Capítulo 13 Tum tum... ❤️

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Pov Heng

Pelas notícias que Sam lhe passou no último telefonema, eu sabia que não tardaria a partida do menino Bernardo. O doutor Bishnu era um excelente médico e foi um dos poucos que num olhar me mostrou que ele entendia o que eu tinha feito. Só o que eu podia fazer era pedir aos céus que o menino não sofresse mais.

Não via meu pai nem minha mãe desde o episódio porque se insistissem em perguntar os motivos que me fizeram fazer o que fiz, a única resposta que eu teria é que "era o certo a se fazer" e eles não entenderiam, aliás, poucas pessoas entenderam. Somente Sam e Yuki é que me telefonaram e Sam vinha me visitar vez ou outra. Eu ainda tinha que carregar a culpa de fazer meu pai e o hospital passar por um processo sério que me faria perder o direito de ser médico, isso me desesperava pois eu não sabia ser outra coisa.

Mas agora menos nervoso e com as ideias mais claras, sabia que chegaria o momento de arcar com as consequências. O interfone toca.

- Sim?

- Heng, é Sam e Yuki. Abre pra gente.

Liberei o trinco do portão e senti um leve estremecimento no corpo. O que elas estariam fazendo ali àquela hora da noite? No fundo eu já sabia. Elas entraram em silêncio e Sam depois de sentar conta o que houve. Meu coração apertou de tristeza, mas minhas preces foram ouvidas, não haveria mais sofrimento para o menino.

- Heng, tem outra coisa. O casal, na verdade, a esposa retirou todas as acusações contra o hospital e contra você amigo - diz Yuki.

- Como assim? Não haverá mais processo?

- Não. Você pode voltar quando quiser. A senhora Sonchanok, a auxiliar de limpeza, ouviu parte da discussão e é claro, veio correndo contar para todo mundo. Parece que a esposa se revoltou, falou muito palavrão e disse ao chefe, Niita e a advogada dela que estava lá também que não iria mais processar ninguém. O marido protestou, tentou contornar a situação mas não teve jeito - diz Sam.

Eu estava triste pelo menino, claro, mas seu destino sem a transfusão era certa, foi só uma questão de tempo. Mas agora eu estou de volta! Eu ainda serei um médico!

Mon

Chegou em casa cansada, mas com um sentimento de dever cumprido. Assim que entrou viu sua mãe e Nop conversando na sala.

- Ô, finalmente - diz Nop.

- Filha, o que aconteceu? Você foi ao hospital?

- Oi Nop. Sim mãe e era exatamente o que nós pensávamos. Ela veio nos avisar. O menino faleceu assim que cheguei lá - diz Mon.

- É, dificilmente esses sinais erram - diz a senhora Dang.

- Alguém me explica o que houve? Que sinais e quem morreu? - pergunta Nop.

Mon resume o acontecido e Nop se espanta com o detalhe da borboleta.

- É meu filho, os espíritos tem sempre um jeito de se comunicar, mas a maioria das pessoas ainda não entende. Bem, agora ele não sofre mais e esse bendito processo não acontecerá - diz a senhora Dang.

- Sim. Mas eu pensei bastante mãe. Não mudei de ideia e entregarei minha carta de demissão amanhã pela manhã.

- Amiga, você vai sair do escritório? Tem certeza? - diz Nop.

- Mais do que nunca amigo. Abrirei o meu próprio escritório e exercerei o direito como deve ser, com justiça.

Após a janta, Nop se despediu e Mon foi para seu quarto. Foi um dia e tanto! Um dia de mudanças em vários sentidos. A senhora Laura se apossou do controle de sua vida, o doutor Heng e o hospital estavam livres do processo, ela decidiu dar um novo rumo para sua própria vida e pela primeira vez não teve vontade de esganar a doutora Sam. Sim, foi um dia de mudanças. Antes de deitar foi até ao terraço ver sua amiga. A teimosa Kadapul.

O vôo das borboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora