Capítulo 7 - Cuide de você, se abrace

391 55 5
                                    

POV Mon

No escritório, eu estudo o caso de Arthur Miranda versus Hospital Phyathai 2. Não era um caso difícil já que existia a Lei a favor de decisões sobre a recusa de transfusões de sangue para pessoas onde a religião não permitia. Mas eu conhecia Tee muito bem e sabia o motivo dela ter me designado para esse processo. Tee era excelente advogada, família rica, mas mesmo assim extremamente ambiciosa e um tanto cruel.

Não bastaria somente ganhar o caso e sim acabar moralmente e financeiramente com o hospital e todos os médicos envolvidos. Para isso, Tee precisava de alguém frio o suficiente para fazer o que fosse preciso, essa pessoa era eu.

Para montar o caso, era imprescindível descobrir tudo sobre o hospital e principalmente sobre o diretor e os médicos envolvidos. Todos os detalhes profissionais e principalmente os pessoais. Eu estava acostumada a casos muito mais complexos e nenhum deles me preocupava, porém este me intrigava, afinal era a vida de uma criança sendo disputada pela medicina e pela fé. Mas minha função não era julgar e sim defender os interesses do meu cliente.

Terminei minhas anotações, fechei meu notebook, tranquei as gavetas da minha mesa e me despedindo de todos, me encaminhei para a garagem. Não via a hora de chegar em casa. De repente ouço:

- Mon, ei!

- Ai que susto Nop! Parece um pavão fazendo dança de acasalamento com esses braços pra cima se mexendo.

- Pavão? Gostei disso - Nop ri e entra no carro com Mon.

Nop e eu éramos muito amigos, mas ninguém no escritório sabia da profundidade dessa amizade. Achamos melhor manter dessa forma, pois Tee não gostava que os funcionários fossem muito próximos, principalmente Nop que era seu secretário particular.

- Caso estranho esse hein? O do senhor Arthur Miranda.

- É. Este é o primeiro que pego envolvendo religião, mas ele tem a Lei ao lado dele. O hospital não poderia ter feito isso.

- Sim, eu sei Mon, mas na minha cabeça isso é estranho. Principalmente depois que aprendi algumas coisas sobre a religião de vocês. O espiritismo abriu minha mente para muita coisa.

- Tudo é estranho nesse mundo Nop. Me diga uma coisa normal que você conheça?

- Ah, a minha vontade de comer na sua casa. Sua mãe é a melhor cozinheira do mundo!

- Você é descarado demais gente! Já entendi, vamos então pra minha casa. A senhora Dang vai ficar feliz em saber que tem mais um fã - diz Mon sorrindo.

- E o namoro Nop? As brigas melhoraram?

- Ah, nem me fale. Só piora. Ele acha que sou propriedade dele, tem ciúme de tudo. Outro dia no mercado um senhor com idade para ser meu pai deixou as compras caírem e eu ajudei a colocar na cesta, pronto. Shiva arrumou escândalo, falando que eu não podia ver ninguém sem flertar, meu Deus! Essa semana eu dou um fim nisso porque já deu.

- Por isso que prefiro ficar sozinha. A última mulher que saí era quase isso. Para ela todo mundo flertava comigo e eu correspondia. Não tenho paciência, tanto que não durou nem um mês. Vou casar com você Nop, acho uma boa solução, que tal?

- Sai pra lá, eu hein. Mesmo se eu fosse hetero, você pode ser linda mas é muito chata - diz Nop com uma gargalhada.

A semana passou e eu ganhei mais dois casos com a abordagem que se tornou minha marca registrada: Praticidade e frieza, sem dar chance para qualquer defesa ou argumentação. Eram casos de homicídio e crimes do colarinho branco de um figurão da cidade, mas eu sempre conseguia, não importava o grau de dificuldade. Eu, nasci para estar no tribunal, para fazer justiça e essa era uma das certezas que tinha na vida.

O vôo das borboletasOnde histórias criam vida. Descubra agora