eu vou explorar uma por uma de qualquer maneira — no pé tenho uma Lua, na costela tenho o nome do Josh e estou tatuando uma frase " Always and forever".

A mesma pega um copo de água e leva aos lábios.

— E a que você fez para mim o que é? — digo e a mesma engasga com a água, tossindo freneticamente, me dando a confirmação.

Então realmente tem uma.

A mulher ri disfarçadamente e eu a olho desconfiado.

— Não tem nenhuma sua — mente e eu aperto os olhos. Ela não sabe que demônios são especialistas em mentiras?

Sinto meu celular tocar e o pego, ainda olhando para mesma, que respira aliviada.

— A conversa ainda não acabou, princesa — falo e a mesma vira o rosto.

Ligação onn.

Saio da sala e vou em direção a saída — fala! — digo, sentido o vendo gelado bater em meu rosto.

— Nick, preciso te falar uma coisa — Ali diz, com o tom de voz preocupado.

— O que aconteceu?

Avisto Hayley se despedindo da tatuadora e vindo em minha direção. Ela já saiu?

— Tô na frente da sua casa, abre aqui!

Lembro-me que ela não consegue atravessar, minha magia cerca a casa, nenhum ser consegue usar magia lá dentro sem ser eu permitir.

— Não estou em casa, mas chego em dois minutos.

— Tá!

Ligação off.

— Vamos! — chamo e a mesma me olha fixamente, assentindo.

Entramos no carro e dou partida.

— O que houve?

— Também quero saber — confesso, olhando-a por um instante, vendo a confusão cruzar seus olhos. Ela olha para a janela, passando a mão por cima do papel plástico da tatuagem delicada.

— Teremos visita — aviso ao virar a rua e avistar Alicia.

— Quem? Ou o quê? — pergunta — o que é isso? — pergunta, apontando para a sacola.

— Sorvete, para você, mas deve estar derretendo — ela sorri. Estaciono.

— Nada que um freezer não resolva...— eu mesmo congelo o pote e ela olha surpresa — ou...você pode usar os poderes né — dá de ombros — achei que demônios só tinham fogo — brinca, mas franze o nariz ao ver Alicia.

Saio do carro e Alicia que está de calça jeans e coturno de salto preto nos fita, aparentemente preocupada. Ela fica bem melhor como humana.

— Nick — vem em minha direção e me abraça — precisamos entrar — fala e eu fico intrigado com seu bem aparente desespero.

O que está acontecendo?

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