Alma Em Vermelho

56- Nick

Hayley Still

Ouço um pequeno barulho no quarto,  sento-me na cama, olhando para o escuro, sem visão nenhuma do que há no quarto, apenas fito o escuro atentamente. Sinto sua presença, assim como na noite passada e na anterior, mas ele não diz nada.

— Nikolas? — tomo coragem e o chamo, mas o silêncio prospera — sei que é você, amor! — vejo um vulto passar para o outro lado, mas não consigo enxergar, devido a escuridão — me deixa ver você! — vejo um vulto passar para trás, então sinto sua respiração, em meu pescoço.

— E lhe dar mais medo? Eu posso ouvir seu coração, Hayley — fala seco e eu suspiro, tentando acalmar as batidas — ainda não tenho controle da minha aparência, Hayley, nem de mim.

— Não me importo, sabe que não tenho medo — ele ri macabramente.

— Será mesmo, Hayley? — diz, ligando parcialmente a luz, me dando uma breve visão sua no escuro — me diz que não me vê como um monstro assim.

O olho atentamente, o vendo se aproximar de mim, saindo das sombras e fito seus olhos azuis escuros.

— Me fala Hayley, o que sente me vendo assim? — diz segurando minha cintura.

— Não encosta...— murmuro, seus olhos ficam tristes na mesma hora e ele me solta, dando um passo para trás.

— Tá vendo — abre as grandes asas para ir embora, mas seguro sua mão.

— Está doendo — lembro e ele me olha fixamente, sem entender e dou risada o abraçando — seu toque está bem forte, gato, vai terminar de quebrar minha cintura — brinco, beijando seu pescoço — não te vejo daquela forma meu amor, eu te amo — confesso, um leve sorriso se torna presente em seu rosto.

— Então, não acha que eu morri? — eu nego, envergonhada por achar que ele viraria um cara tipo filme de terror — que pena, eu realmente tô morto.

— É...mas não tá tão ruim, mas é estranho você me ver dormindo, parece um pisicopata/ assombração — confesso, soltando-o e me deitando, novamente.

— Tecnicamente, eu sou os dois, princesa — fala sentando-se na cama.

— Para, não acabe com a fantasia de ter um gostoso no meu quarto — ele ri. Nossos olhares se encontram sobre a meia luz e eu suspiro — amor? — chamo, olhando atentamente em seus olhos.

— Hum? — acaricia meus cabelos.

— Isso é um sonho? — ele me olha fixamente, eu apenas fecho os olhos — que saber, não me importo de ser, só me abraça bem forte — peço, assim ele faz, deitando-se ao meu lado.

•••

Abro os olhos, sentindo a luz invadir o quarto e eu passo a mão no lugar vazio ao meu lado da cama. Me levanto e vou até o banheiro, escovar os dentes. Solto meu cabelo e Bufo, ao ver minha aparência no espelho — estou parecendo que um caminhão passou em cima e ainda deu ré.

saio do banheiro e desço as escadas, sentindo um cheiro maravilhoso vindo da cozinha e entro na mesma. Meus olhos brilham ao ver Nick em sua forma completamente humana, de costas para mim, cozinhando algo completamente distraído. Me aproximo devagar em completo silêncio, subo no balcão atrás dele, sentando-me e admirando a bela visão dele fazendo omeletes com bacon. Isso me dá déjà vu, vê-lo cozinhando sem camisa, apenas de calça moletom cinza.

— Bom-dia! — fala, dando a confirmação que notou minha presença. Ele se vira para mim, me fitando, sereno.

— Ótimo dia! — digo, seus olhos azuis como o mar, me dão um lindo sorriso, então ele vira-se, novamente.